Eu tenho uma grande admiração por estrangeiros que vivem no Brasil. Não os que vêm pra cá pra ficar um tempo, motivados pelo trabalho ou por alguma oportunidade passageira. Nem os que saíram de seus países devido a dificuldades políticas ou econômicas, fugidos ou esfomeados, em busca de abrigo, de um lugar ao sol. Nada tenho contra estes ou aqueles. Cada um deve ser livre pra decidir e escolher onde é que quer (ou pode) viver.
Minha admiração, entretanto, é por aquele estrangeiro que, sem ter nenhuma necessidade específica, sem uma motivação econômica ou política, escolhe o Brasil para viver sua vida. Viver para sempre. Escolhe nosso país pelo que ele tem de mais verdadeiro.
Nutro esta admiração, certamente, por causa da minha incapacidade de sentir-me estrangeiro. Simplesmente não consigo viver feliz numa terra estranha. Já tive esta experiência, algumas vezes, vivendo fora, períodos bem curtos, poucos meses, no máximo. Mas foram suficientes pra deixar bem claro o quanto me faz falta o Brasil. E não falo da óbvia saudade da família e dos amigos. Isso todo mundo sente. Sentia falta, na verdade, é de tudo. Ouvir nossa música, falar nossa língua, comer nossa comida, ler jornais em português. E é por isso que admiro tanto quem consegue sair de sua terra e vir para o Brasil. Acho que chego até a invejar. E essa admiração é muitas vezes aumentada quando este estrangeiro consegue dominar nossa língua. E esse é o caso de dois americanos que escolheram nossa terra para viver: Matthew Shirts e Michael Kepp.
Matthew, ou Mateus, como é chamado pelos amigos, veio ao Brasil, pela primeira vez, há mais de 30 anos e há quase 25 mudou-se definitivamente pra cá. Ele é hoje redator chefe da revista National Geographic Brasil e escreve semanalmente, às segundas-feiras, uma coluna no Caderno 2 do Estadão. Em seus textos, é bastante comum nos depararmos, não com manifestações de surpresa com os hábitos nativos, mas sim, com certa estupefação que seus hábitos de “gringo” ainda provocam nos brasileiros. São textos sempre leves e bem humorados, o que não significa que não tenham profundidade e crítica.
Outro gringo que adotou o Brasil definitivamente é Michael Kepp, nascido no Missouri e que, cansado de um estilo tacanho, típico do meio-oeste americano, resolveu meter uma mochila nas costas e ganhar a estrada à procura de um lugar em que ele coubesse. Depois de muito andejar, acabou caindo no Brasil e por aqui ficou, já se vão 25 anos. Seus artigos podem ser lidos, uma vez por mês, no caderno Equilíbrio que sai na Folha de São Paulo às quintas-feiras. Um conjunto representativo de seus textos também pode ser lido no livro Sonhando com sotaque – Confissões e desabafos de um gringo brasileiro. Um pouco mais ácido que Mateus, Michael Kepp não doura a pílula quando tem que criticar os hábitos brazucas, sem deixar de reconhecer que, apesar de tudo, foi aqui, depois de andar tanto, que encontrou o lugar no qual poderia ser feliz.
Minha admiração, entretanto, é por aquele estrangeiro que, sem ter nenhuma necessidade específica, sem uma motivação econômica ou política, escolhe o Brasil para viver sua vida. Viver para sempre. Escolhe nosso país pelo que ele tem de mais verdadeiro.
Nutro esta admiração, certamente, por causa da minha incapacidade de sentir-me estrangeiro. Simplesmente não consigo viver feliz numa terra estranha. Já tive esta experiência, algumas vezes, vivendo fora, períodos bem curtos, poucos meses, no máximo. Mas foram suficientes pra deixar bem claro o quanto me faz falta o Brasil. E não falo da óbvia saudade da família e dos amigos. Isso todo mundo sente. Sentia falta, na verdade, é de tudo. Ouvir nossa música, falar nossa língua, comer nossa comida, ler jornais em português. E é por isso que admiro tanto quem consegue sair de sua terra e vir para o Brasil. Acho que chego até a invejar. E essa admiração é muitas vezes aumentada quando este estrangeiro consegue dominar nossa língua. E esse é o caso de dois americanos que escolheram nossa terra para viver: Matthew Shirts e Michael Kepp.
Matthew, ou Mateus, como é chamado pelos amigos, veio ao Brasil, pela primeira vez, há mais de 30 anos e há quase 25 mudou-se definitivamente pra cá. Ele é hoje redator chefe da revista National Geographic Brasil e escreve semanalmente, às segundas-feiras, uma coluna no Caderno 2 do Estadão. Em seus textos, é bastante comum nos depararmos, não com manifestações de surpresa com os hábitos nativos, mas sim, com certa estupefação que seus hábitos de “gringo” ainda provocam nos brasileiros. São textos sempre leves e bem humorados, o que não significa que não tenham profundidade e crítica.
