Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 22 de setembro de 2013

Comendo feijoada em Campinas

Posso dizer, sem chance de equívoco, que feijoada é uma das comidas que eu mais gosto. É um dos pratos mais democráticos que eu conheço, já que, por ter uma quantidade imensa de ingredientes, é difícil encontrar alguém que não goste de nenhum deles.
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Gosto de comer e gosto de fazer em casa. Acontece que feijoada é uma comida que só tem graça fazer pra bastante gente. No mínimo 15 pessoas. E como não é sempre que quero uma multidão à minha volta, eventualmente, pra matar a vontade, temos que recorrer aos restaurantes, que a servem, como é regra e tradição, nos almoços de sábado.
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Em Campinas, eu gostava da feijoada do boteco Seo Pimenta, em Barão Geraldo, servida ao som do bom samba da Velha Arte. O problema é que o boteco pegou fogo e com isso, a cumbuca se foi. Quase em frente ao finado boteco, o Empório do Nono serve uma que não chega a me empolgar.
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Decidimos, então, eu e a Clélia, procurar outras opções na cidade.
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Antes de começar o relato do nosso périplo, vão aí duas informações necessárias:
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Primeramente, nunca encontrei um restaurante que servisse uma feijoada mais gostosa do que a que eu faço. Isso não quer dizer que a minha feijoada é a melhor do mundo. As que minha avó e minha mãe faziam eram melhores que a minha. Deve haver muito boas por aí. Só que eu não consigo encontrar.
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Em segundo lugar, quando vou a restaurantes, prefiro as feijoadas servidas com tudo numa só cumbuca. Não gosto muito daquelas em que cada um dos pertences é servido separadamente. Isso pode até ser prático para que cada um escolha o que mais gosta, mas, assim, perde-se a unidade do prato. Fica cada coisa com um sabor e nenhuma delas com sabor de feijoada.
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Infelizmente, este modo de servir é o que predomina nos restaurantes e botecos hoje em dia. Sendo assim, nos rendemos a esta realidade e provamos feijoada em 3 lugares de Campinas (não no mesmo dia, evidentemente):
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Restaurante Vila Real
Local: Hotel Royal Palm Plaza
Preço: R$ 93,00 por pessoa
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Servida em sistema de buffet, ao som de um trio que toca chorinho e MPB instrumental.  Na ocasião em que nós fomos, contava com a participação de Chiquinho do Pandeiro, o que, por si só, já é garantia de boa música.
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Além do buffet com a feijoada (e mais uns pratos quentes para quem não aprecia a iguaria), há uma mesa de saladas pouco criativa e um balcão em que se servem acarajés. O problema começa justamente aí. O acarajé é absurdamente descaracterizado e, em lugar do vatapá, caruru, camarão seco frito e pimenta, ele é servido com um camarão com creme de leite (ou algo que o valha).  Ainda por cima, os bolinhos de feijão fradinho estavam murchos. Se quiser comer acarajé em Campinas, tem que ir ao restaurante da Tonha.
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Falando da feijoada, propriamente, aconteceu aquilo que eu mais temia. Cada pertence, servido individualmente, parecia ter sido cozido separado, a quilômetros de distância do feijão que, por isso mesmo, não tinha gosto de nada (a não ser de feijão). Colocar no prato um punhado de feijão cozido e alguns pedaços de carne cozidos, não transforma este prato em uma feijoada.
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Se alguma coisa serve de consolo, em termos de comida, o buffet de doces brasileiros é acima do razoável.
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Casa Rio – Bar & Restaurante
Local: Sousas
Preço: R$ 29,00 por pessoa
A Feijoada é acompanhada pelo samba do grupo Canta Brasil, com repertório afiadíssimo. O local apresenta, ainda, a vantagem de servir feijoada, também, aos domingos, excessão à regra.
