Acabei de assistir, e recomendo, o filme Operação Final, que estreou esta semana
no Netflix e mostra a estratégia utilizada para raptar, em Buenos Aires, e levar
para Israel, em 1960, o criminoso de guerra Adolf Eichmann, arquiteto da
Solução Final, plano de execução em massa de judeus capturados nas regiões ocupadas
pelo regime nazista.
A Argentina foi o país da América que mais recebeu
oficiais nazistas fugidos da justiça ao fim da segunda guerra e, com isso,
manteve, durante muito tempo, com a conivência do governo local, uma enorme
comunidade que cultivou e ampliou o alcance das ideias de Hitler naquele país,
àquela época.
O filme é muito bem conduzido, por Chris Weitz,
que tem a façanha de manter, o tempo todo, um clima de suspense, mesmo numa trama
que todos, com alguma curiosidade pela história da segunda guerra, já sabem o
final.
No papel do carrasco nazista, o ótimo ator Ben Kingsley,
perfeitamente caracterizado e em exuberante interpretação.
Para quem tiver mais interesse pelo assunto, recomendo
(disponível na Net NOW) o filme Hannah Arendt – Ideias que chocaram o mundo, com a atriz Barbara Sukowa no papel
protagonista. Trata do episódio na vida desta filósofa alemã e judia quando foi,
a convite da revista The New Yorker, cobrir o julgamento de Eichmann.
O resultado de suas observações teve um grande
impacto na comunidade judaica mundial, predominantemente contrário a ela, já
que, em lugar da esperada caracterização do personagem como um facínora monstruoso
e anormal, ela identificou um homem medíocre, como qualquer outro, bastante
banal, atrelado a uma burocracia de estado da qual nem mesmo pensou em
questionar.
Estes escritos, misto de reportagem jornalística com
reflexão filosófica, deram origem ao livro Eichmann em Jerusalém. Um Relato Sobre a Banalidade do Mal.
Sua importância para o pensamento filosófico sobre
o totalitarismo é mostrar que, mais perigoso do que o surgimento de um
personagem, na história, capaz de conduzir uma imensa multidão para um caminho
de violência e destruição (como foi o caso de Hitler) é o fato desta manada se
deixar conduzir sem questionar, sem criticar, sem reagir.
Discutir estes temas é muito importante, pois eles
podem suscitar uma reflexão profunda da sociedade mundial e, sobretudo no
Brasil, já que estamos, neste momento, no olho de um furacão conservador de amplitude
extremada.
Um comentário:
A dica do filme veio de vocês e adorei. Ótimo filme. Agora vou ver o Hannah Arendt (tenho a impressão de que ja vi ha anos e me esqueci...)
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