
O maior mérito do livro
é o de desfazer alguns mitos, começando com as condições e o ambiente em que ocorreu
a proclamação da independência. A primeira informação é a de que no fatídico
dia 7 de setembro, a situação intestinal do futuro imperador era absolutamente
desconfortável, o que o obrigava a interromper, sistematicamente, a viagem de
Santos a São Paulo, para aliviar-se no denso matagal que cobria as margens da
estrada. Além disso, por uma questão de conforto, D. Pedro montava uma mula,
nem de longe parecida com o exuberante cavalo que Pedro Américo pintou no famoso
quadro Independência ou morte, 50
anos depois.
Outro mito desfeito
pelo livro é o de que a independência foi um movimento pacífico. Na verdade, o
que Laurentino mostra é que muita gente morreu, tanto do lado português quanto
do brasileiro, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde algumas
batalhas bastante sangrentas foram travadas.
Apesar da personagem
principal, evidentemente, ser o imperador, o livro dedica capítulos a outras importantes
figuras como a princesa Leopoldina, José Bonifácio, o Chalaça e a Marquesa de
Santos. E trata de questões emblemáticas como a questão do Dia do Fico, da
constituinte e da influência da maçonaria na independência.
Por fim, mostra como o
imperador, apesar de um homem iletrado, quase bronco, teve habilidade política
para conseguir apoios, principalmente no Nordeste, onde dominavam os poderosos
senhores de engenho de açúcar, comprometendo-se com eles de que não iria acabar
com a escravidão, apesar de ser, tanto ele quanto Bonifácio, convictos
abolicionistas.
Apesar de não ser
historiador, Laurentino Gomes trata a história com muita honestidade,
pesquisando incansavelmente os dados, que, aliada à qualidade do texto,
proporciona aos aficionados por história, como eu, uma leitura sempre
prazerosa.
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