Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Nada

O carnaval não me diz nada. Encaro esta data como o ano novo ou o natal. Ou seja, não significam nada pra mim. Mas destas 3 épocas, o carnaval é o que menos me incomoda. Não tenho nada a favor e nem contra. Aliás, o que me incomoda mesmo é a normatização dos comportamentos. Aquela coisa de se sentir mais amoroso no natal, mais esperançoso no ano novo, mais alegre no carnaval.

Abomino a tirania do prazer. A uniformidade do lazer.

É feriado? Tem que ir pra praia. Saiu de férias? Vai viajar pra onde?

As pessoas viraram escravas do prazer. Estão escolhendo a nossa diversão, decidindo o nosso gozo. Não gosto de ser teleguiado.

E é por isso que no meu carnaval, vou aproveitar pra ler meu livro, ouvir minha música, fazer umas comidinhas especiais. Vou fazer a minha folia. A folia que EU escolhi.


Em tempo: Se tem uma coisa ligada ao carnaval que me agrada, são algumas marchinhas de antigamente. Mas isso, eu gosto de ouvir em qualquer época do ano.

7 comentários:

Vivien Morgato : disse...

Como sempre, Arnaldo,um texto delicioso.P carnaval de inspira,lembro do txto do ano passado, hiper engraçado!
to no seu time.Carnaval?que carnaval?

Anônimo disse...

Eu já gosto do Carnaval, embora fuja, como o diabo da cruz, do roteiro oficial da folia. Bailes de salão, desfiles de escolas de samba, trios elétricos e quejandos me dão calafrios. Por razões várias: a multidão, que é sempre imprevisível; a cerveja, que é sempre quente; a música, que é sempre ruim etc. Porém - ah, porém! - é preciso perceber qual é o domínio do reinado de Momo que ainda não foi cooptado pela ditadura do prazer: os blocos de rua. Neles - nos que ainda não foram assassinados pelo abadá e pelo cordão de isolamento - até mesmo os tristes têm vez. E o folião é um triste em potencial, que precisa beber e esquecer antes que chegue quarta-feira e a vida real volte a bater em sua porta, arrancando a máscara de seu rosto. Nos blocos, que desfilam ao som das velhas marchinhas, o povo é soberano e comanda a própria festa. Sem taxa de adesão, sem regras, sem obrigações que não sejam com a ilusão. A fantasia do folião é, na verdade, a anti-fantasia. O burocrata que passa o ano batendo carimbo numa deprimente repartição se transforma no Pierrô, no Carlitos, no Faraó, na Nêga Maluca, na Cigana, na Colombina... O velhinho que se veste de bebê! O homem barbado que se traveste de mulher! AHHHH, querido! E com que verdade o folião representa a si mesmo enquanto vai atrás do bloco, sob uma chuva de confetes e serpentinas, subvertendo a lógica que regula o mundo do trabalho e oprime o seu desejo de ser feliz... Poupe os blocos de rua, querido! Beijo!

Maria Helena disse...

Arnaldo,
Tambem não gosto de ser direcionada,procuro seguir os meus sentimentos, independentemente da ocasião. Contudo não podemos fugir dos sentimentos das massas, o natal
é amor, o ano novo é a esperança, e o carnaval a alegria, isso tudo não foi tirada do nada, são sentimentos universais, desbravam fronteiras.
Sabemos que tudo pende ao exagero,
e bota exagero nisso, e é aí, que as "graças" das datas, ficam "sem graças",néééé???? mas...!!!!!??????
Bjs

ninguém disse...

Chega pro canto, que também tô neste banco: cansa esta maldita obrigação, imposição, babacação de estar de acordo com o calendário festivo! Começando pelos feriados em que, como você lembra, quem não "sai" é quase um alienígena.
Bom mesmo é ficar e desfrutar da ausência de milhares de chatos que vão "pás praia" ou "subí a serra".
abraços

Anônimo disse...

Não concordo com a Maria Helena. Acho que o chato dessas datas é justamente a obrigação de ser alegre no Carnaval, solidário no Natal etc. Já passei carnavais trancado em casa, lendo e escrevendo, sem saber do mundo lá fora. E foi ótimo. Quando eu disse que gosto do bloco de rua não quis dizer que todos têm de gostar ou que eu tenha de sair no bloco todos os anos. Eu acho que o bom da vida, o grande segredo da felicidade real, é fazer apenas o que se quer fazer. E se perguntar sempre se o que se está fazendo é realmente uma necessidade íntima ou uma imposição das massas. Não se deixar levar pela maioria, remar contra a maré; eis a maior das liberdades.

Andrea Drewanz disse...

Concordo plenamente.
Vc conseguiu dizer tudo que estava preso na garganta! É isso aí... Chega de rótulos na nossa vida.
A gente têm que fazer aquilo que está com vontade. Porque esperar só certas datas para ser solidário, afetuoso, alegre e esperançoso?

Anônimo disse...

Boa, Gostei!!
A sua definição de CARNAVAL define maturidade pela prática, pela lógica e pelo que realmente se é o Carnaval e o Natal. Gostei, voce tem uma visão avançanda por que a maioria se deixa guiar, subir e descer em conceitos divulgados pela mídia, pela tradição e não pelo que o assunto realmente É.
"Pessoas de mentes brilhantes (infelizmente) tem que enfrentar mentes mediocres" E pelo que vejo sua experiencia seus textos passa ter uma mente brilhante e pouco compreendida uma visão que está acima da média. Parabéns! Pessoas iguais a voce tem que continuar... É preciso TAMBÉM desenvolver a humildade faz bem a nós quando vemos que nada somos.
Onde estaremos daqui a 40 anos?
Ou amanhã 26/02? Só o Criador sabe e não diz a ninguém!!
Boa semana
Henrique Brasil