Gosto dos livros da
coleção Povos & Civilizações da Editora Contexto. A proposta é analisar a
característica de uma determinada sociedade, utilizando a história de seu povo
como o fio condutor desta análise. Já li Os
Americanos, Os Espanhóis e Os Argentinos, nessa ordem. Agora,
terminei de ler Os Portugueses, da
professora Ana Silvia Scott, que segue a mesma proposta dos anteriores.
O que notei,
entretanto, é que, neste caso, a utilização da história foi bem mais apurada do
que os que li anteriormente. Isso, aliás, foi o que mais me seduziu no livro,
já que sei muito pouco sobre a história de Portugal. Como a própria autora
ressalta, parece que a historiografia brasileira desinteressou-se dos lusitanos,
depois da partida da família real de volta à Europa. Só voltamos a nos
interessar por eles a partir da Revolução dos Cravos.
Desta maneira, foi
muito interessante saber mais sobre o período sob Salazar, por exemplo. Sempre
identifiquei este regime com o de Francisco Franco, na Espanha ou Benito
Mussolini, na Itália, mas, pude perceber que houve uma série de características
únicas na ditadura portuguesa, que durou mais de 40 anos, já que não terminou
com a morte de seu criador, tendo sobrevivido, ainda, mais seis anos pelas mãos
de Marcelo Caetano.
Como não podia deixar
de ser, o livro trata da relação entre brasileiros e portugueses, tanto aqui
quanto lá. Mostra, principalmente, como esta relação, por parte dos
portugueses, sofreu, ao longo dos anos, alterações constantes, indo da mais
profunda admiração até o sentimento de desprezo, não chegando a atingir,
entretanto, o patamar de intolerância que é dispensada aos imigrantes
africanos.
Outra característica
que é salientada no texto é a capacidade de adaptação deste povo a novas
culturas. Sendo uma gente que emigra muito, herança do tempo das grandes
navegações, os portugueses conseguem a façanha de, ao mesmo tempo, manter vivas
as tradições lusitanas e adaptar-se ao modo de vida das sociedades pra onde
migram.
Enfim, é um livro
valioso pra quem, como eu, interessa-se em entender, ao menos um pouco, como
pensam todos os outros povos.
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