As últimas pesquisas do
Ibobe e Datafolha mostram as intenções de votos válidos absolutamente
empatados. Mais uma vez, parece que a sociedade está dividida. Como já falei
aqui e também na página do Facebook, identifico gente respeitável entre os
eleitores de ambos os partidos. Encontro também, infelizmente, muita gente
intolerante dos dois lados, a maioria, aliás. E, até nisso, parece que se mantém
a divisão.
Respeito a diversidade
de opiniões, mas não respeito a intolerância. Pode ser uma falha de caráter de
minha parte, mas não consigo conviver bem com pessoas que expressam posições
racistas, homofóbicas e autoritárias. Posso até entender, no calor da disputa
eleitoral, que surjam, nas redes sociais, ataques a candidatos adversários, por
parte dos entusiastas de um ou de outro lado do espectro político. Acho uma
pena que estas manifestações, em sua maior parte, não estejam embasadas em uma
reflexão mais profunda, fruto de discussões honestas. Mas, até isso, essa forma
de tratar eleição como se fosse jogo de futebol, eu consigo compreender.
O que tem me
incomodado, desta vez, é que as pessoas, além de expressarem sua crítica aos
candidatos (e aos políticos, em geral), estão dirigindo ofensas aos eleitores
do lado adversário. Quem tem a minha idade e demorou a poder votar para
presidente sabe o quanto é importante respeitar a decisão dos eleitores. Sou
favorável a discutir, a argumentar, a discordar. Ofender jamais. Tampouco
menosprezar quem tenha ideias divergentes.
A única coisa que não
está dividida é a atuação da mídia. Não sou daqueles que têm ilusões a respeito de uma imprensa isenta. Isso não existe, nem aqui, nem em
lugar nenhum do mundo. O que seria desejável, na verdade, é que cada órgão de
imprensa deixasse bem claro qual é seu posicionamento. Isto é absolutamente
legítimo e todos os jornais e revistas têm seu espaço editorial para expressar
suas preferências partidárias. Na hora de noticiar, porém, o que o bom
jornalismo prega é que se adote uma posição honesta. Notícia é fato e não deve
ser manipulada, independentemente de ser a favor ou contra a orientação
política do jornal. Quando um órgão de comunicação tenta esconder sua
orientação e publica os fatos de forma tendenciosa, aí, devemos desconfiar.
Quais são os interesses que estão por trás desta estratégia?
Dois exemplos de posicionamento
claro são a Revista Carta Capital e o portal de notícias GGN, do jornalista
Luis Nassif. Em ambos os casos, está declarada a definição por uma candidatura
e isso não impede que críticas sejam feitas às ações e atos praticados pelos partidos e políticos que eles apoiam. Isso é transparência. Isso é responsabilidade.
Pode-se muito bem posicionar-se a favor de um programa ou um projeto político e
noticiar os fatos de maneira honesta e não tendenciosa.
Infelizmente, porém,
esta prática não é seguida pela maioria dos órgãos de comunicação. A Folha de
São Paulo, a Revista Veja e a Rede Globo de televisão são, provavelmente, os
exemplos mais claros desta falta de transparência e honestidade com a notícia, em
cada um dos diferentes meios de comunicação de massa. Nestes órgãos, os
profissionais de jornalismo são tutelados com rédea curta e a liberdade de
expressão é controlada de maneira seletiva, conforme a orientação da empresa.
Infelizmente, poucos jornalistas se rebelam, conscientes de que teriam fechadas
as portas do mercado de trabalho, se o fizessem (Xico Sá foi uma estrondosa
exceção).
Um comentário:
Ótimo texto, Arnaldo. O que, de alguma maneira, me anima, é ver entre parte dos amigos uma discussão bem bacana, consistente. Pena que sejam minoria!
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