Outro gringo que adotou o Brasil definitivamente é Michael Kepp, nascido no Missouri e que, cansado de um estilo tacanho, típico do meio-oeste americano, resolveu meter uma mochila nas costas e ganhar a estrada à procura de um lugar em que ele coubesse. Depois de muito andejar, acabou caindo no Brasil e por aqui ficou, já se vão 25 anos. Seus artigos podem ser lidos, uma vez por mês, no caderno Equilíbrio que sai na Folha de São Paulo às quintas-feiras. Um conjunto representativo de seus textos também pode ser lido no livro Sonhando com sotaque – Confissões e desabafos de um gringo brasileiro. Um pouco mais ácido que Mateus, Michael Kepp não doura a pílula quando tem que criticar os hábitos brazucas, sem deixar de reconhecer que, apesar de tudo, foi aqui, depois de andar tanto, que encontrou o lugar no qual poderia ser feliz.
Ambos, declaram freqüentemente o seu amor ao Brasil. Isso não significa que evitem fazer críticas ao país, suas elites e até mesmo a seu povo. Por que amor é assim mesmo. Amor pressupõe a verdade e a verdade não prescinde das críticas. Quem aceita tudo, quem não se importa com nada, está, na verdade, se lixando. E não é esse o caso destes dois brasileiros.
8 comentários:
Arnaldo,
Eu jamais saberia viver em outro país.Deixar a minha cidade no interior de São Paulo, mudar para São Paulo, Rio e agora Campinas, já foi dificil e traumático.
Falo isso para as minhas primas que adotaram os Estados Unidos como pátria. Uma delas que mora em Denver no Colorado, nasceu no Brasil por acaso. Ela tem a alma americana.
Bjs
Perfeita sua colocação. Pensamos exatamente o mesmo sobre isso. Nas poucas vezes em que viajei para fora e passei mais do que duas semanas, me vi agoniado e com uma necessidade indescritível de estar no Brasil. Sentia saudade de coisas bestas, como por exemplo, soltar um sonoro "vai tomar no c..." em bom e claro português. Coisas assim, que a gente não se dá conta de que fazem uma falta danada, integradas que estão à nossa personalidade. Tirando os casos em que a pessoa é obrigada a sair de seu país por situação de guerra, penúria ou exílio político, não sou capaz de compreender o que leva alguém a sair de sua terra para viver em outra pátria. Entendo alguém que suporte passar um ou dois anos longe. Mas não consigo entender a cabeça de uma pessoa que larga tudo para construir uma vida em outro país.
Alguém disse - não sei quem - e eu ouvi da boca da Denise Stocklos:
"Pátria é acaso de migrações". Concordo plenamente.
Então me inclui nessa lista aí. Brasileira de coração e por vocação. Naturalidade portuguesa.
Arnaldo, tenho a mesma admiração que vc. Por acaso, conheço Mateus, temos amigos comuns. Me parece ser um brasileiro com sotaque, integrado, feliz e crescendo. Não conheço Michael Kepp, mas achei interessante o tema do livro. Outro brasileiro importado a quem eu admiro muitíssimo é o Babenco. Em todos eles, vejo aquilo que não enxergo em mim: uma coragem tranqüila de mudar e esquecer por um tempo o retrovisor, pondo a atenção na terra nova e tornando-a sua. Na próxima geração, terei essa (e outras, quem sabe) inteligência emocional. Abraço.
Arnaldo, na chamada blogosfera conheci um francês que é do tipo fã mas crítico. Ele mora em Vitória, é casado com brasileira e seu blog é uma delícia. Chama-se Francis e é o dono do Vitória-Brasil. Vai lá.
abração
Olá Arnaldo! Legal conhecer teu blog, vi pelo do Bruno... enfim, apenas passando para dizer que compatilho isso contigo. Três criaturas lindas que conheço fizeram essa escolha também. Hoje tenho um grande irmão de capoeira angola gringo cheio de mandinga, um outro cara incrivel que mais é quem me fala sobre Guimaraes R. e também gringo e uma outra dinamarquesa que apesar dos olhos azuis é mulatinha de tudo...rs tão aí a anos e não vão mais embora. Já eu, puts, me pergunto como posso estar tanto tempo longe! Mais de um ano caminhando pelo mundo, literalmente. Ate escrevi para contar pros amigos e desabafar pra não morrer de banzo http://paladardepalavra.blogspot.com/2008/02/eu-sai-cedo-de-casa.html - mas tô voltando, apenas precisava ver até onde esse mundão de Deus vai. Uma vez o Preto Velho me disse: a casa da gente é onde o coração está. Nunca esqueci. Abraços
esqueci disso...rs
o que dizer de Pierre Verger? O cara não apenas sentiu e se entregou na coisa toda, como fez um registro maravilhoso daquilo que estava vendo.
Quem não conhece não deixe de conferir http://www.pierreverger.org
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