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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Pitaco eleitoral - Candidatos


Jair Bolsonaro

A última pesquisa Datafolha apresenta Jair Bolsonaro com 28% de intenção de voto e 43% de índice de rejeição.

Bolsonaro é um político bastante conhecido, elegeu-se vereador há 30 anos e há 28 ocupa uma cadeira na câmara dos deputados, em Brasília. Ao longo do tempo, foi construindo uma imagem, através da mídia, muito sólida, mirando o voto do eleitor mais extremamente conservador. Nunca fez questão de esconder suas posições racistas, homofóbicas e misóginas, muito pelo contrário. Afinal, foram estas posições que garantiram os votos de uma parcela da sociedade identificada com estes valores e que sempre foram suficientes para lhe assegurar a manutenção do mandato.  Sua popularidade foi crescendo, ao longo destes 30 anos, tendo sido o 11° deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro em 2010 e, em 2014, foi o 1° neste que é o terceiro maior colégio eleitoral do país.

É evidente que não se pode afirmar que 28% dos eleitores brasileiros sejam racistas, homofóbicos ou misóginos. O que parece fácil garantir é que aqueles que são racistas,  homofóbicos ou misóginos, votam em Bolsonaro. Não sei quanta gente é assim na nossa sociedade. Isso pode representar 1 ou 20%, pouco importa. Mais relevante, para mim, é a taxa de rejeição.

Se 43% da nossa sociedade rejeita Bolsonaro, significa que 57% dela não o rejeita (embora só a metade, neste momento, parece disposta a lhe dar seu voto). Ou seja, baseados nestes índices, poderíamos considerar que mais da metade de nossa população não se importa com o racismo e nem com a extrema violência que existe, no país, contra mulheres e homossexuais. Isso, para mim, é que é o mais assustador!

Fernando Haddad

Podemos dizer que a estratégia utilizada pelo PT para lançar Fernando Haddad como candidato obteve sucesso. A decisão de manter Lula, o preferido da maioria dos eleitores, como candidato, até o último instante que os xerifes do judiciário permitiram, foi acertada. Ao menos sob um ponto de vista estratégico.

Há chances de Haddad ir ao Segundo Turno. A pesquisa Datafolha indica que, caso isso ocorra, a disputa será acirrada. A militância do partido é aguerrida e os eleitores de perfil progressista que não votam no PT, de forma sistemática, tendem a se alinhar à sua candidatura, caso ele avance depois de 7 de outubro. O que me incomoda é que Haddad não é Lula. Não tem o mesmo carisma, nem a mesma capacidade de articulação política e, muito menos, a mesma representatividade que o líder encarcerado.

Amigos petistas argumentam que esta foi a alternativa possível, já que, tanto o impeachment de Dilma quanto a prisão de Lula foram ações ilegítimas, com o que tendo a concordar (por favor, não se confunda legitimidade com legalidade – acho que já passamos desta fase!).

De qualquer maneira, me desagrada a forma enviesada através da qual a candidatura foi construída.

Ciro Gomes

Ciro ocuparia o mesmo espaço ideológico do PT, situado numa posição de centro-esquerda. A dificuldade de composição entre ele e o partido de Lula obrigou-o a uma pequena movimentação em direção à direita. Está buscando se situar nesta posição de centro, que ficou, de repente, vaga com a corrida desesperada de Alckmin em direção à extrema-direita.

Ciro tem, a seu favor, ótimas avaliações como prefeito de Fortaleza e governador do Ceará, teve preponderante atuação como Ministro de Itamar Franco. Tem formação acadêmica sólida e, aquilo que é a menina dos olhos do eleitorado mais ingênuo, não tem processos consistentes por corrupção.

Contra si, Ciro tem uma personalidade irascível, sua marca registrada. É intrépido, de forma exagerada, e, nem tão eventualmente, costuma explodir quando a melhor estratégia, talvez, fosse a busca pela conciliação.

Geraldo Alckmin

O PSDB está despedaçado. Seus membros, artífices principais da tramoia que tirou Dilma do poder e impediu Lula de concorrer, envolveram-se em uma luta fratricida no interior do partido, o que deixou o ninho tucano em frangalhos. Alckmin lutou em duas batalhas, a primeira delas, iniciada, sorrateiramente, já em 2014, contra Aécio Neves, para conquistar a indicação de seu nome como candidato em 2018 e a outra contra Fernando Henrique para emplacar João Dória (aquele que ostenta um sorriso nos lábios e o ódio no olhar) como candidato à prefeitura de São Paulo e que, depois de eleito, tentou lhe passar a perna. Venceu as duas batalhas, mas, aparentemente, estas lutas exauriram sua energia (além disso, não encontra apoio entre os principais caciques do partido).

Sua campanha chega a ser patética. Atrapalha-se entre bombardear Bolsonaro, que lhe surrupiou parte generosa do eleitorado conservador e espinafrar o PT, tomando o cuidado de não criticar muito a figura de Lula. Sem rumo, escorrega na direção da extrema direita, tentando usurpar o discurso do concorrente milico, enquanto deixa a retaguarda desguarnecida e um espaço vago na região central do espectro ideológico, que Ciro está tratando de ocupar.

Ao fim das lutas, tende a ver o butim das batalhas vencidas lhe escapar das mãos.

Marina Silva

Temos, de novo, a Marina de sempre. Personagem com alto potencial eleitoral, porém virtual, fictício. Inicia toda e qualquer eleição com expressivos 20% nas pesquisas de intenção de votos que vai perdendo conforme tem que se expor, que se expressar publicamente. Nos períodos entre eleições, é uma figura política que se esconde. Furta-se a assumir uma posição nos momentos mais emblemáticos, para ressurgir na hora de um novo pleito com uma expectativa de apoio inflado e que acaba murchando, ao longo da peleja, devido ao seu seu discurso vazio.

Os nanicos

Entre os concorrentes que já começaram com nenhuma chance de vitória, há 3 que se animam a abrir um pouco as asas, sem chance alguma de levantar voo.

Henrique Meirelles ostenta uma cara de pau sem tamanho ao tentar se descolar da figura de Temer com a maior desfaçatez, como se nunca tivesse sido seu ministro da fazenda. Ao mesmo tempo, conduz a campanha eleitoral insistindo em colar seu nome e sua imagem à figura de Lula.

João Amoêdo, o queridinho das dondocas, apresenta-se ao eleitorado com duas falácias. Uma delas, a de que não é político e sim gestor. Plagia esta ideia estapafúrdia de Dória, mostrando que nenhum dos dois leu Aristóteles, que nos ensinou, há mais de 2300 anos, que “o homem é um animal político”. A outra falácia é a de apresentar seu partido como “novo”, como se, para isso, bastasse pintar um partido neoliberal qualquer, trocando o cinza para cor de abóbora. Algum dia, todas as pessoas vão entender que, se fosse possível fazer política sem políticos, ao time do Vasco da Gama bastaria tirar os jogadores de campo e substituí-los por “não jogadores”, para ser campeão.

Sobre Álvaro Dias, ele não tem nada a perder, pois retoma sua cadeira no Senado, seja qual for o resultado da eleição. Foge, entretanto, à minha compreensão o motivo de 3% do eleitorado ter intenção de votar nesta figura.

De toda forma, minha escolha já está feita. Nada, porém, impede que eu mude, na última hora, para um voto, digamos, um pouco mais útil.



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