Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Escolha e qualidade

Se tem uma coisa que me incomoda, é aquele papo que surge, vez por outra, de que o samba acabou. E logo depois, vem uma onda dizendo que o samba está renascendo, está resurgindo. Nada mais falso. Tanto uma coisa quanto outra. O samba nunca acabou e nunca vai acabar. O que acontece, e isso, sempre, é o samba sair do foco da grande mídia. E acontece justamente por que o samba e, principalmente o sambista, é, acima de tudo, um resistente. E como tal, resiste ao cabresto e à tutela.

O samba nunca acaba, porque o samba mina do povo. Acontece que a grande mídia, assim como não conhece os rincões da nossa terra, também vira as costas para as periferias das grandes cidades. E é nestas periferias que o samba brota. É nessas periferias que ele se alimenta, cresce, vira coisa grande. Todos os dias, um samba novo, um novo sambista.

De tempos em tempos, entretanto, alguém se lembra do samba e, principalmente, se lembra de ganhar algum dinheiro com essa “nova onda”. E explora o renascimento, o ressurgimento do samba, mesmo que ele nunca tenha morrido e nem mesmo sumido do mapa. Não importa. O que interessa é tentar ganhar algum dinheirinho com este embuste. E aí, surgem novos artistas, novos grupos de pagode, todos querendo tirar uma lasquinha da nova onda.

Por isso mesmo é preciso tomar cuidado pra não comprar gato por lebre. E um jeito fácil de identificar o bicho é, justamente, ver por onde ele anda. Se o novo “sambista” estiver indo muito ao programa do Faustão, aparecendo no Fantástico, ou coisa que o valha, desconfie. É um felino. Para se identificar uma verdadeira lebre é preciso ver na companhia de quem ela tem andado. Isso não falha nunca.

E é assim que se pode identificar o CD de Moyseis Marques. Ele poderia ter gravado músicas de qualquer um, mas preferiu cantar sambas de Paulinho da Viola, Ivone Lara, Paulo Cesar Pinheiro ou Luiz Carlos da Vila. Ele poderia cantar acompanhado de qualquer um, mas preferiu a companhia de Elton Medeiros, Zé da Velha, Silvério Pontes ou Paulão Sete Cordas.

Questão de escolha. Garantia de qualidade.

3 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

*



eui recomendo mariene de castro, que resgata o samba de roda renovando ao mesmo tempo.

com uma voz possante e terna ao mesmo tempo, mostra que tem muita vida pro bom e velho samba.




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Balaio disse...

Obrigada pelas boas indicações. Ouvi todo o disco do Moyseis... muito bom, mesmo.

Abçs

Clélia Riquino disse...

Ainda não ouvi. Preciso colocá-lo no CDplayer do meu carro.