Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 11 de novembro de 2007

Acústico

O conceito dos discos unplugged da MTV me agrada. Aquela idéia de se pegar bandas de rock altamente eletrificadas e fazê-las reproduzir sua música apenas com instrumentos acústicos me seduz por permitir perceber a eventual beleza de suas letras e melodias, muitas vezes encobertas pelo som metálico das guitarras. O primeiro disco com este conceito que eu ouvi foi o de Eric Clapton. Gostei muito.

A MTV brasileira copiou esta idéia e criou vários discos acústicos. Tenho alguns deles. Gosto muito de uns, nem tanto de outros. E agora, acaba de sair o CD Paulinho da Viola – Acústico MTV.

Gosto de quase todo tipo de música, mas é o samba que me emociona. O samba de verdade, diga-se de passagem. O autêntico. Aquele chamado “de raiz”, apesar de esta qualificação estar virando uma marca. E embora minha principal referência no samba seja Cartola, Paulinho da Viola sempre me comove. Por suas músicas, por sua forma de cantá-las, por sua postura em relação às coisas do mundo.

Diz-se, de Paulinho da Viola, que ele demora muito pra lançar um disco novo. Isso é até verdade. Em média, nas últimas décadas, os lançamentos de seus discos têm espaçamento médio de 6 ou 7 anos. Quando nos brinda com um disco, entretanto, sempre nos apresenta verdadeiras obras primas.

Este acústico saiu apenas 4 anos após seu último disco, a trilha do ótimo filme Meu tempo é hoje. Talvez por isso, apresente somente 4 novas canções e, mesmo assim, uma delas, o samba Ainda Mais, já foi gravado no CD Um jeito de fazer samba, de Eduardo Gudin, seu parceiro nesta música. Está aí, aliás, uma grande evolução na música de Paulinho da Viola, ou seja, a profusão de parceiros com quem ele tem composto, nos últimos tempos. E seguindo este fenômeno, a mais feliz surpresa do novo disco é exatamente a canção Talismã, uma inesperada parceria sua com Arnaldo Antunes e Marisa Monte. Uma verdadeira jóia.



O ponto negativo, em minha opinião, fica por conta da gravação de Tudo se transformou, justamente a música de Paulinho da Viola que eu mais gosto. Pois neste disco ele gravou este samba num andamento bem mais lento, acompanhado apenas de um piano. E embora este piano seja do ótimo Cristóvão Bastos, achei que o resultado ficou menor. Menor que o disco. Menor que Paulinho da Viola. Um pequeno deslize, porém. Um mínimo deslize em meio a tantos acertos. Nada que comprometa este excelente CD.

9 comentários:

Graziana Fraga dos Santos disse...

gosto muito de acusticos também.
adoro a Marisa Monte cantando sambas, um dos últimos cds dela que é só de samba é maravilhoso! tive o prazer de assistir ao último show dela, foi muito bom!
ótima dica de livro, do Frei Beto, quero ler!

Anônimo disse...

Paulinho é sempre Paulinho, não há nada que ele faça que não seja bom. Mas, minha opinião a respeito deste acústico, é a seguinte: serve mais para quem não conhece a obra de Paulinho ou para quem não está habituado a ouvir samba. O repertório é manjado, previsível e, tirando as faixas inéditas, vêm com gosto de prato requentado. Sou mais as gravações originais. Eu gostaria de ver, neste acústico, sambas menos conhecidos do compositor, como Vela no Breu, Arvoredo, Roendo as Unhas etc. Mas, que se há de fazer? O formato acústico MTV exige - embora Paulinho negue em entrevista - que o repertório tenha de ser o de sempre.

ninguém disse...

Arnaldo, você me fez lembrar dos primórdios da MTV no Brasil, quando ela trouxe tanta coisa nova, inclusive os unplugged. Li uma entrevista do Paulinho na Carta Capital e confirmei a imagem que tenho dele: serenidade, cuidado com as palavras, um andamento próprio. Ele é único na MPB. um abraço

Eli Carlos Vieira disse...

Querida Clélia...
Me perdoe a falta de visitas à seu baú!
Passei mais que rapidamente, dei uma abridinha e só pude depositar esse recado corriqueiro!
Estou em fechamento de ano na faculdade...TCC e tudo mais....
Espero poder voltar em breve!

Beijos a todos aí!
(e à querida Bá, se a vir)

eLi
:-]

Eli Carlos Vieira disse...

ps.o "a" que precede a palavra baú não possui crase...

:-]

Clélia Riquino disse...

Caro Eli,

Valeu o recadinho, só que em baú errado... este é o do Arnaldo. O meu é o Achados.

Estivemos com a Bá, dois fds atrás. Ela, como você, tb está correndo com TCC, formatura, estágio, etc. Sei bem como é. Não se preocupe.

Depois que tudo passar, relaxe, e volte a visitar nossos blogs e escrever no seu.

bjão,
Clé

Clélia Riquino disse...

PS: a crase foi, mesmo, um deslize...

Telejornalismo Fabico disse...

*



pra mim, paulinho da viola reina como um deus no samba.
tá acima de tudo que se faz.
é a bússula que deveria apontar o norte, mas infelizmente isso não acontce.




*

Anônimo disse...

Eu ja conhecia algumas coisas do Paulinho da Viola, tinha visto o documentario "Meu tempo é hoje" quando passou no GNT e quis ir ver o show. Amei. Ele é um sujeito muito calmo, na dele. Parece acima deste mundo, insuscetivel de perturbacoes exteriores. Acho que por isso que demora tanto a lançar um disco. Faz no tempo dele. E o timing dele é perfeito ;)

Bjs