Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Bem-vindo Sarkozy

O presidente francês Nicolas Sarkozy está visitando o Brasil. Ele veio pra vender submarinos. E o Brasil está louco pra comprar. Mas não é isso que importa. Não importa que ele esteja aqui pra vender armas. Não importa que ele seja de extrema direita e nem que seja racista. Não importa que ele represente este tremendo retrocesso por que passa a política européia, sobretudo a política francesa. O que importa é que Carla Bruni veio junto com ele.

O Brasil já teve uma primeira dama lindíssima. Maria Thereza era até mais bonita que Carla Bruni. Acontece que Jango não dava a mínima pra ela. Mesmo tendo aquela beldade em casa, sempre preferiu esbaldar-se em outras camas. O contrário de Sarkozy que vive cercando a esposa de mesura e galanteios, ao menos publicamente.

Talvez, por causa disto, Maria Tereza sempre teve um ar de tristeza emoldurando seu lindo rosto. Talvez, por causa disso, Carla Bruni apresente-se sempre alegre e jovial.

Por tudo, apesar do retrocesso, apesar do racismo, apesar da intolerância que ele representa, Sarkozy será sempre bem-vindo. Contanto que traga Carla Bruni. Melhor seria se ela viesse sozinha.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mapeando Barão Geraldo

Quando viemos de São Paulo, 7 anos atrás, e fomos morar em Valinhos, nossa primeira ocupação foi começar a mapear a cidade. Após identificar bons açougues, quitandas e supermercado, ficou absolutamente claro, pra nós, que a cidade não ofereceria opções gastronômicas e culturais que aplacassem nosso apetite. Começamos, então a mapear Campinas, pertinho dali.

Depois de alguma perda de tempo no circuito Cambuí-Shoppings, descobrimos o centro da cidade e outros bairros menos festejados e passamos também a freqüentar Sousas e, com menor freqüência, Barão Geraldo. E agora, ironia do destino, 7 anos depois, eis que nos mudamos para Barão Geraldo.


Os campineiros, em geral, acham que Barão Geraldo é longe. Depois de Barão Geraldo tem o Guará, mais longe ainda. Depois do Guará tem o Village e a Vila Holândia, dois fins-de-mundo. Pois fomos morar mais longe do que o fim-do-mundo. É tão longe que já nem é Campinas. É Paulínia. Pois bem. Mesmo sendo em Paulínia, é por Barão Geraldo que chegamos até em casa e é por isso que nossa atual ocupação está sendo mapear este bairro.

Pra começo de conversa, Barão Geraldo nem é um bairro. É um sub-distrito, quase uma cidade. Desconfio, aliás, que seja maior que Valinhos. Dos lugares que já conhecíamos, aquele que temos ido com maior freqüência é a Casa da Moqueca.

Como o nome diz, a casa é especializada em peixes e frutos do mar. Até a semana passada, ostentava no muro uma faixa em que anunciava uma promoção de 10 pratos à base de camarão a R$ 39,00 para duas pessoas. Experimentamos quase todos e, de fato, além de muito saborosos, a quantidade é farta, dando, eventualmente, para alimentar 3 pessoas. A faixa saiu do muro, nessa semana. Eu liguei pra lá, na esperança de que a faixa tivesse sido retirada para lavar, ou coisa do tipo. Doce ilusão. A promoção acabou e os preços dos pratos voltaram ao seu patamar normal de R$ 53,00 a R$ 56,00. Mesmo assim, ainda vale a pena.

Os outros lugares que já conhecíamos são a Casa São Jorge, o Bar Pantanal, o Empório do Nono, o Seu Pimenta e a Estação Santa Fé. Ainda não fomos a esses lugares, pois estamos excitados com o mapeamento do que é misterioso na cidade (opa! no bairro).

