O consumismo é, talvez,
uma das maiores pragas que assolam a nossa sociedade. Possivelmente sempre
tenha sido assim, mas, o que sinto, ultimamente, é um exagero neste
comportamento que, por sua vez, alimenta e incentiva uma qualidade, esta sim, uma
das piores que carregamos, intrinsecamente, que é a vaidade. Vaidade aliada ao
consumismo resulta em ostentação que, numa análise rasa, presta-se à tarefa de
se mostrar melhor que os outros aos olhos de todos. É o carro de luxo ou as
roupas de grifes caras, nos dias de hoje, mas já foi a exibição de jóias raras
num passado recente ou, mesmo, mais antigamente, passear num domingo, no centro de uma grande
cidade, ladeado por muitos escravos.
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Outra faceta do
consumismo é o descontrole que, às vezes, ele acarreta. Isso acontece com todo
mundo, mesmo com quem não admita. Eu digo isso por mim, que não ligo pra carro,
pra roupas e sapatos, que nem uso relógio e não me encanto com parafernálias
tecnológicas. Eu, que não me empolgo com a moda e nem com a aparência, tenho,
também, o meu fraco que são os livros.
Compro-os aos montes e
me assusta, diariamente, sempre que olho pras minhas estantes, a certeza de que
não vou conseguir lê-los todos, antes do fim da vida, mesmo atualmente, quando
estou lendo de maneira compulsiva. Essa certeza, porém, não é capaz de fazer-me
parar de comprá-los, ainda mais agora que se pode fazer isso sem gastar tanto
dinheiro através das lojas virtuais. O site Buscapé é um garnde perigo, pois
sempre dá pra encontrar um negócio irresistível numa destas livrarias.

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Eu vinha namorando este
livro há tempos, sempre folheando suas páginas com cuidado, como quem acaricia
uma mulher linda e frágil, para preservar sua integridade. Já me peguei
enamorado com ele nos corredores da Livraria da Vila, nas potronas da Livraria
Cultura e até na FNAC, aquela livraria que virou loja de eletrodomésticos. Em
todas elas, porém, o valor superior a 200 reais sempre me demoveu de comprá-lo. Pode parecer pouco dinheiro pra quem acha natural pagar mais de 150 mil reais
por um carro ou mais de 500 reais por um par de tênis, mas, para aqueles que,
como eu, têm como objeto de desejo os livros, este valor é uma fortuna. Até que
um dia, nos meus passeios pelos sites das lojas, encontrei-o pela metade do
preço. Não foi na semana da black Fryday, mas foi próximo. Não titubeei e agora
que o tenho ao alcance das minhas mãos, miro-o com todo zelo, hesitante em
tocá-lo, para não macular sua virgindade.
2 comentários:
Eu enviei um e-mail à tia Clé há alguns dias falando exatamente da minha compulsão por livros. Tanto pela leitura quanto da compra de mais e mais, mesmo que ainda tenha tantos não lidos.
Me identifiquei muito com o texto porque eu também não ligo pra roupas caras, sapatos e bolsas... Poderia passar a semana inteira usando a mesma roupa e o mesmo sapato... Mas sempre com um livro diferente na cabeceira...
Aqui está um trecho do seu e-mail, Bá (espero que não se importe d’eu reproduzi-lo):
"(...) Os livros que comprei de presente para você e para a minha mãe já chegaram. O dela já foi entregue e o seu será colocado no correio amanhã. Espero que goste...
Ainda estou esperando alguns livros que comprei ontem, no site Submarino (O Extra, o Submarino e o Ponto Frio tem ótimas promoções de livros). Acho que estou me tornando uma compradora compulsiva de livros... E leitora compulsiva também... Não consigo parar... Mas acho que pelo menos esse é um vício saudável, né?
Meus alunos também me trazem muitos livros... Querem dividir comigo o que eles leem. Estou tentando me manter atualizada com os gostos deles. (...)"
E eu lhe respondi: _ É um vício saudabilíssimo!!!
bj gde,
tia Clé
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