Cuba é um país que sempre povoou o imaginário brasileiro. Para o bem e para o mal.
Nos anos 70 provocava um medo lancinante na classe média, ciosa de seus fusquinhas usados, comprados à prestação. Também embalava os sonhos de uma juventude romântica, oriunda desta mesma classe média, faminta de causas, sinceramente convicta de que ansiava pelo bem dos verdadeiros famintos. Olhava-se Cuba, daqui, como o inferno, onde demônios barbudos comiam as criancinhas que encontravam pelo caminho, ou então, como um paraíso, onde a justiça social se forjava sem depender do capital maléfico ou da providência divina.
Provocando a imaginação, seja para um lado ou para o outro, Cuba nunca ocupou uma área de indiferença na mente do povo brasileiro. E é assim até hoje. E é assim, inclusive, pelo fato de os dois povos guardarem uma imensa similaridade. Similaridade na alegria, na miscigenação, na comida e, sobretudo, na música. A música brasileira e a música cubana são, provavelmente, o que de melhor cada um destes povos produz.
O namoro entre as duas músicas sempre existiu. Às vezes de longe, meio dissimulado, com alguma cautela. Outras vezes bem perto, escancarado, como na aproximação entre Chico Buarque e Pablo Milanés, onde uma nova música cubana foi apresentada a uma, infelizmente restrita, audiência brasileira.
Depois, muito tempo depois, outra música cubana foi apresentada ao mundo por Ry Cooder (com uma ajudinha do capital maléfico) através do disco Buena Vista Social Club. Nessa ocasião, os Estados Unidos, além da Europa e da Ásia, conheceram a magnífica performance de Ibrahim Ferrer, Compay Segundo e Ruben Gonzales, entre outros. E nessa leva, o mundo tomou conhecimento de Omara Portuondo.
E agora, mais um namoro se mostra ao mundo. Maria Bethânia e Omara Portuondo acabam de gravar um disco. O resultado é soberbo. Duas cantoras no auge da maturidade, ambas com uma força impressionante, numa sintonia natural e bonita. Um repertório bem pensado e exato, com canções das duas terras, nas quais estas cantoras se entregam. Como não poderia deixar de ser, o acompanhamento destas vozes é sóbrio, mas há, em meio a toda sobriedade, pontos de excelência, como os violões de Swami Jr. e Jaime Alem e o piano do cubano Roberto Fonseca.
Nos anos 70 provocava um medo lancinante na classe média, ciosa de seus fusquinhas usados, comprados à prestação. Também embalava os sonhos de uma juventude romântica, oriunda desta mesma classe média, faminta de causas, sinceramente convicta de que ansiava pelo bem dos verdadeiros famintos. Olhava-se Cuba, daqui, como o inferno, onde demônios barbudos comiam as criancinhas que encontravam pelo caminho, ou então, como um paraíso, onde a justiça social se forjava sem depender do capital maléfico ou da providência divina.
Provocando a imaginação, seja para um lado ou para o outro, Cuba nunca ocupou uma área de indiferença na mente do povo brasileiro. E é assim até hoje. E é assim, inclusive, pelo fato de os dois povos guardarem uma imensa similaridade. Similaridade na alegria, na miscigenação, na comida e, sobretudo, na música. A música brasileira e a música cubana são, provavelmente, o que de melhor cada um destes povos produz.
O namoro entre as duas músicas sempre existiu. Às vezes de longe, meio dissimulado, com alguma cautela. Outras vezes bem perto, escancarado, como na aproximação entre Chico Buarque e Pablo Milanés, onde uma nova música cubana foi apresentada a uma, infelizmente restrita, audiência brasileira.
Depois, muito tempo depois, outra música cubana foi apresentada ao mundo por Ry Cooder (com uma ajudinha do capital maléfico) através do disco Buena Vista Social Club. Nessa ocasião, os Estados Unidos, além da Europa e da Ásia, conheceram a magnífica performance de Ibrahim Ferrer, Compay Segundo e Ruben Gonzales, entre outros. E nessa leva, o mundo tomou conhecimento de Omara Portuondo.
E agora, mais um namoro se mostra ao mundo. Maria Bethânia e Omara Portuondo acabam de gravar um disco. O resultado é soberbo. Duas cantoras no auge da maturidade, ambas com uma força impressionante, numa sintonia natural e bonita. Um repertório bem pensado e exato, com canções das duas terras, nas quais estas cantoras se entregam. Como não poderia deixar de ser, o acompanhamento destas vozes é sóbrio, mas há, em meio a toda sobriedade, pontos de excelência, como os violões de Swami Jr. e Jaime Alem e o piano do cubano Roberto Fonseca.
É um disco pra se ouvir em paz. Sem medo e sem pensar na revolução. Não nessa hora. Ouvir bebendo um bom rum ou uma cachaça da boa, tanto faz. Celebrando a excelência dessa música, nada mais.
Brasil e Cuba. Dois países unidos pelo que há de melhor em cada um deles. Duas divas, não duas celebridades. Elas estão muito acima disso.
Brasil e Cuba. Dois países unidos pelo que há de melhor em cada um deles. Duas divas, não duas celebridades. Elas estão muito acima disso.
6 comentários:
Betânia é mesmo sensacional. Agora, nos anos 70 a classe média comprava carros zero e não eram fusquinhas e Cuba tinha ficado para trás, ou se esqueceu do crescimento a 14%...
Ainda não conhecia a voz de Omara Portuondo.
É realmente bela... e este dueto com Betânia ficou maravilhoso!
Bj
Saudades dos tempos de Chico e Pablo. Faz tempo!
abraços
muito bom as duas juntas mesmo, ja tinha lido sobre a parceria e procurei ouvir. belo texto! concordo duas divas!
É bonito ver como dona Omara se mostra completamente apaixonada e seduzida pela música brasileira. O mesmo vale para Bethânia e a musicalidade cubana.
Oi Arnaldo,
Olha, outro dia assisti uma entrevista com as duas no programa Sem Censura, da TVBrasil. Foi uma delícia de conversa. Duas mulheres divinas com vozes ainda mais divinas!! Duas simpatias!!
Adorei o seu post sobre a parceria das duas divas.
E gostei ainda mais de poder ouvi-las aqui..
Como você postou a música no seu site?? Eu até havia escrito algo sobre elas mas salvei, pois queria postar a música junto!! Me ensina??
Grande beijo e parabéns pelos belos textos!!
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