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domingo, 18 de março de 2007

Compromisso com o samba

Do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, extraímos este texto, ao consultarmos o verbete Marçal (Armando de Souza Marçal):


Compositor. Ritmista. Pai do percussionista Mestre Marçal e avô de Marçalzinho. De família muito pobre, teve muitas dificuldades na infância, e não conseguiu nem mesmo cursar o primário. Especializou-se como lustrador de móveis, trabalhando em diversos hotéis do Rio de Janeiro. Ainda trabalhando como lustrador, faleceu aos 45 anos, no seu escritório da Victor, de ataque cardíaco.


Só no Brasil, um compositor precisa trabalhar como lustrador de móveis, mesmo sendo autor de tantos sambas importantes, alguns clássicos, como A primeira vez ou Agora é cinza, sempre em parceria com Bide (Alcebíades Maia Barcelos).

Pois agora seu neto Marçalzinho lança, ao lado de Moacyr Luz, o CD Sem compromisso, o primeiro na percussão e o segundo cantando e tocando violão.

Não tenho nada contra batucada, nem contra o cavaquinho. Alguns grandes conjuntos de samba me agradam, mas o que mais me emociona é quando o samba é tocado assim, como toda a simplicidade, só violão e percussão. Uma voz e quatro mãos.

O CD traz sambas de primeira linha, quatro deles da dupla Bide e Marçal. E tem ainda Geraldo Pereira, Zé Ketti e Mauro Duarte, além de sambas, já conhecidos, do próprio Moacyr.


Um disco despretensioso, em que o único compromisso é com o bom samba. Absolutamente encantador.

9 comentários:

Anônimo disse...

É lindo mesmo. Parece coisa de subúrbio, o samba tocado na calçada.

Diego Moreira disse...

Tambem curto a simplicidade do samba.
Lembro de uns versos do Billy Blanco onde ele dizia:

"Toda a riqueza do mundo não vale o terreiro onde eu faço meu samba, com simplicidade. Com as pastoras na rua, com um pedaço de lua e a palavra saudade. Violão, pandeiro, tamborim na marcação e reco-reco. Meu samba, viva meu samba verdadeiro porque tem Telecoteco".

Vivien Morgato : disse...

Acho que daqui a pouco, tb vou trabalhar como lustradora de móveis.;0(
Professora....

l disse...

não há nada como um samba tocado e cantado com simplicidade...
;)
deixando um beijinho,
Lu.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Cláudia

É o jeito que eu mais gosto de ouvir samba. O jeito que, normalmente, um samba é feito.

Diego

Lembro-me de ouvir esse samba do Billy Blanco (viva meu samba) num LP do Silvio Caldas que era do meu pai e que eu roubei.

Vivien

Professor, na minha opinião, a profissão mais desrespeitada no Brasil.

Lulu

Obrigado pelo beijinho. Eu adoro isso!!!

Unknown disse...

Arnaldo: acabo de ouvir o CD novo do Moacyr. Você sabe que sou fã do cara, fã de carteirinha e amigo pessoal. Mas, falando com toda a honestidade, achei esse o pior disco da carreira dele. Você não acha que há algo de errado com a voz do Moa? Não lhe pareceu que ele gravou o disco sem tesão? Ele nunca foi exatamente um grande cantor, mas dessa vez não emplacou a marca do intérprete. O disco não conseguiu me emocionar, apesar de o repertório ser excelente. Abç!

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Bruno,

Eu gostei muito, principalmente por que me agrada essa maneira mais minimalista de fazer samba, sem muitos instrumentos, só violão e uma percussão básica. Além do mais, gosto muito dos sambas da dupla Bide e Marçal, que nunca tiveram seu valor reconhecido.

Gostei bastante mesmo.

Unknown disse...

Sim, eu também gostei. Adoro Bide e Marçal, adoro o samba tocado com economia de instrumentos, nesse ponto está tudo impecável. Eu me refiro mesmo é à voz do Moacyr. Não está legal. Compare-a ouvindo o disco "Na Galeria", que também é muito minimalista. Neste "Sem Compromisso" ele chega até mesmo a desafinar, além de não transmitir nenhuma emoção nas faixas interpretadas. Ironicamente, o título do álbum caiu como uma luva, pois pareceu-me mesmo que Moa e Marçalzinho gravaram o disco numa única tarde, um pouco cansados de tudo, sem compromisso com a qualidade. Pena.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

É isso mesmo Bruno. Nesse sentido você tem razão. Ele chaga a desafinar, mas a sensação que eu tenho é que ele sempre desafina um pouco. Na verdade, eu sempre me incomodava com a voz dele, tanto que não fui vê-lo na primeira vez que ele cantou no Tonico`s por que achava que ele cantava mal. Hoje, estou muito mais tolerante com isso e, assim, ouço numa boa os discos dele,do Guinga e do Gudin, por exemplo.

O disco do Moacyr Luz que eu mais gosto é o Samba da Cidade. De longe!