Padarias e açougue:

Há 3 padarias interessantes. A mais tradicional delas é a Padaria Alemã. Parece aquelas padarias de cidade do interior de 30 anos atrás. Tem muita coisa interessante, de dar água na boca. Quase chegando no Guará, tem a Panetteria di Capri que é meio fashion e é, das 3, a que menos gosto. Tem uma gente meio metida a besta e o pão nem é lá grande coisa. Além do mais, o atendimento é antipático. No Guará, tem a Padaria Casa Grande, bem pequena, de cujo forno saem coisas bem interessantes, como alguns pães recheados e tortas. Deve haver mais coisa pra mapear. Estamos ainda no processo de busca.

Começamos a procurar um bom açougue. Nada. Pra maioria das pessoas que perguntamos, vinha a mesma resposta: - Eu compro carne no supermercado.

Eu não gosto muito de comprar carne em supermercados. Gosto, mesmo, é do velho e tradicional açougue. Aquele em que você estabelece contato com o açougueiro, que, com o tempo, reserva sempre um corte especial pra você. Depois de procurar muito, acabamos encontrando um bem interessante, que trabalha com gado red angus e produz uma lingüiça temperada com hortelã que é um pecado. Fica na rua Maria Tereza Dias da Silva, 698. Não sei o nome. O lugar é bom, mas o preço é salgado. Temos que procurar mais.

Restaurantes:

Desde que chegamos aqui, com a ajuda da Veja Campinas, do site Barão em foco e navegando meio sem rumo na Internet, estamos checando os lugares. Alguns são bem interessantes. Outros, nem tanto.

O pior, até agora, é um restaurante que fica bem no começo da Av. Albino José Barbosa Oliveira chamado Universo Massas. Sempre tive curiosidade em relação a este restaurante. Sua localização é estratégica e imponente. E em suas paredes, pôsteres gigantescos prometem uma quantidade inimaginável de massas, pizzas, carnes e sobremesas, em sistema de rodízio e a preço fixo. Sou glutão e não sou inocente. Sei que não dá pra fazer milagre e fui pra lá convicto de que seria ruim. O problema é que o lugar é muito pior do que ruim. É péssimo. Pior que péssimo. E o preço nem é tão baixo como eu supunha (o que não iria compensar tanta ruindade). Fujam!

Outro restaurante que não vale a pena voltar é o Via Roça. A comida é até boa. Mas o restaurante é longe, é longe, é longe até não mais poder. Comida mineira, bem feita e honesta. Preço compatível. Mas é muito longe! É no Village. Na verdade, é depois do Village e olha que o Village é longe. Só se justificaria ir até lá se a comida fosse esplendorosa. Mas é uma comida apenas boa. Como a comida que eu consigo fazer em casa.

Uma tranqueira é o restaurante Casa da Vó, no Tilly Center. Aliás, pelo que eu pude ver, não há nenhum motivo pra eu ir ao Tilly Center novamente.

Fomos também ao Bar do Jair. É um boteco daqueles cheios de gente, cujo prato principal é a coxinha, enorme, com mais de 20 opções de recheio. Fomos, a Clélia, a Cecília e eu e não conseguimos comer duas coxinhas cada um. O salgado é grande praca. Descobrimos também que, no final das contas, o único recheio que combina com coxinha é mesmo o de frango.

Pizzarias, fomos em 3. Vila Ré, pertinho da entrada de Barão é uma casa pequena, simples e simpática. O atendimento é bom e a pizza é boazinha. Isso é pouco. Pelo menos pra nós, pizza tem que ser ótima. Na Av. Santa Isabel há a Pizzaria Fiori. Bem requenguela, lembra as pizzarias de bairros pouco festejados de São Paulo, como Ipiranga ou Cambuci. O atendimento é desatento, quase hostil. A pizza, surpreendentemente, estava boa. Ao menos os primeiros pedaços, quando a fome era sufocante e a massa estava crocante. A segunda metade não foi tão sedutora. De positivo, sem dúvida, o preço. Comemos e bebemos, eu e a Clélia, gastando R$ 30,00.

