Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 21 de junho de 2008

O que não acontece

Os parcos leitores deste blog sabem que, ali, naquele canto superior direito, há sempre uma dica de um disco ou um livro, que eu renovo periodicamente. Na maior parte das vezes, a dica é de um livro que acabei de ler ou um disco que comprei há pouco tempo e que, depois de ouvir, se me empolgar com ele, indico e, logo depois, faço algum comentário.

Quando me caiu nas mãos o disco Angenor, de Cida Moreira, não precisei ouvi-lo antes para colocá-lo como dica no blog. Afinal, um disco da Cida Moreira cantando músicas do Cartola não poderia ser ruim. E, de fato, mais do que não ser ruim, o disco é estupendo.

Cida Moreira é uma cantora inventiva. Foge das soluções óbvias e, por isso, às vezes, causa alguma estranheza. Por vezes, pode parecer um tanto operesca, mas, quando isso ocorre, tem, certamente, alguma razão de ser. São ótimos seus discos cantando Chico Buarque, ou cantando Brecht e Kurt Weil. Ou então, quando passeia pela trilha sonora do cinema brasileiro.

A idéia de gravar Angenor foi de Omar Campos, que o produziu e toca violão em todas as faixas. O acompanhamento das músicas, aliás, é um ponto alto do disco. Uma coisa simples, sublime, sincera. Assim como a música de Cartola.

Angenor, provavelmente, vai vender pouco. Talvez nem apareça com destaque nas prateleiras das grandes lojas de CDs e, certamente, ficará longe da mídia. Cartola está fora da mídia, o que já seria um pecado normalmente, mas o pecado é ainda maior se lembrarmos que comemoramos, este ano, o centenário de seu nascimento.

Isso deveria ser motivo de festa, motivo de orgulho, feriado nacional. Mas isso não acontece.
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