Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Antônio Maria

Quase não leio mais jornais. Não é que não goste de ler. Isso não me dá azia, muito pelo contrário. É que não confio neles. Já tive a ingenuidade de encontrar jornal imparcial e honesto. Sei que imparcialidade não é possível. Honestidade é. Infelizmente, não a encontro. Então, não leio mais notícias. Mesmo porque, o que me interessava no jornal eram os cadernos de política. Não dá pra ler. Não dá pra confiar. Agora, quando leio, eventualmente, são os cadernos de esporte e os cadernos culturais. O que me seduz, ainda, é a leitura das colunas. E só leio as colunas de quem eu gosto, ou quase gosto. Vá lá, leio também as de quem não gosto. Às vezes.

Leio a coluna do Cony, do Ruy Castro, do Jânio de Freiras, do Contardo, tudo na Folha. Leio as colunas do Veríssimo, do João Ubaldo, do Mathew Shirts, do Mário Prata, em outros jornais. Leio o Juca Kfouri, a Soninha e o Tostão. Leio a coluna do Fernando Calazans. Leio até o Jabor. Até o Nelson Motta. Até o Clóvis Rossi. Até quem não gosto muito, eu leio.

Não é sempre que tenho tempo para ler e quando vou viajar de avião, principalmente em viagens longas, costumo fazer um rapa em várias colunas, novas e antigas, imprimo e levo comigo. Com isso, acabo gostando mais daquelas colunas que são atemporais, que dependem menos do que está acontecendo na atualidade.

Por isso, causou-me grande prazer a leitura das crônicas que Antonio Maria escreveu no jornal Última Hora, de 1959 a 1961. São absolutamente atemporais. Reunidas no livro Benditas sejam as moças, por Joaquim Ferreira dos Santos, as crônicas retratam um Rio de Janeiro que talvez ainda exista, se não na Barra, quem sabe em Copacabana, Tijuca ou Vila Isabel. Os textos desnudam, com elegância e picardia, a sociedade carioca, da zona sul e do subúrbio, com sua ginga, sua malandragem e preconceitos. Retrata, sobretudo, a mulher carioca e acaba, de certa forma, retratando a mulher brasileira.

Fazia tempo que não extraia tanto prazer de uma leitura.

5 comentários:

jayme disse...

O Antônio Maria era um desses caras a quem a providênica deveria ter concedido mais uns anos, sem punir tão severamente seus hábitos e forma física. Era genial. Há poucos (nenhum?) Maria na crônica dos jornais hoje. Mas, ao menos, há alguma fartura.

Eli Carlos Vieira disse...

Esses tipos de textos são mesmo, bons companheiros, para serem lidos a qualquer momento.
No fim de semana, ouvindo um LP de Cazuza, em uma das faixas, lendo no encarte, estava o nome de Antônio Maria, como compositor.
Achei curioso e fui pesquisar se tratava-se do mesmo escritor mencionado por você. Que surpresa!
A canção é "Preconceito", onde escreveu junto com Fernando Lobo. Um tom ‘descompromissadamente’ jovem.
Abraço

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Eli,

Antônio Maria é autor de muitos clássicos da nossa música.

Canção da Volta:

Nunca mais vou fazer
O que o meu coração pedir...


Manhã de Carnaval:

Manhã, tão bonita manhã,
Na vida, uma nova canção...


Ninguém me ama:

Ninguém me ama, ninguém me quer
Ninguém me chama de meu amor...


Valsa de uma cidade:

Vento do mar e o meu rosto no sol a queimar, queimar...

E por aí vai.

Eli Carlos Vieira disse...

Muito obrigado!
Acabei conhecendo mesmo um pouco sobre ele, após Cazuza e o que eu julguei coincidência ou homônimo. Assim, descobri que eu o já tinha ouvido, porém em outra voz – a de Elizete Cardoso!
É por essas e outras que acho válida essas visitas a blogs. Sempre é uma oportunidade de conhecer coisa nova, de trocar experiências e muito mais.

Valeu, por mais essa, valeu!
Abraço

Anônimo disse...

antonio maria é demais!!!!!!!!!!!