Pessimista que sou, fui
instado a pesquisar, por certa expectativa que percebi, em dois grandes amigos,
a respeito do Partido Novo e do Partido Raiz. Mais do que por esperança, o que
me moveu foi a convicção de que estes amigos, apesar de militarem em campos
distintos, do ponto de vista ideológico, são, ambos, pessoas de boa fé e, mais
do que isso, absolutamente abertos ao debate lúcido com as opiniões
divergentes.
Antes de qualquer
coisa, tenho que confessar que não conhecia nenhuma das duas propostas e, por
isso, fui diretamente às suas páginas oficiais, para conhecê-las. Apesar de,
rapidamente, perceber em cada uma delas a posição no espectro ideológico que os
orienta (o Novo à direita e o Raiz à esquerda) o que identifiquei de mais
importante foram as similaridades entre os dois e não as divergências. E estas
similaridades, infelizmente, não representam virtudes, sob o meu ponto de
vista.
A primeira similaridade
é o primarismo da mensagem. Ambos se apresentam como um movimento quase apolítico
(como se isso fosse possível) e como se fossem detentores de ideias novas e inéditas.
O Novo, basicamente,
defende o individualismo como agente de mudanças políticas e o mercado como
agente regulador da economia. Nenhuma
diferença entre o que propõe o DEM e o que defendia o PFL ou o PDS, seus
antecessores. Uma investigação mais minuciosa nos valores expostos no site,
entretanto, revela uma profusão de propostas pueris, dignas de um TCC. Frases
como “acreditamos no valor fundamental das liberdades individuais, incluindo
direitos e deveres” são evidências do que estou dizendo. Ressalta o vigor com que
defende a igualdade perante a lei, mas não dedica nenhuma palavra sobre algum
instrumento que garanta igualdade de oportunidades a todos.
O Raiz, basicamente, propõe
o rompimento com o individualismo e defende uma política que privilegie os
interesses coletivos. Sua orientação é guiada por um documento chamado Carta Cidadanista,
cujo teor, apesar de recheado de nobres intenções, não apresenta nada que já
não esteja contido nos documentos originais do PT ou dos partidos oriundos das
dissidências petistas mais autênticas, como o PSOL. Faz uso de um discurso
ambientalista que não difere do utilizado pela REDE de Marina Silva, numa clara
intenção de “roubar-lhe” um espaço neste mercado, em moda. E, quando explicita
o método de decisão interno, cita um tal de consenso progressivo que nos faz
imaginar aquelas incansáveis discussões de centros acadêmicos universitários
onde a vaidade tem muito mais valor do que qualquer resultado prático.
A maior similaridade
entre os dois, entretanto, reside na insistência em se apresentar como um
movimento e não um partido político, o que, em si só, já representa uma tentativa
de embuste da opinião pública. São (ou serão) 2 partidos políticos e, com eles,
teremos 34, no total. Isso me parece um exagero. O discurso dos dois é que se
tratam de movimentos (eu chamaria de agremiações) de pessoas cansadas dos
políticos corruptos e desonestos que existem nos outros 32 partidos, como se o
discurso fosse, por si só, garantia de que nestes dois novos (novos?) não haverá
nenhuma pessoa corrupta ou desonesta.
Não precisamos de 34
partidos políticos, até porque não existem 34 formas diferentes de enxergar o
país (nem mesmo o mundo). O que precisamos é de partidos mais programáticos e
menos personalistas. De partidos mais ideológicos, dentro dos quais, quem
estiver em desacordo com a direção, lute, com argumentos, para derrotar as
posições contrárias, em lugar de sair (ou seria fugir?) e fundar uma nova
agremiação. Quando isso ocorrer, teremos, talvez, no máximo, 5 partidos, o que
cobrirá todo o espectro político ideológico, com intersecções. E, neste caso,
que cada partido aprimore suas ferramentas internas para extirpar o que houver
de mal dentro dele. Se a solução continuar sendo a fundação de novos partidos,
logo teremos 70.
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