A melhor pizzaria é a mais próxima de casa. Quase chegando no Guará. É a Gregória. No começo, evitamos esta pizzaria, pois ela estava sempre vazia. Aquilo nos incomodava. Pizzaria sempre enche. Até pizzaria ruim sempre enche. E sempre que passávamos em frente a ela, a mesma coisa, suas mesas estavam sempre vazias. Um dia resolvemos arriscar e descobrimos que o salão principal da casa fica nos fundos. E estava, evidentemente, cheio. Foi a única pizzaria de Barão em que já fomos mais de uma vez. O cardápio é parecido com o das pizzarias Brás ou Babbo Giovani. Os preços também. A pizza, no entanto, está um degrau abaixo. A rigor, pra comer pizza boa em Campinas, melhor ir pro Cambuí.



Picanha de Ouro é uma churrascaria mediana. A grande vantagem é o preço, realmente bem baixo. Isso torna uma visita a ela um bom programa, principalmente se você for bastante paciente no que diz respeito ao atendimento dos garçons. Se estiver a fim de comer uma carne de primeira, então é melhor ir pro Cambuí, no Cenário ou pro Chapadão, no Omar.

Fomos ao Recanto do Barão a fim de comer arroz feijão e carne. Uma comida que fosse parecida com a do Feijão com Tranqueira. Ao chegar lá, percebemos que o cardápio é quase exclusivamente de frutos do mar. Acabamos pedindo uma porção de picanha aperitivo que estava muito boa, mas não era exatamente o que nós queríamos. Acabamos voltando lá, à noite, pra comer uma moqueca. Achei salgado demais. O prato e a conta. Prefiro a da Casa da Moqueca.

Há ainda outras comidinhas. A sorveteria Sabor e Sonho não conquistou, ainda. Mas sorvete é assim mesmo. Tem que experimentar vários sabores, até encontrar os preferidos. Por enquanto, tenho ficado no de maracujá e no de coco, bem bons, ambos. Ai que saudades da sorveteria Só Aqui, de Valinhos. Mas aquela, só lá.

A Battataria Suíça foi uma grata surpresa. O serviço é meio lento e a cozinha é demorada, mas quando chega aquele disco voador de batata recheada, quentinho e crocante, parece que nada melhor poderia acontecer. E tem, às sextas e sábados, uma música ao vivo bacaninha.

O hambúrguer do Greg é muito gostoso. Lembra o primeiro hambúrguer que eu comi, ainda criança, em São Paulo. Todos os hambúrgueres deviam ter aquele sabor. Só que eu acho que pagar R$ 14,00 num cheese salada é um pouco imoral. E o pior é que eu comi dois. Um hambúrguer não pode custar mais que uma moqueca de camarão.

Se a hora avança a madrugada e tudo está fechado, uma saída é o Ponto Final, ao lado da Batataria Suíça. Deve ir até 4 ou 6 da manhã. Mas esse, provavelmente, é o único motivo pra ir lá.

Ontem, fomos no Le Chef, um restaurante com pretensões de bistrô francês. Saímos de lá bem satisfeitos. Comi uma truta ao molho de vinho tinto e a Clélia um salmão ao molho de maracujá. Ambos acompanhados de um risotinho básico. Ambos ótimos. Uma saladinha simples e deliciosa de entrada e uma sobremesa meio sem graça. Tudo isso mais bebidas, gastamos menos de R$ 50,00. Foi surpreendente. Iremos voltar.

Enfim, este mapeamento, esta busca, esta garimpagem, está fazendo com que a gente, raramente, saia de Barão para comer. Faz tempo que não vamos pra Campinas. Aliás, íamos muito mais pra Campinas quando morávamos em Valinhos. E pelo que temos visto, navegando na Internet ou passando pelas ruas do distrito, há muito mais pra se aventurar. É só uma questão de tempo, apetite e dinheiro. Mas a gente chega lá.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Bossa

Talento não é, necessariamente, hereditário. Temos vários exemplos de filhos de cantores e compositores que tentam uma carreira artística na esteira do sucesso dos pais. Alguns têm êxito, outros não. É um processo absolutamente aleatório.

