Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 8 de março de 2008

Dividindo as chances

Já ouvi dizerem que, depois de todo o mal feito por Bush, até um poste se elegeria presidente dos Estados Unidos, contanto que fosse candidato pelo partido Democrata. Pode até ser. Afinal, além das traquinagens feitas pelo Júnior, é necessário reconhecer a tradição de alternância no poder entre os dois partidos. Some-se a isso o fato de que John McCain, o candidato republicano, tem o carisma de uma parede caiada.

A sociedade americana está, há muito tempo, extremamente dividida. Democratas e republicanos, conservadores e progressistas, Texas e Califórnia. Convive, de maneira surpreendente, o que há de mais retrógrado com o que existe de mais moderno em termos de comportamento e tolerância. É difícil prever até quando essa convivência será pacífica.

Depois de duas eleições absolutamente questionadas, em que Bush venceu com o país dividido, é natural e até mesmo esperado que os democratas levem, desta vez.

Posto isso, quando tudo parecia certo pros democratas, eis que, ironia do destino, surgem os dois candidatos mais carismáticos que este partido já teve nos últimos anos. Esta situação está dividindo as opiniões e acirrando tanto a disputa que pode ser que isso acabe favorecendo o candidato conservador.

Um agravante nesta situação é o fato de disputarem a preferência do eleitorado democrata, uma mulher e um negro. O que poderia parecer um sinal de modernidade e gerar uma expectativa otimista nos mais progressistas, pode ser mais um fator desagregador. Pra piorar, nem Obama e nem Hilary estão alinhados com os movimentos negro e feminista, respectivamente. Obama não é Martin Luther King. Não é Malcolm X e nem Jesse Jackson. Obama pensa e age como branco. Hillary não é Betty Friedan nem é Camille Paglia. Hillary pensa e age como homem.

O maior perigo é que o exagerado preconceito da sociedade americana acabe enfraquecendo a candidatura democrata e que um poste que parece uma parece branca seja eleito presidente dos Estados Unidos. Só uma coisa alivia: nem um poste, nem mesmo uma parede caiada, podem ser piores do que Bush Jr.

5 comentários:

Anônimo disse...

Grande tarde Arnaldo,
A turminha aproveitou o sol e a piscina até onde foi possível hoje. A chuva ainda não caiu, mas tá rondando...
Vamos ao tema do seu Blog. quando vc citou a alternância entre democratas e republicanos, lembrei dos tempos da política do café-com-leite no Brasil. Daí surgiu um vento do Sul e tivemos a revolução de 30, com Getúlio Vargas assumindo depois da morte de João Pessoa, eleito legitimamente naquele ano. Vc sabe que não ligo muito pra política, mas gosto dos seus comentários e também de colocar um pouco de lenha na fogueira pra vc. Aqui vai a lenha: Existe chance de uma "revolução" nos EUA numa situação onde alguém resolva fazer a política do café-com-café? Quem sabe pra vc comentar num outro post...
Abraços e até segunda.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Alex,

Eu nunca tinha feito esta associação, mas acho que não é bem por aí.

Há pouca (ou nenhuma) similaridade entre as duas situações: na época da política do café com leite, não havia uma situação de liberdade nas eleições. Havia o voto de cabresto, o voto não era secreto, nem toda população tinha direito de votar, ao contrário do que existe nos Estados Unidos.

Por outro lado, chamar o movimento de 30 de revolução é um tanto forçado. Getúlio representava a mesma classe oligárquica que Washington Luis (SP) ou Antonio Carlos (MG). O que houve foi a tomada do poder pelas armas, um golpe de estado. Tanto não foi um movimento democrático que, 5 anos depois, Getúlio instituiu o Estado Novo, uma ditadura violenta que durou dez anos.

Anônimo disse...

Arnaldo,
A comparação foi mais pra despertar uma análise. Como vc disse, as situações são muito diferentes, mas será que o Bush e sua turma não mexem os pauzinhos na contagem de votos pro McCain levar essas pros Republicanos? Isso seria uma versão moderna de "revolução", ou golpe de estado sem pegar em armas... afinal lá eles não tem a tecnologia das nossas urnas eletrônicas...

Maria Helena disse...

Arnaldo,
Obama,é uma preocupação. Saido das profundezas, à tona num piscar de olhos, me lembra o Collor,é a história não é das mais interessante.
Hillary seria o melhor para o momento. Obama... ou vice, ou para um outro mandato.

Unknown disse...

Obama é abertamente favorável ao diálogo com Cuba, sem pré-condições. Aventa, inclusive, a possibilidade de vetar o bloqueio criminoso que perdura há quase meio século. Hilary é a favor da manutenção do bloqueio e declarou que só conversará com Raul Castro mediante o cumprimento de algumas exigências. Obama, portanto, é o melhor para Cuba. E sendo o melhor para Cuba, é o melhor para a América Latina. E para o mundo todo, sem dúvida.