Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 28 de junho de 2009

Antes tarde

Não sou muito fanático pela leitura de biografias, mas confesso que algumas delas me interessaram, sobretudo as escritas por Ruy Castro, como O Anjo Pornográfico, Estrela Solitária e Carmen, respectivamente sobre Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda. Tenho, isso sim, muita má vontade com as autobiografias ou então as biografias consentidas. Só consente numa biografia aquele que é bem retratado. Aí, acho que não vale.

Foi por isso que relutei muito em ler Minha razão de viver – Memórias de um repórter, a biografia de Samuel Wainer. Fiz mal. O livro, além de delicioso, é um passeio pela história do Brasil, principalmente no que se refere ao período Vargas. E se isso não bastasse, caso houvesse ainda, em mim, algum resquício de ilusão a respeito da possibilidade da isenção da imprensa, este livro derrubaria, definitivamente, esta ingênua ilusão.

Em suas memórias ele mostra, clara e friamente, os mecanismos de engajamento de todos os jornais no serviço de interesses de algum grupo econômico ou político, inclusive o seu Última Hora que foi fundado para apoiar e dar sustentação ao governo de Getúlio Vargas, não o primeiro, autoritário, do Estado Novo, mas o segundo, eleito democraticamente. E, de sobremesa, ainda nos fornece uma visão panorâmica da personalidade do presidente João Goulart.

Entretanto, mais do que um delicioso passeio pela história do país, o que mais se revela é a crua realidade do funcionamento da imprensa no Brasil (não será assim no mundo inteiro?), ressaltando os passos de Assis Chateaubriand e de Carlos Lacerda que souberam, como poucos, utilizar seus jornais para angariar dinheiro e poder. Quem quiser conhecer a história de Chateaubriand, aliás, recomendo a leitura de sua biografia escrita pelo Fernando Moraes.

As memórias de Wainer foram publicadas há mais de 20 anos. Todo jornalista já deve ter lido. Como eu não sou jornalista, reservo-me o direito (ou o pecado) de só tê-lo lido agora. Antes tarde do que nunca.

Um comentário:

Flavih A. disse...

Ahh, eu gosto de ler de tudo um pouco, até biografias.
Mas essa aí ainda não vi.
Mas a dica ficou neh? =D
Vou ler.

Beijo