São Paulo ostenta um título, cuja autoria é atribuída
a Vinícius de Moraes, o de “Túmulo do Samba”. Seja verdadeira ou não a sua
autoria, tenha sido gerada por convicção ou por brincadeira, o que importa é
que o título é injusto.
Reconheço, claramente, as diferenças entre o samba
praticado, hoje, em São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Digo hoje, pois talvez
estas diferenças não fossem assim no passado. Ou fossem diferenças diferentes.
Sempre gostei mais da forma com que o samba é
praticado no Rio, mas acredito que o samba de São Paulo, hoje em dia (e quando
digo isso, refiro-me aos últimos 20 anos), guarda mais proximidade com o samba
carioca autêntico do que o próprio. Com o samba da Bahia, que involuiu do prato
e faca para o axé, não tenho nenhuma paciência.
Um bom exemplo do melhor samba de São Paulo é o CD
Carlinhos Vergueiro interpreta Paulo Poeta Compositor Cientista Boêmio
Vanzolini.
Menos incensado que Adoniran Barbosa, como símbolo
do samba de São Paulo, considero Paulo Vanzolini o representante mais
emblemático (e mais importante) do samba na terra da garoa. Cientista
internacionalmente reconhecido, falecido há pouco mais de um ano, ele sempre se
intrigava com o fato de ser, no Brasil, mais famoso por alguns de seus sambas
do que pelo seu amplo trabalho científico e acadêmico. Uma prova inequívoca da
sabedoria popular, que soube dar a verdadeira importância a alguns clássicos de
sua obra como Ronda ou Volta por Cima. Embora não sejam tão
famosos, os sambas de minha preferência são Praça
Clóvis e Mente, este composto em
parceria com Eduardo Gudin. Uma das virtudes do CD foi mesclar alguns clássicos
do autor com obras bem menos conhecidas.
Maria que ninguém queria (Paulo Vanzolini) – Carlinhos Vergueiro
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