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Dispostas num buffet mais simples, as carnes são servidas por tipo (e não separadamente). Desta forma, a linguiça e o paio vêm numa mesma cumbuca, o lombo e a costela também estão juntas, assim como orelha e pé. Fiquei com a clara sensação de que todas as carnes foram cozidas juntas e, só depois, separadas para servir. Se for isso mesmo, é fenomenal. Se não for assim, tanto faz, pois o sabor de tudo estava muito bom. Além do mais, há opções no buffet que combinam perfeitamente com o prato, como frango a passarinho, costelinha frita, torresmo e mandioca, que podem funcionar como tira-gosto pra acompanhar o caldinho de feijão.
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O balcão de sobremesas, com doces brasileiros, é bastante autêntico.
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Um único cuidado deve ser tomado. Se não quiser ficar bem no centro da muvuca, com pesoas dançando ao seu redor e música muito alta, inviabilizando a sua conversa, escolha uma mesa um pouco mais distante do palco.
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Choperia Giovannetti
Local: Cambuí
Preço: R$ 53,00 por pessoa
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Servida no salão da belíssima unidade que fica ao lado da prefeitura de Campinas, o diferencial deste restaurante é seu buffet de saladas, extremamente criativo e variado. Além disso, há um terceiro buffet com massas, que não chegamos a provar, mas que pareceu interessante.
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A feijoada, com os pertences em cumbucas separadas, apresenta, apesar disso, um sabor convincente. Couve, farinha, farofa, laranja picada e torresmo compõem, com dignidade, os acompanhamentos. Embora tenha agradado, a lembrança que fica é mesmo do buffet de saladas que, ao lado, oferece, ainda, algumas boas opções de pratos quentes pra quem prefere passar longe do feijão preto. Este buffet é tão bom que, ontem, tendo voltado ao Giovannetti, acabamos declinando da feijoada e nos servimos, além das saladas, de um excelente filé com creme de aspargos, uma lasanha de escarola surpreendente e um risoto de maracujá com gorgonzola delicadíssimo.
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Na casa não há música ao vivo, mas, em compensação, tem um chope Brahma que é, de longe, o melhor da cidade.
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Conclusão:
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Na comparação entre as 3 opções, a que menos gostei foi a do Vila Real. Isso sem falar no preço, que me pareceu extorsivo.
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A minha preferida, considerando o sabor, é, sem dúvida, a da Casa Rio, e também não falo isso influenciado pelo preço, felizmente, o mais baixo dos três.
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Ao Giovannetti, apesar de ter gostado do sabor da feijoada, iremos voltar pelo seu buffet de saladas que me fez levantar várias vezes da mesa em sua direção, passando pela feijoada, sem cair em tentação.
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Como esta busca é infindável, vamos continuar na árdua procura e já estamos planejando conhecer a feijoada do Tonico's Boteco, qualquer sábado destes.

3 comentários:

Eu não tenho conserto disse...

Oi Arnaldo!!! Primeiro quero falar que você acabou de arruinar minha tarde de trabalho... agora eu estou faminta e com mais saudades de Campinas.
A primeira parte do problema eu vou resolver no final de semana, porque aqui tem um restaurante que faz uma feijoada ótima! É de um mineiro, deve ser por isso! Tudo cozido junto! Exatamente como vc disse (e até hoje num tinha encontrado ninguém que reclamasse de ter as carnes separadas.. tb acho que tem que ser tudo junto e misturado).
A segunda parte do problema vou tentar resolver nas férias de final de ano... ô campinas do meu coração... rs
Andei sumida porque o bicho tá pegando aqui no trabalho!
bjão

Larissa disse...

Arnaldo, isso não se faz com uma brasileira longe de casa. Preciso achar um restaurante com feijuca boa para levar o Juan quando chegarmos aí - o que acontece semana que vem!! :)

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Larissa, aquele convite que te fizemos em Madrid ainda está em pé. Se tiverem mais tempo e disposição de vir pra Campinas, faço uma feijoada pra vocês.