Posso dizer, sem chance de equívoco, que feijoada é
uma das comidas que eu mais gosto. É um dos pratos mais democráticos que eu
conheço, já que, por ter uma quantidade
imensa de ingredientes, é difícil
encontrar alguém que não goste de nenhum deles.
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Gosto de comer e gosto de fazer em casa. Acontece
que feijoada é uma comida que só tem graça fazer pra bastante gente. No mínimo
15 pessoas. E como não é sempre que quero uma multidão à minha volta, eventualmente,
pra matar a vontade, temos que recorrer aos restaurantes, que a servem, como é
regra e tradição, nos almoços de sábado.
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Em Campinas, eu gostava da feijoada do boteco Seo
Pimenta, em Barão Geraldo, servida ao som do bom samba da Velha Arte. O
problema é que o boteco pegou fogo e com isso, a cumbuca se foi. Quase em
frente ao finado boteco, o Empório do Nono serve uma que não chega a me
empolgar.
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Decidimos, então, eu e a Clélia, procurar outras
opções na cidade.
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Antes de começar o relato do nosso périplo, vão aí
duas informações necessárias:
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Primeramente, nunca encontrei um restaurante que
servisse uma feijoada mais gostosa do que a que eu faço. Isso não quer dizer
que a minha feijoada é a melhor do mundo. As que minha avó e minha mãe faziam
eram melhores que a minha. Deve haver muito boas por aí. Só que eu não consigo
encontrar.
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Em segundo lugar, quando vou a restaurantes,
prefiro as feijoadas servidas com tudo numa só cumbuca. Não gosto muito
daquelas em que cada um dos pertences é servido separadamente. Isso pode até
ser prático para que cada um escolha o que mais gosta, mas, assim, perde-se a
unidade do prato. Fica cada coisa com um sabor e nenhuma delas com sabor de
feijoada.
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Infelizmente, este modo de servir é o que
predomina nos restaurantes e botecos hoje em dia. Sendo assim, nos rendemos a
esta realidade e provamos feijoada em 3 lugares de Campinas (não no mesmo dia,
evidentemente):
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Restaurante Vila Real
Local: Hotel Royal Palm Plaza
Preço: R$ 93,00 por pessoa
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Servida em sistema de buffet, ao som de um trio que
toca chorinho e MPB instrumental. Na
ocasião em que nós fomos, contava com a participação de Chiquinho do Pandeiro,
o que, por si só, já é garantia de boa música.
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Além do buffet com a feijoada (e mais uns pratos
quentes para quem não aprecia a iguaria), há uma mesa de saladas pouco criativa
e um balcão em que se servem acarajés. O problema começa justamente aí. O
acarajé é absurdamente descaracterizado e, em lugar do vatapá, caruru, camarão
seco frito e pimenta, ele é servido com um camarão com creme de leite (ou algo
que o valha). Ainda por cima, os
bolinhos de feijão fradinho estavam murchos. Se quiser comer acarajé em
Campinas, tem que ir ao restaurante da Tonha.
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Falando da feijoada, propriamente, aconteceu
aquilo que eu mais temia. Cada pertence, servido individualmente, parecia ter
sido cozido separado, a quilômetros de distância do feijão que, por isso mesmo,
não tinha gosto de nada (a não ser de feijão). Colocar no prato um punhado de
feijão cozido e alguns pedaços de carne cozidos, não transforma este prato em
uma feijoada.
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Se alguma coisa serve de consolo, em termos de
comida, o buffet de doces brasileiros é acima do razoável.
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Casa Rio – Bar & Restaurante
Local: Sousas
Preço: R$ 29,00 por pessoa
A Feijoada é acompanhada pelo samba do grupo Canta
Brasil, com repertório afiadíssimo. O local apresenta, ainda, a vantagem de
servir feijoada, também, aos domingos, excessão à regra.
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Dispostas num buffet mais simples, as carnes são servidas
por tipo (e não separadamente). Desta forma, a linguiça e o paio vêm numa mesma
cumbuca, o lombo e a costela também estão juntas, assim como orelha e pé.
Fiquei com a clara sensação de que todas as carnes foram cozidas juntas e, só
depois, separadas para servir. Se for isso mesmo, é fenomenal. Se não for assim,
tanto faz, pois o sabor de tudo estava muito bom. Além do mais, há opções no buffet
que combinam perfeitamente com o prato, como frango a passarinho, costelinha
frita, torresmo e mandioca, que podem funcionar como tira-gosto pra acompanhar
o caldinho de feijão.
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O balcão de sobremesas, com doces brasileiros, é bastante autêntico.
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Um único cuidado deve ser tomado. Se não quiser
ficar bem no centro da muvuca, com pesoas dançando ao seu redor e música
muito alta, inviabilizando a sua conversa, escolha uma mesa um pouco mais
distante do palco.
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Choperia Giovannetti
Local: Cambuí
Preço: R$ 53,00 por pessoa
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Servida no salão da belíssima unidade
que fica ao lado da prefeitura de Campinas, o diferencial deste restaurante é
seu buffet de saladas, extremamente criativo e variado. Além disso, há um
terceiro buffet com massas, que não chegamos a provar, mas que pareceu
interessante.
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A feijoada, com os pertences em cumbucas
separadas, apresenta, apesar disso, um sabor convincente. Couve, farinha,
farofa, laranja picada e torresmo compõem, com dignidade, os acompanhamentos.
Embora tenha agradado, a lembrança que fica é mesmo do buffet de saladas que,
ao lado, oferece, ainda, algumas boas opções de pratos quentes pra quem
prefere passar longe do feijão preto. Este buffet é tão bom que, ontem, tendo
voltado ao Giovannetti, acabamos declinando da feijoada e nos servimos, além
das saladas, de um excelente filé com creme de aspargos, uma lasanha de escarola
surpreendente e um risoto de maracujá com gorgonzola delicadíssimo.
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Na casa não há música ao vivo, mas, em
compensação, tem um chope Brahma que é, de longe, o melhor da cidade.
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Conclusão:
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Na comparação entre as 3 opções, a que menos
gostei foi a do Vila Real. Isso sem falar no preço, que me pareceu
extorsivo.
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A minha preferida, considerando o sabor, é, sem
dúvida, a da Casa Rio, e também não falo isso influenciado pelo preço, felizmente,
o mais baixo dos três.
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Ao Giovannetti, apesar de ter gostado do sabor da
feijoada, iremos voltar pelo seu buffet de saladas que
me fez levantar várias vezes da mesa em sua direção, passando pela feijoada,
sem cair em tentação.
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Como esta busca é infindável, vamos continuar na árdua procura e já estamos planejando conhecer a feijoada do Tonico's Boteco, qualquer sábado destes.