Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Roberto Dinamite e Barack Obama

Quando uma coisa está muito ruim, nossa expectativa é que qualquer mudança será para melhor. Temos uma tendência a nos esquecer aquele ditado que diz que nada está tão ruim que não possa piorar. Na verdade, mesmo que não piore, as expectativas geradas, nestas situações, sempre tendem a criar decepção. Foi o que aconteceu com a eleição de Roberto Dinamite para a presidência do Vasco da Gama.

Sempre foi barbada que qualquer solução seria melhor para o clube carioca do que a permanência de Eurico Miranda. Por isso mesmo, toda a massa pensante, que admira o futebol, torceu pela vitória de Roberto. Eu também torci. E Roberto venceu. Venceu e foi empossado. E junto com ele, levou para São Januário toda a sua inexperiência, o que fez com que acumulasse uma série de decisões equivocadas. Tudo absolutamente compreensível. Parece que está encontrando o caminho certo, agora.

Já deixei claro, neste blog, que gosto mais de futebol do que de torcer. Mas, da mesma forma que torci para o Corinthians cair em 2007, no ano passado torci para o Vasco sobreviver na primeira divisão. E fiz isso, não porque tenha alguma simpatia especial pelo clube (sentimento que só nutro pelo São Paulo), mas porque queria evitar o que parecia inevitável, ou seja, que aquela turminha de sempre tivesse um motivo pra lamentar a saída de Eurico.

Aparentemente, isso não aconteceu. Aparentemente, a grande torcida cruzmaltina está apoiando o novo presidente.

Presidente Dinamite, este não é o momento de pisar na bola.
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Desde cedo, assumi, muito claramente, neste blog, minha preferência por Barack Obama como o candidato democrata à sucessão de Bush Jr. Ressaltei até meu medo de que a disputa acirrada com Hilary Clinton enfraquecesse a peleja principal em favor do candidato republicano. Quando Obama venceu as eleições, minha esperança estava acesa. Esperança por sua posição a respeito do bloqueio comercial a Cuba, por suas declarações a respeito do modelo de política externa que pretendia adotar, em relação à América Latina e ao Oriente Médio. Principalmente, tive esperança, por perceber o quanto seu nome estava mobilizando a metade progressista da população americana.

Hoje, a poucos dias da posse, minha esperança se esvaece. Noto em Obama uma extrema timidez no que diz respeito a estabelecer uma conversa mais direta e objetiva com a ilha de Fidel. Na verdade, é Raul Castro que está dando sinais inequívocos de que busca algum entendimento. A escolha das figuras que irão compor seu governo causa decepção em toda a esquerda norte-americana, e, sobretudo, o que mais me incomoda e desanima é seu silêncio a respeito da questão Palestina.

O momento e a posição de Obama não admitem o silêncio. É necessário que ele se manifeste, agora, claramente, sobre este genocídio que está ocorrendo na faixa de Gaza. É necessário que o presidente eleito dos Estados Unidos mande um sinal a Israel de que esta atitude não pode ser tolerada.

Presidente Obama, este não é o momento de ser covarde.

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