Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Objeto de desejo

O consumismo é, talvez, uma das maiores pragas que assolam a nossa sociedade. Possivelmente sempre tenha sido assim, mas, o que sinto, ultimamente, é um exagero neste comportamento que, por sua vez, alimenta e incentiva uma qualidade, esta sim, uma das piores que carregamos, intrinsecamente, que é a vaidade. Vaidade aliada ao consumismo resulta em ostentação que, numa análise rasa, presta-se à tarefa de se mostrar melhor que os outros aos olhos de todos. É o carro de luxo ou as roupas de grifes caras, nos dias de hoje, mas já foi a exibição de jóias raras num passado recente ou, mesmo, mais antigamente, passear num domingo, no centro de uma grande cidade, ladeado por muitos escravos.
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Outra faceta do consumismo é o descontrole que, às vezes, ele acarreta. Isso acontece com todo mundo, mesmo com quem não admita. Eu digo isso por mim, que não ligo pra carro, pra roupas e sapatos, que nem uso relógio e não me encanto com parafernálias tecnológicas. Eu, que não me empolgo com a moda e nem com a aparência, tenho, também, o meu fraco que são os livros.

Compro-os aos montes e me assusta, diariamente, sempre que olho pras minhas estantes, a certeza de que não vou conseguir lê-los todos, antes do fim da vida, mesmo atualmente, quando estou lendo de maneira compulsiva. Essa certeza, porém, não é capaz de fazer-me parar de comprá-los, ainda mais agora que se pode fazer isso sem gastar tanto dinheiro através das lojas virtuais. O site Buscapé é um garnde perigo, pois sempre dá pra encontrar um negócio irresistível numa destas livrarias.

Pois foi justamente isso que aconteceu com o livro João Gilberto, reunião de textos diversos organizados por Walter Garcia e editados pela Cosac Naify. O fato do livro ter saído por esta editora já é um sinal de que o objeto do desejo será caro. A Cosac Naify é a Louis Vuitton das publicações.
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Eu vinha namorando este livro há tempos, sempre folheando suas páginas com cuidado, como quem acaricia uma mulher linda e frágil, para preservar sua integridade. Já me peguei enamorado com ele nos corredores da Livraria da Vila, nas potronas da Livraria Cultura e até na FNAC, aquela livraria que virou loja de eletrodomésticos. Em todas elas, porém, o valor superior a 200 reais sempre me demoveu de comprá-lo. Pode parecer pouco dinheiro pra quem acha natural pagar mais de 150 mil reais por um carro ou mais de 500 reais por um par de tênis, mas, para aqueles que, como eu, têm como objeto de desejo os livros, este valor é uma fortuna. Até que um dia, nos meus passeios pelos sites das lojas, encontrei-o pela metade do preço. Não foi na semana da black Fryday, mas foi próximo. Não titubeei e agora que o tenho ao alcance das minhas mãos, miro-o com todo zelo, hesitante em tocá-lo, para não macular sua virgindade.

2 comentários:

Unknown disse...

Eu enviei um e-mail à tia Clé há alguns dias falando exatamente da minha compulsão por livros. Tanto pela leitura quanto da compra de mais e mais, mesmo que ainda tenha tantos não lidos.
Me identifiquei muito com o texto porque eu também não ligo pra roupas caras, sapatos e bolsas... Poderia passar a semana inteira usando a mesma roupa e o mesmo sapato... Mas sempre com um livro diferente na cabeceira...

Clélia Riquino disse...

Aqui está um trecho do seu e-mail, Bá (espero que não se importe d’eu reproduzi-lo):

"(...) Os livros que comprei de presente para você e para a minha mãe já chegaram. O dela já foi entregue e o seu será colocado no correio amanhã. Espero que goste...

Ainda estou esperando alguns livros que comprei ontem, no site Submarino (O Extra, o Submarino e o Ponto Frio tem ótimas promoções de livros). Acho que estou me tornando uma compradora compulsiva de livros... E leitora compulsiva também... Não consigo parar... Mas acho que pelo menos esse é um vício saudável, né?

Meus alunos também me trazem muitos livros... Querem dividir comigo o que eles leem. Estou tentando me manter atualizada com os gostos deles. (...)"

E eu lhe respondi: _ É um vício saudabilíssimo!!!

bj gde,
tia Clé