Por tudo isso, acabo pensando que não merecemos esse dom. O dom de tanto criar. Mas, pensando melhor, o preço que pagamos por ter tal criatividade, é ter esse ranço de egoísmo que nos norteia. Uma coisa acaba anulando a outra. E com as mesmas mãos que conseguimos construir, é que iremos destruir e ser destruídos pelos nossos semelhantes.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Dom de criar (e destruir)
Por tudo isso, acabo pensando que não merecemos esse dom. O dom de tanto criar. Mas, pensando melhor, o preço que pagamos por ter tal criatividade, é ter esse ranço de egoísmo que nos norteia. Uma coisa acaba anulando a outra. E com as mesmas mãos que conseguimos construir, é que iremos destruir e ser destruídos pelos nossos semelhantes.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Convivência pacífica
Doce Ilusão
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Segunda viagem do ano
Oscar 2008
Já que não vi nenhum filme, vou torcer por atores e atrizes de quem gosto, mesmo sem ter visto suas atuações. Vai aí minha lista:
Ator: Tommy Lee Jones (No Vale das Sombras)
Atriz: Laura Linney (The Savages)
Ator coadjuvante: Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez)
Atriz coadjuvante: Cate Blanchett (Não Estou Lá)
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Vício
Tenho que confessar. Estou viciado.
Não. Não é em cigarro. Não seria depois de velho que eu iria começar a usar alguma coisa que eu nunca tive a curiosidade de experimentar. Também não é em álcool. Apesar de gostar, percebo que estou bebendo cada vez menos. E não é por precaução e nem convicção. É por falta de vontade, mesmo. Deve ser a idade. Também não estou viciado em nenhuma droga, nem das leves, nem das pesadas. Nada, do que já experimentei nesta área, fez a minha cabeça. Estou viciado em House.
House é um seriado americano, daqueles de médicos e hospitais, que passam nas TVs a cabo. Como a minha TV a cabo não tem o canal que passa House, estou me abastecendo na locadora e com isso, me entorpecendo, beirando à overdose.
House não é daqueles seriados cheios de sangue e de tragédias médicas. Quem quiser algo assim deve assistir ER. Também não tem um excesso de tramas românticas entre médicos, residentes e enfermeiras. Isso tudo dá pra encontrar em Grey's Anatomy. House é, praticamente, um seriado de detetives, onde os criminosos são fungos, bactérias e vírus e os policiais são os médicos. Se fosse só isso, já seria interessante, por diferente. Mas o que me seduz neste seriado é o caráter de seu personagem principal.
Greg House é um médico brilhante, talvez o melhor do mundo, principalmente se formos nos basear em sua própria opinião. O que ele tem de brilhante, tem de arrogante e presunçoso. Erra bastante, mas, como acaba sempre acertando no final, isso acaba alimentando mais e mais seu ego. Ele tem, além disso, um total desprezo pela espécie humana, o que poderia ser contraditório em um médico (e é), mas é nesse ponto, mesmo, que reside seu charme e seu poder de sedução.
Apesar de todas estas características, eu simpatizo muito com ele. Com seu senso de humor recheado de sarcasmo e ironia, seu semblante sempre entediado e sua má vontade com as coisas tacanhas da vida. Ao longo de uma maratona assistindo House, noite e dia, nos finais de semana, essa admiração sofre abalos, mas ele acaba sempre me reconquistando e realimentando o meu vício. E aí eu fico pensativo e tento imaginar por que motivo esse personagem me seduz tanto.
A resposta é fácil. É que eu me enxergo neste personagem. Sim, pois, em menor escala, é claro, eu identifico nele a minha arrogância, minha presunção e até a minha falta de fé na raça humana. O que nele é patológico, em mim é característica consciente. Como ele, eu, muitas vezes, passo da conta e abuso da ironia. E ironia é a pior das figuras de linguagem. Afinal, se o interlocutor entende a ironia, ela ofende. Se ele não entende, ela não serviu pra nada.
Não sou como House. Não sou solitário e nem triste. Tenho uma família a quem amo e muito bons amigos. Mas esta identificação com seu caráter me assusta um pouco. E, vendo no seriado, o quanto ele sofre, me amedronto.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Escolha e qualidade
O samba nunca acaba, porque o samba mina do povo. Acontece que a grande mídia, assim como não conhece os rincões da nossa terra, também vira as costas para as periferias das grandes cidades. E é nestas periferias que o samba brota. É nessas periferias que ele se alimenta, cresce, vira coisa grande. Todos os dias, um samba novo, um novo sambista.
De tempos em tempos, entretanto, alguém se lembra do samba e, principalmente, se lembra de ganhar algum dinheiro com essa “nova onda”. E explora o renascimento, o ressurgimento do samba, mesmo que ele nunca tenha morrido e nem mesmo sumido do mapa. Não importa. O que interessa é tentar ganhar algum dinheirinho com este embuste. E aí, surgem novos artistas, novos grupos de pagode, todos querendo tirar uma lasquinha da nova onda.
Por isso mesmo é preciso tomar cuidado pra não comprar gato por lebre. E um jeito fácil de identificar o bicho é, justamente, ver por onde ele anda. Se o novo “sambista” estiver indo muito ao programa do Faustão, aparecendo no Fantástico, ou coisa que o valha, desconfie. É um felino. Para se identificar uma verdadeira lebre é preciso ver na companhia de quem ela tem andado. Isso não falha nunca.
E é assim que se pode identificar o CD de Moyseis Marques. Ele poderia ter gravado músicas de qualquer um, mas preferiu cantar sambas de Paulinho da Viola, Ivone Lara, Paulo Cesar Pinheiro ou Luiz Carlos da Vila. Ele poderia cantar acompanhado de qualquer um, mas preferiu a companhia de Elton Medeiros, Zé da Velha, Silvério Pontes ou Paulão Sete Cordas.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Nada
Abomino a tirania do prazer. A uniformidade do lazer.
É feriado? Tem que ir pra praia. Saiu de férias? Vai viajar pra onde?
As pessoas viraram escravas do prazer. Estão escolhendo a nossa diversão, decidindo o nosso gozo. Não gosto de ser teleguiado.
E é por isso que no meu carnaval, vou aproveitar pra ler meu livro, ouvir minha música, fazer umas comidinhas especiais. Vou fazer a minha folia. A folia que EU escolhi.