Tenho lido por aí que
Leny Andrade é a maior e melhor cantora de jazz do Brasil. Nunca a ouvi por
este viés. Na verdade, sempre a considerei a melhor cantora do Brasil. Ao
menos, é a cantora que eu mais gosto de ouvir. Sempre. Hoje, acho que esta
minha preferência é dividida com Mônica Salmaso. E nem acho possível classificá-la
como uma cantora de jazz. Leny canta samba e canta boleros divinamente. Na
verdade, Leny canta bem o que quer que seja. Nenhuma cantora que eu conheço tem
o domínio de ritmo e divisão que ela tem. E canta qualquer gênero musical. Sua
única imposição é só cantar música boa, como gosta de repetir.
Acaba de lançar o CD Iluminados,
só com músicas de Ivan Lins e Vitor Martins, acompanhada de músicos do primeiro
time. Um amigo gostava de dizer, ainda na época do vinil, que eu tinha mais
discos de Leny Andrade do que ela própria. Não sei se eram mais, mas com
certeza não eram menos, já que tinha todos.
Ela surgiu no início da
década de 1960, cantando num trio de Sérgio Mendes em boates do emblemático
Beco das Garrafas, época da efervescência da Bossa Nova. Era um tempo em que o
Brasil parecia que iria decolar e que o golpe militar conseguiu abater.
A primeira vez que a vi
ao vivo foi no início dos anos 1990, na cidade de Tübingen, na Alemanha. Seu
show antecedia uma apresentação de Gal Costa. A maioria absoluta do público
estava ali, maciçamente, para ver a cantora baiana, muito mais famosa. Mas o
que me demoveu a viajar os 45 Km que separavam esta cidade de Stuttgart, onde
eu trabalhava na época, foi a presença de Leny no show.
A segunda vez que a vi
ao vivo foi 25 anos depois, no mês passado, aqui em Campinas, no Almanaque
Café. Voz já cansada, aos 72 anos, mantém o mesmo pique.
É sempre um prazer
ouvir uma grande cantora. Minha preferida. Sempre.
(Ivan Lins e Vitor Martins) – Leny Andrade