No começo eu ouvia rock e pop. Tudo aquilo que tocava no rádio. AM, bem entendido. Naquele tempo, o rádio só tocava música americana. Da pior qualidade. E era daquilo que eu gostava. Daquilo e da jovem guarda. Tanto que, meu primeiro disco foi um compacto duplo com o Roberto Carlos de um lado e Wanderléa do outro.
Mais tarde, fui me distanciando desta música americana. Do pop e do rock. Só os Beatles me seduziam e continuaram seduzindo, pra sempre.
Mas o que indicou o caminho do meu gosto musical foi a Bossa Nova. Descoberta tardia, foi com ela que eu me entendi musicalmente. E foi por causa dela que eu fui gostar de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, toda essa gente. Foi ouvindo o tipo de bossa nova que eles faziam, foi ouvindo Sem Fantasia, Coração Vagabundo ou Luzia Luluza que eu descobri a MPB.
Foi através da Bossa Nova que eu descobri e amei o samba. Foi ouvindo Nara Leão, musa da Bossa Nova, cantando Zé Ketti que eu fui descobrir Cartola e Nelson Cavaquinho.
E foi através da Bossa Nova que eu descobri Cole Porter, George Gershwin e Irving Berlin. Por causa de um álbum duplo do Frank Sinatra cantando músicas do Tom Jobim. Neste álbum, produzido por Roberto Quartin, havia algumas canções destes tradicionais compositores americanos. Hoje é esta a única música americana que eu gosto de ouvir. Muita gente diz que a bossa nova sofreu influência do jazz. Pois no meu caso, ela causou influência no jazz.
Pois nesta semana, o Canal Brasil exibiu um filme do ano passado, que me passou despercebido no cinema. Trata-se de Coisa mais linda – Histórias e casos da Bossa Nova, de Paulo Thiago. Pra quem não gosta desse tipo de música, o filme deve ter sido bem chato, já que não tem nenhuma ação. É um painel histórico deste movimento, com depoimentos de seus maiores protagonistas, principalmente Roberto Menescal. Só isso.
Para quem, como eu, tem verdadeira adoração por esta música, o filme foi delicioso. Com enxertos de números musicais e fotos da época, foi um passeio por um Rio de Janeiro, e, porque não dizer, um Brasil que acreditava que tinha um futuro dourado. Dividido por blocos, o filme falou de cada um dos integrantes do movimento, numa ordem crescente de importância, terminando, naturalmente, com Tom, Vinícius e João Gilberto. Tudo isso.
Foi muito prazeroso ouvir de novo alguns sons e rever algumas imagens tão conhecidas e gravadas na minha memória. Fotos em branco e preto, capas de discos. Um deles, aliás, que não foi tão importante no movimento, mas que, pra mim, é o mais emblemático daquela época. Trata-se de Wanda Vagamente, da cantora Wanda Sá. Passei mais de 30 anos querendo ter este disco e só fui comprá-lo, há dois anos, numa edição em CD. Não sei explicar porque é que nunca comprei um disco que sempre desejei e não sei explicar por que é que desejei tanto este disco, já que apenas uma música me seduzia.
Mas a Bossa Nova é assim. A gente gosta e nem sabe por que é que gosta.
Dica: Para saber mais sobre a Bossa Nova, o caminho mais fácil e prazeroso é ler o livro do Ruy Castro Chega de Saudade: a História e as Histórias da Bossa Nova.
Mais tarde, fui me distanciando desta música americana. Do pop e do rock. Só os Beatles me seduziam e continuaram seduzindo, pra sempre.
Mas o que indicou o caminho do meu gosto musical foi a Bossa Nova. Descoberta tardia, foi com ela que eu me entendi musicalmente. E foi por causa dela que eu fui gostar de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, toda essa gente. Foi ouvindo o tipo de bossa nova que eles faziam, foi ouvindo Sem Fantasia, Coração Vagabundo ou Luzia Luluza que eu descobri a MPB.
