Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 21 de setembro de 2014

O samba emblemático de São Paulo

São Paulo ostenta um título, cuja autoria é atribuída a Vinícius de Moraes, o de “Túmulo do Samba”. Seja verdadeira ou não a sua autoria, tenha sido gerada por convicção ou por brincadeira, o que importa é que o título é injusto.

Reconheço, claramente, as diferenças entre o samba praticado, hoje, em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Digo hoje, pois talvez estas diferenças não fossem assim no passado. Ou fossem diferenças diferentes.

Sempre gostei mais da forma com que o samba é praticado no Rio, mas acredito que o samba de São Paulo, hoje em dia (e quando digo isso, refiro-me aos últimos 20 anos), guarda mais proximidade com o samba carioca autêntico do que o próprio. Com o samba da Bahia, que involuiu do prato e faca para o axé, não tenho nenhuma paciência.

Um bom exemplo do melhor samba de São Paulo é o CD Carlinhos Vergueiro interpreta Paulo Poeta Compositor Cientista Boêmio Vanzolini.

Menos incensado que Adoniran Barbosa, como símbolo do samba de São Paulo, considero Paulo Vanzolini o representante mais emblemático (e mais importante) do samba na terra da garoa. Cientista internacionalmente reconhecido, falecido há pouco mais de um ano, ele sempre se intrigava com o fato de ser, no Brasil, mais famoso por alguns de seus sambas do que pelo seu amplo trabalho científico e acadêmico. Uma prova inequívoca da sabedoria popular, que soube dar a verdadeira importância a alguns clássicos de sua obra como Ronda ou Volta por Cima. Embora não sejam tão famosos, os sambas de minha preferência são Praça Clóvis e Mente, este composto em parceria com Eduardo Gudin. Uma das virtudes do CD foi mesclar alguns clássicos do autor com obras bem menos conhecidas.

Embora tenha composto muitas canções, o que mais me atrai em Carlinhos Vergueiro é sua voz grave e sua forma, absolutamente paulista, de cantar. É muito bom, de vez em quando, ouvir um samba sem o chiado nos esses e a rascância dos erres.


Maria que ninguém queria (Paulo Vanzolini) – Carlinhos Vergueiro

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