O livro Lava Jato, de Vladimir Netto, acaba de
ser lançado e já é candidato a um dos mais vendidos do ano. Eu não costumo me
seduzir pelo fato de algum livro figurar em listas de mais vendidos (muito pelo
contrário), mas não é por este motivo que não pretendo lê-lo. Nem mesmo o
fato de, possivelmente, apresentar um texto exageradamente simpático a Sérgio
Moro, o juiz pavão. Não, este não é o motivo que me deixará longe do volume.
Nem mesmo o seu tamanho, já que 400 páginas é uma quantidade que está longe de
me assustar (muito menos afugentar). O que me impede de me interessar pelo
livro é a falta de perspectiva histórica, já que considero que este fenômeno
vai ser muito melhor entendido quando historiadores, ou até mesmo jornalistas,
se debruçarem sobre ele, daqui a 20 ou 30 anos, quando, provavelmente, já não
estarei por aqui.
Só a perspectiva
histórica pode nos proporcionar uma visão mais ampla e mais correta de todos os
elementos que necessitamos para compreender um fenômeno como este. Somente
daqui a 40 ou 50 anos é que se poderá entender o que foi que, realmente, motivou
o processo pelo qual estamos passando hoje (e que, possivelmente, está longe de
acabar). Talvez, daqui a 100 anos, se consiga saber se Sérgio Moro foi um juiz tecnicamente
preparado para liderar o processo da Lava Jato ou se ele foi uma pessoa
eticamente irrepreensível. Dificilmente será lembrado por estas duas virtudes
ao mesmo tempo, a se basear nos atalhos jurídicos que andou tomando pelo
caminho. Enfim, isso tudo, só a história dirá.
Por tudo isto que eu
disse, estou muito mais excitado para começar a ler o quinto (e último) volume
da coleção sobre a ditadura, escrito pelo jornalista Elio Gaspari.
O primeiro volume,
lançado em 2002, trinta e oito anos após o início da ditadura, foi chamado A ditadura Envergonhada. Logo em
seguida, vieram mais três: A ditadura
Escancarada, A Ditadura Derrotada
e A Ditadura Encurralada, que vai até
a demissão do General Sylvio Frota do cargo de Ministro do Exército, fato que
pavimentou a instalação do processo de abertura política, aquela que foi
descrita como “lenta, gradual e segura”.
Este quarto volume foi
lançado em 2004 e, na ocasião, Elio Gaspari declarou que não haveria um quinto livro,
pois não tinha interesse na figura de João Batista Figueiredo. Na verdade, Elio
Gaspari, pelo que me lembro, disse que desprezava este personagem.
Mas eis que, agora, 12
anos depois de publicar o quarto volume, sai o quinto, chamado A Ditadura Acabada, em que é narrado o
final do regime. Não li absolutamente nada sobre o livro, mas isso não diminui,
de forma alguma, a minha excitação para começar a lê-lo. Graças à perspectiva
histórica.
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