Foi através da Bossa Nova que eu descobri e amei o samba. Foi ouvindo Nara Leão, musa da Bossa Nova, cantando Zé Ketti que eu fui descobrir Cartola e Nelson Cavaquinho.
E foi através da Bossa Nova que eu descobri Cole Porter, George Gershwin e Irving Berlin. Por causa de um álbum duplo do Frank Sinatra cantando músicas do Tom Jobim. Neste álbum, produzido por Roberto Quartin, havia algumas canções destes tradicionais compositores americanos. Hoje é esta a única música americana que eu gosto de ouvir. Muita gente diz que a bossa nova sofreu influência do jazz. Pois no meu caso, ela causou influência no jazz.
Pois nesta semana, o Canal Brasil exibiu um filme do ano passado, que me passou despercebido no cinema. Trata-se de Coisa mais linda – Histórias e casos da Bossa Nova, de Paulo Thiago. Pra quem não gosta desse tipo de música, o filme deve ter sido bem chato, já que não tem nenhuma ação. É um painel histórico deste movimento, com depoimentos de seus maiores protagonistas, principalmente Roberto Menescal. Só isso.
Para quem, como eu, tem verdadeira adoração por esta música, o filme foi delicioso. Com enxertos de números musicais e fotos da época, foi um passeio por um Rio de Janeiro, e, porque não dizer, um Brasil que acreditava que tinha um futuro dourado. Dividido por blocos, o filme falou de cada um dos integrantes do movimento, numa ordem crescente de importância, terminando, naturalmente, com Tom, Vinícius e João Gilberto. Tudo isso.
Foi muito prazeroso ouvir de novo alguns sons e rever algumas imagens tão conhecidas e gravadas na minha memória. Fotos em branco e preto, capas de discos. Um deles, aliás, que não foi tão importante no movimento, mas que, pra mim, é o mais emblemático daquela época. Trata-se de Wanda Vagamente, da cantora Wanda Sá. Passei mais de 30 anos querendo ter este disco e só fui comprá-lo, há dois anos, numa edição em CD. Não sei explicar porque é que nunca comprei um disco que sempre desejei e não sei explicar por que é que desejei tanto este disco, já que apenas uma música me seduzia.
Mas a Bossa Nova é assim. A gente gosta e nem sabe por que é que gosta.
Dica: Para saber mais sobre a Bossa Nova, o caminho mais fácil e prazeroso é ler o livro do Ruy Castro Chega de Saudade: a História e as Histórias da Bossa Nova.
2 comentários:
Vagamente
Roberto Menescal & Ronaldo Bôscoli
Só me lembro,
Muito vagamente,
Correndo você vinha
Quando, de repente,
Seu sorriso
Que era muito branco
Me encontrou
Só me lembro
Que depois andamos
Mil estrelas
Só nós dois contamos
E o vento soprou, de manhã,
Mil canções
Só me lembro,
Muito vagamente,
Da tarde que morria
Quando, de repente,
Eu sozinho
Fiquei lhe esperando
E chorei
Só me lembro,
Muito vagamente,
O quanto a gente amou
E foi tão de repente
Que nem lembro se foi com você
Que eu perdi meu amor
Influência do Jazz
Carlos Lyra
Pobre samba meu
Foi se misturando,
Se modernizando
E se perdeu
E o rebolado, cadê?
Não tem mais
Cadê o tal gingado
Que mexe com a gente
Coitado do meu samba
Mudou, de repente,
Influência do jazz
Quase que morreu
E acaba morrendo
Está quase morrendo
Não percebeu
Que o samba balança
De um lado pro outro
O jazz é diferente
Pra frente pra trás
E o samba meio morto
Ficou meio torto
Influência do jazz
No afro-cubano,
Vai complicando
Vai pelo cano, vai
Vai entortando,
Vai sem descanso
Vai, sai, cai no balanço!
Pobre samba meu
Volta lá pro morro
E pede socorro onde nasceu
Pra não ser um samba
Com notas demais
Não ser um samba torto
Pra frente pra trás
Vai ter que se virar
Pra poder se livrar
Da influência do jazz
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