Semana passada estreou, aqui em Campinas, o novo
filme de Pedro Almodóvar, Os Amantes Passageiros. Fiquei sabendo disso, ao ler
a primeira página do caderno de cultura do Correio Popular, cujo texto, de João
Nunes, espinafrava o filme. Logo em seguida, minha filha postou, em sua página
do facebook, um comentário falando bem dele. Como eu confio mais na Cecília do
que em qualquer crítico, fui ao cinema sem preocupação. Não me
arrependi. Gostei, embora não seja uma obra-prima e não chega nem perto dos
meus preferidos; Ata-me ou Mulheres à beira de um ataque de nervos. Não tenho,
aliás, a ilusão de que ele volte a fazer algo que me arrebate como estes dois.
O mesmo se passa com Woody Allen. Provavelmente, nunca produzirá outro filme
como Manhattan.
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O autor do texto do Correio Popular se mostra
incomodado com a forma com que a questão da sexualidade (da homossexualidade,
na verdade) é abordada. Talvez tenha considerado muito debochada a maneira do
tema ser conduzido. Esquece-se que Pedro Almodóvar é puro deboche e exagero.
Sempre foi. O único ponto de concordância com o texto de João Nunes é a
respeito da cena da dancinha. Absolutamente desnecessária.
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O texto sugere, ainda, um palpite de que o
diretor espanhol tenha perdido a mão. Cheguei, também, a pensar nisso, depois
de ver Má educação e Fale com ela, mas, logo depois, percebi que era bobagem, já
que seus filmes, Volver, Abraços partidos e A pele que habito, voltaram a me
agradar. Acredito que Os amantes passageiros esteja no mesmo padrão destes
últimos.
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Com um elenco composto de habitués das produções
do diretor, conta ainda com participações relâmpago de atores consagrados como
Penélope Cruz, Antonio Banderas e Paz Vega, irreconhecível, muito magra e quase
feia (nunca imaginei que um dia iria escrever isso).
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É uma boa diversão. Não arrebata, mas nem sempre isso
é necessário.