Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 24 de março de 2013

Parceria ímpar

Considere um disco em que participem dois artistas que cantem muito mal, um deles com um timbre quase insuportável e o outro que chega a desafinar. O que poderia salvar um disco assim? Talvez um repertório impecável ou uma execução instrumental primorosa ou, então, arranjos ótimos. Talvez nada disso consiga salvar o disco. Quem sabe, tudo isso, ao mesmo tempo, possa ser capaz da redenção.
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Pois é justamente isso o que ocorre com o disco Francis e Guinga, em que a deficiência na qualidade vocal destes dois excelentes compositores, arranjadores e instrumentistas, é suplantada por suas virtudes.
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No disco, suas sofridas vozes são acompanhadas pelos mais belos acordes produzidos ao piano por Francis Hime e pelo violão de Guinga. São dois craques cantando juntos, um, as músicas do outro, ora em conjunto, ora sozinhos, se autoacompanhando ou acompanhado pelo parceiro.
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Francis e Guinga são dois artistas ímpares. Suas composições e a forma de executá-las em seus respectivos instrumentos são únicas. Você pode não conhecer uma canção, mas se ela for de Guinga ou de Francis Hime, mesmo que seja a primeira vez que você a ouve, saberá quem é o autor. E isso não quer dizer que eles sejam repetitivos. Muito pelo contrário. Suas obras são tão complexas e tão especiais que à primeira audição já se sabe que aquela melodia, com tanto requinte, só pode ter saído da mente daquele artista.
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Francis e Guinga é um daqueles discos que a gente compra com a certeza de que vai gostar. Não é necessário ouvir previamente as faixas, nem ver o repertório, nem a foto na capa. Basta saber o nome do disco, procurar na loja, ir ao caixa e pagar. Pelo menos, foi isso que aconteceu comigo.
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Noturna (Guinga e Paulo Cesar Pinheiro) / Minha (Francis Hime e Ruy Guerra)

3 comentários:

Anônimo disse...

O caminho é mesmo se concentrar no violão e piano e tentar abstrair as desafinações. Talvez, na terceira audição, a gente já se acostume, como acontece com tantos outros compositores desavisados que cometem o desvario de cantar. Mas, nessa primeira audição, não há como não lamentar as vozes que quase atrapalham músicas, arranjos e execução tão geniais.

Cecília

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Quando eu soube que o disco tinha saído, pensei que seria só instrumental. Até torci para isso. Mas, apesar das vozes, vale a pena pois as letras também são ótimas. Afinal, nos CD tem letras de Paulo Cesar Pinheiro, Vinícius, Chico Buarque, Ruy Guerra... Mais um sinal de que o disco é bom.

Eu não tenho conserto disse...

Oi Arnaldo!
Tomei a liberdade de citar seu blog no meu post. Espero que não se importe!
bj