Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 2 de novembro de 2014

As mulheres dos sonhos de cada um

 Quem vê a capa e olha os nomes no índice de O livro das mulheres extraordinárias de Xico Sá não consegue evitar que a lembrança nos remeta à época das revistas Ele Ela e Status, anos 70, na qual nossas solitárias sessões masturbatórias eram inspiradas em coxas, bundas e um solitário peito, sem o mamilo. Sim, naqueles primeiros tempos, só se podia mostrar um seio, nunca o par e sempre sem o mamilo. Mais tarde, o mamilo foi liberado e, muito mais tarde, os pelos pubianos. Era uma época em que a excitação era produzida por nossa imaginação, estimulada pelas imagens permitidas na censura do regime militar. Por mais que quisessem nos domar, as mulheres estavam em nossas cabeças.

Pois o livro de Xico Sá aborda tudo isso, mas não só isso. Ao lado de um justificado saudosismo dos peitos como vieram ao mundo e da revolta pelo fim dos pelos pubianos, a ode que o mais famoso exemplar do macho jurubeba faz a 127 mulheres em mais de 250 páginas trata de peitos, de bundas e de outras partes do corpo feminino como as cordas vocais e o cérebro. Xico sabe que, se a beleza e a gostosura de uma mulher nos embevecem, quando aliadas ao talento e à inteligência, podem nos levar à loucura. Sempre achei isso: beleza com inteligência é uma combinação explosiva.

Em cada uma das crônicas, ele tece loas às beldades através de referências musicais, literárias, cinematográficas e, principalmente, televisivas. Não deixa escapar as lolitas de hoje, mas faz reverência às musas que, embora o tempo já tenha lançado ao ostracismo, ainda habitam nossa lembrança e nossa imaginação.

Há nomes famosos e outros nem tanto, principalmente para quem, como eu, ando distante da TV e, por isso mesmo, desatualizado a respeito das belezas e do talento das meninas de hoje em dia. Por isso mesmo, a sugestão é ler o livro ao lado de qualquer equipamento que possa fornecer um acesso ao Google para ligar o texto à pessoa.

Por mim, faltam, ainda, alguns nomes, como o de Zezé Motta ou Denise Dumont. Mas este tipo de lista é absolutamente pessoal, assim como os sonhos são de cada um.



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