Nos regimes totalitários
de direita, estas pessoas são classificadas como comunistas (mesmo tantos anos
após a queda do muro de Berlim este tipo de argumento ainda seduz hordas de histéricos).
Nos regimes totalitários de esquerda a arte e o pensamento intelectual são formatados
para servir à burocracia do estado. Neste aspecto, os regimes totalitários, em todo
o espectro, se igualam (na verdade, se igualam em muitas outras situações). Todos
suprimem e perseguem os artistas e intelectuais.
Arte e pensamento só florescem
em ambiente de liberdade ou na luta para conquistá-la.
Eu não sou artista e,
muito menos, intelectual, mas encaro a arte e o pensamento como os dois mais
importantes ingredientes para meu enriquecimento pessoal (não estou falando de
dinheiro, é claro). É através da leitura e da compreensão das mais variadas
manifestações artísticas que eu tento me realizar como ser humano e extrair
prazer da vida. Eu estranho quem, tendo acesso a isso, consiga viver sem. Se as
pessoas procurassem experimentar o prazer que isso proporciona veriam quanto
bem isso faz.
Entendo que a maioria
das pessoas, sobretudo no Brasil, não tenham este acesso. Comer, beber, ter
onde morar e outras coisas comezinhas são preocupações mais urgentes. É
justamente por isso que eu defendo um modelo de estado mais justo, com menos
desigualdade, com mais solidariedade e menos violência. Um mundo em que estas
questões corriqueiras não fossem tão urgentes possibilitaria, para mais pessoas,
a oportunidade de experimentarem a satisfação que o saber e o conhecimento proporcionam.
O modelo brasileiro alija
uma porção esmagadora da população da possibilidade de encontrar este
conhecimento e este prazer. Empurra esta parcela da nação ao consumo de
entretenimento e tenta convencer a todos que estão consumindo arte. Não tenho
nada contra o entretenimento, mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
coisa, como não cansava de repetir o Tim Maia.
Esta situação,
entretanto, não é gratuita. Sempre foi interessante, para quem detém o poder, impedir
o acesso ao conhecimento que produza reflexão. Foi assim em toda nossa história
republicana, foi assim no nosso período imperial. E, não por acaso, sempre que
há algum risco de que o pensamento crítico possa prosperar na sociedade, a
reação recrudesce e conduz o país a um ambiente irrespirável. E nesse ambiente
rarefeito, a incultura passa a ser virtude.
É por isso que se defende um modelo de educação sem cultura e sem pensamento crítico. Confundem educação com treinamento. E isso é muito útil para conservar as coisas como sempre foram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário