Jair Bolsonaro
A última pesquisa
Datafolha apresenta Jair Bolsonaro com 28% de intenção de voto e 43% de índice
de rejeição.
Bolsonaro é um político
bastante conhecido, elegeu-se vereador há 30 anos e há 28 ocupa uma cadeira na
câmara dos deputados, em Brasília. Ao longo do tempo, foi construindo uma
imagem, através da mídia, muito sólida, mirando o voto do eleitor mais extremamente
conservador. Nunca fez questão de esconder suas posições racistas, homofóbicas
e misóginas, muito pelo contrário. Afinal, foram estas posições que garantiram os votos de uma parcela da sociedade identificada com estes valores e que sempre foram
suficientes para lhe assegurar a manutenção do mandato. Sua popularidade foi crescendo, ao longo
destes 30 anos, tendo sido o 11° deputado federal mais votado do estado do Rio
de Janeiro em 2010 e, em 2014, foi o 1° neste que é o terceiro maior colégio
eleitoral do país.
É evidente que não se
pode afirmar que 28% dos eleitores brasileiros sejam racistas, homofóbicos ou
misóginos. O que parece fácil garantir é que aqueles que são racistas, homofóbicos ou misóginos, votam em Bolsonaro. Não sei quanta gente é assim na nossa sociedade.
Isso pode representar 1 ou 20%, pouco importa. Mais relevante, para mim, é a
taxa de rejeição.
Se 43% da nossa
sociedade rejeita Bolsonaro, significa que 57% dela não o rejeita (embora só a
metade, neste momento, parece disposta a lhe dar seu voto). Ou seja, baseados nestes
índices, poderíamos considerar que mais da metade de nossa população não se
importa com o racismo e nem com a extrema violência que existe, no país, contra mulheres e
homossexuais. Isso, para mim, é que é o mais assustador!
Fernando Haddad
Podemos dizer que a
estratégia utilizada pelo PT para lançar Fernando Haddad como candidato obteve
sucesso. A decisão de manter Lula, o preferido da maioria dos eleitores, como
candidato, até o último instante que os xerifes do judiciário
permitiram, foi acertada. Ao menos sob um ponto de vista estratégico.
Há chances de Haddad ir
ao Segundo Turno. A pesquisa Datafolha indica que, caso isso ocorra, a disputa
será acirrada. A militância do partido é aguerrida e os eleitores de perfil
progressista que não votam no PT, de forma sistemática, tendem a se alinhar à sua
candidatura, caso ele avance depois de 7 de outubro. O que me incomoda é que Haddad
não é Lula. Não tem o mesmo carisma, nem a mesma capacidade de articulação
política e, muito menos, a mesma representatividade que o líder encarcerado.
Amigos petistas
argumentam que esta foi a alternativa possível, já que, tanto o impeachment de
Dilma quanto a prisão de Lula foram ações ilegítimas, com o que tendo a
concordar (por favor, não se confunda legitimidade com legalidade – acho que já
passamos desta fase!).
De qualquer maneira, me
desagrada a forma enviesada através da qual a candidatura foi construída.
Ciro Gomes
Ciro ocuparia o mesmo
espaço ideológico do PT, situado numa posição de centro-esquerda. A
dificuldade de composição entre ele e o partido de Lula obrigou-o a uma pequena movimentação em direção à direita. Está buscando se situar nesta posição de centro, que ficou, de repente, vaga com a corrida desesperada de Alckmin em direção à extrema-direita.
Ciro tem, a seu favor,
ótimas avaliações como prefeito de Fortaleza e governador do Ceará, teve preponderante
atuação como Ministro de Itamar Franco. Tem formação acadêmica
sólida e, aquilo que é a menina dos olhos do eleitorado mais ingênuo, não tem
processos consistentes por corrupção.
Contra si, Ciro tem uma
personalidade irascível, sua marca registrada. É intrépido, de forma
exagerada, e, nem tão eventualmente, costuma explodir quando a melhor
estratégia, talvez, fosse a busca pela conciliação.
Geraldo Alckmin
O PSDB está
despedaçado. Seus membros, artífices principais da tramoia que tirou Dilma do
poder e impediu Lula de concorrer, envolveram-se em uma luta fratricida no
interior do partido, o que deixou o ninho tucano em frangalhos. Alckmin lutou
em duas batalhas, a primeira delas, iniciada, sorrateiramente, já em 2014,
contra Aécio Neves, para conquistar a indicação de seu nome como candidato em
2018 e a outra contra Fernando Henrique para emplacar João Dória (aquele que
ostenta um sorriso nos lábios e o ódio no olhar) como candidato à prefeitura de
São Paulo e que, depois de eleito, tentou lhe passar a perna. Venceu as duas batalhas,
mas, aparentemente, estas lutas exauriram sua energia (além disso, não encontra apoio entre os principais caciques do partido).
Sua campanha chega a
ser patética. Atrapalha-se entre bombardear Bolsonaro, que lhe
surrupiou parte generosa do eleitorado conservador e espinafrar o PT, tomando o
cuidado de não criticar muito a figura de Lula. Sem rumo, escorrega na direção
da extrema direita, tentando usurpar o discurso do concorrente milico, enquanto deixa a
retaguarda desguarnecida e um espaço vago na região central do espectro
ideológico, que Ciro está tratando de ocupar.
Ao fim das lutas, tende
a ver o butim das batalhas vencidas lhe escapar das mãos.
Marina Silva
Temos, de novo, a
Marina de sempre. Personagem com alto potencial eleitoral, porém virtual,
fictício. Inicia toda e qualquer eleição com expressivos 20% nas pesquisas de
intenção de votos que vai perdendo conforme tem que se expor, que se expressar
publicamente. Nos períodos entre eleições, é uma figura política que se
esconde. Furta-se a assumir uma posição nos momentos mais emblemáticos, para
ressurgir na hora de um novo pleito com uma expectativa de apoio inflado e que
acaba murchando, ao longo da peleja, devido ao seu seu discurso vazio.
Os nanicos
Entre os concorrentes
que já começaram com nenhuma chance de vitória, há 3 que se animam a abrir um
pouco as asas, sem chance alguma de levantar voo.
Henrique Meirelles ostenta uma cara de pau sem tamanho ao tentar se
descolar da figura de Temer com a maior desfaçatez, como se nunca tivesse sido
seu ministro da fazenda. Ao mesmo tempo, conduz a campanha eleitoral insistindo
em colar seu nome e sua imagem à figura de Lula.
João Amoêdo, o queridinho das dondocas, apresenta-se ao eleitorado
com duas falácias. Uma delas, a de que não é político e sim gestor. Plagia esta ideia
estapafúrdia de Dória, mostrando que nenhum dos dois leu Aristóteles, que nos
ensinou, há mais de 2300 anos, que “o homem é um animal político”. A outra
falácia é a de apresentar seu partido como “novo”, como se, para isso, bastasse
pintar um partido neoliberal qualquer, trocando o cinza para cor de abóbora. Algum
dia, todas as pessoas vão entender que, se fosse possível fazer política sem
políticos, ao time do Vasco da Gama bastaria tirar os jogadores de campo e
substituí-los por “não jogadores”, para ser campeão.
Sobre Álvaro Dias, ele não tem nada a perder,
pois retoma sua cadeira no Senado, seja qual for o resultado da eleição. Foge,
entretanto, à minha compreensão o motivo de 3% do eleitorado ter intenção de
votar nesta figura.
De toda forma, minha
escolha já está feita. Nada, porém, impede que eu mude, na última hora, para um
voto, digamos, um pouco mais útil.
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