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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bossa

Talento não é, necessariamente, hereditário. Temos vários exemplos de filhos de cantores e compositores que tentam uma carreira artística na esteira do sucesso dos pais. Alguns têm êxito, outros não. É um processo absolutamente aleatório.

Há os casos daqueles cuja ascendência até dá um empurrãozinho, mas há aqueles em que o sucesso dos pais acaba ofuscando a decolagem da carreira e seus vôos nunca adquirem altitude de cruzeiro. E esse é o caso de Pery Ribeiro.

Filho de dois grandes ícones da música brasileira das décadas de 40 a 60 no século passado, a cantora Dalva de Oliveira e o compositor Herivelto Martins, Pery Ribeiro nunca teve o reconhecimento merecido. Nunca brilhou excessivamente. Nunca foi celebridade. E essa nunca foi sua busca.

Dono de uma voz bonita e sedutora, Pery gravou muitas músicas em primeira mão que acabaram fazendo mais sucesso nas vozes de outros cantores. Só pra dar um exemplo, foi dele a primeira gravação de Garota de Ipanema, uma das músicas mais conhecidas no mundo.

Embora tenha participado ativamente do movimento da Bossa Nova, Pery nunca foi considerado um de seus símbolos. De carreira discreta, sempre me provocou muita admiração e era muito comum que, ao ouvir uma canção romântica, com uma batida levemente sincopada eu sempre a imaginasse cantada na voz dele.

E foi com muito interesse que, fuçando nas prateleiras da Livraria da Vila, no dia do lançamento do livro do Ricardo Filho, eu encontrei este CD do Pery Ribeiro cantando standards de trilhas sonoras do cinema americano das décadas de 40 e 50.


´S Wonderful: Movie´n Bossa, é recheado de clássicos como Moon River, Our Love Is Here to Stay e Over the Rainbow, todos interpretados com uma levada de Bossa Nova. Eu, em geral, desaprovo esse tipo de “releitura”, mas, nesse caso, tenho que admitir que o resultado ficou muito bom. É o 32º disco na carreira deste cantor tão regular, num mundo em que a regularidade já não é uma virtude.


4 comentários:

Eli Carlos Vieira disse...

O cenário musical brasileiro anda mesmo assustador. Bandas que vendem discos em cima de melodias batidas, letras à toa e gritadas, que pegam como chiclete. Artistas moldados que têm fabricados seus talentos.
Já outros artistas, que defendem seu som, sua personalidade, sua música, infelizmente não vendem discos, não são levados ao conhecimento do grande público, não têm sequer oportunidade de serem ouvidos. Mas mesmo assim há aqueles que são encontrados, descobertos e passados a diante, por quem realmente procura o bom. Nomes que soam como novos na maturidade concisa e voz levemente grave e vibrante de Pery, que eu realmente não conhecia, a não ser em citações na imprensa como “o herdeiro de Dalva”!
Abraço, Arnaldo e que permaneças aqui, em palavras, por bom tempo!

eLi
:-]

Clélia Riquino disse...

Agora, gravar "Hi Lili Hi Lo" (7ª faixa do CD) é o fim da picada, né não?! Eu passo...
bjo,
Clé

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Clé,

Também acho essa música o fim, mas o pior é que eu gostei daquela gravação dele.

Anônimo disse...

E cadê o link para baixar o disco, hein??? Tsc, tsc... :-/