Há os casos daqueles cuja ascendência até dá um empurrãozinho, mas há aqueles em que o sucesso dos pais acaba ofuscando a decolagem da carreira e seus vôos nunca adquirem altitude de cruzeiro. E esse é o caso de Pery Ribeiro.

Filho de dois grandes ícones da música brasileira das décadas de 40 a 60 no século passado, a cantora Dalva de Oliveira e o compositor Herivelto Martins, Pery Ribeiro nunca teve o reconhecimento merecido. Nunca brilhou excessivamente. Nunca foi celebridade. E essa nunca foi sua busca.

Dono de uma voz bonita e sedutora, Pery gravou muitas músicas em primeira mão que acabaram fazendo mais sucesso nas vozes de outros cantores. Só pra dar um exemplo, foi dele a primeira gravação de Garota de Ipanema, uma das músicas mais conhecidas no mundo.

Embora tenha participado ativamente do movimento da Bossa Nova, Pery nunca foi considerado um de seus símbolos. De carreira discreta, sempre me provocou muita admiração e era muito comum que, ao ouvir uma canção romântica, com uma batida levemente sincopada eu sempre a imaginasse cantada na voz dele.

E foi com muito interesse que, fuçando nas prateleiras da Livraria da Vila, no dia do lançamento do livro do Ricardo Filho, eu encontrei este CD do Pery Ribeiro cantando standards de trilhas sonoras do cinema americano das décadas de 40 e 50.


´S Wonderful: Movie´n Bossa, é recheado de clássicos como Moon River, Our Love Is Here to Stay e Over the Rainbow, todos interpretados com uma levada de Bossa Nova. Eu, em geral, desaprovo esse tipo de “releitura”, mas, nesse caso, tenho que admitir que o resultado ficou muito bom. É o 32º disco na carreira deste cantor tão regular, num mundo em que a regularidade já não é uma virtude.


Voltando

Já passa de 5 meses o tempo em que não escrevo nada neste blog. O último texto foi postado em primeiro de julho, junto com a dica de um CD do Pery Ribeiro, que eu ouvi menos do que gostaria.

Vários motivos poderiam ser perfilados para justificar este abandono. A doença do meu pai que nos exaure a todos, a necessidade por encontrar uma casa pra morar, as atribulações do trabalho, mas, enfim, o verdadeiro motivo, mesmo, tem sido um total desinteresse por escrever, ou mesmo, ler os blogs dos amigos.

Os motivos, se não foram resolvidos, estão, ao menos equacionados. Meu pai continua doente, mas está estável (embora isso não seja, necessariamente bom). A casa foi encontrada e, embora seja bem mais longe, é grande e gostosa. O trabalho continua atribulado, mas sempre foi e sempre será assim. Mas da mesma forma que não eram nenhum desses fatores que, verdadeiramente, me fizeram parar de escrever, não é nenhum deles que me impele a voltar aqui. Na verdade, venho namorando muito esta idéia ultimamente. Por saudade mesmo. Saudade de exercitar o ato da escrita, saudade de falar, saudade de ler o que todos andam escrevendo. Mas, talvez, o fato que tenha, realmente desencadeado essa decisão, seja um comentário recebido no último post, 5 meses depois dele ter sido postado. Foi um comentário da Tatiana, amiga da Cecília, e que eu tenho quase certeza que não conheço, mas se é amiga da Cecília é garantido que é gente boa. E nesse comentário, além de fazer uns elogios que sempre massageiam meu ego, ela pede que eu volte a escrever. Aí não tem jeito. Como é que eu posso deixar de atender um pedido desse?

Tati, obrigado pelo empurrão. Obrigado pra me dar mais um motivo pra voltar a fazer uma coisa que já estava me fazendo falta. Obrigado por me animar a voltar a ler o que andam escrevendo meus amigos. Obrigado mesmo.