Embora Cid Gomes só
tenha falado verdades absolutas quando foi à Câmara dos Deputados, talvez por
isso mesmo, teve que deixar o cargo de ministro da Educação. Desde o início,
achei um erro da presidente ter feito o convite para Cid ocupar esta pasta. Não
digo isso por achar que um político não possa assumir um ministério, qualquer
que seja. Aliás, quem pensa assim deve ter achado errado o fato de José Serra,
que é político e não médico, ter sido ministro da Saúde ou Fernando Henrique,
que também é político e não economista, ter sido ministro da Fazenda.
Dilma, em minha
opinião, depois de ter batizado o seu segundo mandato com o lema “Brasil,
pátria educadora”, deveria ter colocado um educador para comandar a pasta. O
erro, agora, foi corrigido.
Confesso que, entre os
cotados, minha escolha teria sido na direção do professor Mário Sérgio
Cortella. Ele mesmo, entretanto, declarou que teria recusado, caso fosse
convidado, por considerar que o que o Brasil precisa fazer como política para a
Educação é uma coisa que ele não tem condições de capitanear.
O que mais me agrada em
Mário Sérgio Cortella, que é filósofo, é o fato de que comunica o conhecimento
com extrema simplicidade e, com isso, consegue fazer a mensagem chegar a todos,
democratizando, desta forma, a informação. Além disso, tem bom humor. Fanático
por etimologia, utiliza a origem das palavras para explicar as ideias e
desfazer as confusões mais comuns.
Apesar de,
evidentemente, eu reconhecer a importância de se ensinar matemática, gramática
e ciências, o que falta na escola, em minha opinião, é estimular o pensamento.
É mostrar que as ideias devem brotar de nossa própria reflexão, provocadas pela
leitura, pelo conhecimento. É ensinar que as informações não devem ser
consumidas e sim digeridas, questionadas. É isso que prega a filosofia.
Copiando o professor Cortella, faço uso da etimologia pra dizer que a palavra
filosofia vem do grego philos ou philia que quer dizer amor ou amizade; e
sophia, que significa sabedoria; ou
seja, literalmente, significa amor ou amizade pela sabedoria.
Quem assumiu a pasta da
Educação é outro filósofo, o professor Renato Janine Ribeiro. Me parece uma
escolha acertada. Para quem quiser conhecer um pouco do pensamento de ambos,
sugiro a leitura do livro Política: Para não ser idiota,
escrito em 2012, fruto de um instigante diálogo entre os dois. Como não poderia
deixar de ser, o livro começa com a definição da palavra idiota que vem do
grego idiótes e significa aquele que
só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não à política.
A partir daí, inicia-se
uma discussão extremamente proveitosa, que passa por temas que vão do
engajamento político das pessoas e desemboca na ecologia, passando pelos
conceitos de democracia, ética e poder. É um livro pequeno, pouco mais de cem
páginas, que se consome (ou digere) com avidez.
Outra dica é acessar o
site da CBN para ouvir a divertida entrevista do Professor Cortella no programa
Fim de Expediente, na última sexta-feira.
http://cbn.globoradio.globo.com/programas/fim-de-expediente/FIM-DE-EXPEDIENTE.htm