É emblemática a frase do sociólogo Pablo Alabarces,
da Universidad de Buenos Aires: “Os brasileiros amam odiar os argentinos,
enquanto os argentinos odeiam amar os brasileiros”. De fato, se colocarmos a
questão da rivalidade no futebol de lado, é claramente perceptível, em qualquer
viagem a Buenos Aires, seja a passeio, seja a negócios, a admiração que as
pessoas, na Argentina, nutre pelo nosso país. O inverso já não é tão perceptível.
Aliás, é típica a má vontade dos brasileiros, em geral, com o país vizinho,
como, de resto, é típica a má vontade dos nossos patrícios com outros povos,
como os portugueses, por exemplo, como foi dito pelo escritor Valter Hugo Mãe,
no programa Fim de expediente, da CBN, alguns dias atrás.
Mas, voltando aos “hermanos”, até mesmo na questão
da carne, item no qual a deles é absolutamente superior que a nossa, mesmo
nesse tema, é comum ouvir os argentinos se derreterem em elogios a um corte que
não é muito comum por lá, ou seja, a picanha (que em minha opinião, nem é assim
tão especial). Mas é, sobretudo na música, que percebemos a maior razão da
admiração deles por nós. Enquanto, por aqui, o máximo que se observa é um parco
conhecimento do tango, qualquer loja de discos de Buenos Aires, tem, pelo
menos, uma uma estante inteira exclusiva para expor CDs dos nossos artistas.
Eles, realmente, conhecem nossa música e este conhecimento não se atém somente
ao óbvio. É possível encontrar muita coisa que, até por aqui, é raro.
Foi este fenômeno que me levou a comprar o livro Estação Brasil – Conversa com músicosBrasileiros, coletânea de entrevistas com alguns de nossos mais importantes
músicos, pela argentina Violeta Weinschelbaum.
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