Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quarta-feira, 14 de março de 2007

MPB3

Gosto muito de conjuntos vocais masculinos. Gostava dos Cariocas, com seu repertório de clássicos da bossa nova, embora me incomodasse o exagero na utilização do falsete. Gostava do Boca Livre, com seu repertório mais autoral e no qual era possível identificar qualidade em algumas vozes individuais, coisa rara neste tipo de conjunto. Nunca achei tanta graça em conjuntos vocais mistos e muito menos nos femininos. Questão de gosto.

Mas, de todos os grupos, o que eu sempre preferi, de longe, foi o MPB4. A tonalidade grave de seu canto, principalmente quando executava as canções em uníssono, sempre me encantou. E esse conjunto era um dos recordistas mundiais em longevidade com a mesma formação.

Era! Pois há 3 anos, um dos componentes, Ruy Faria, saiu do conjunto. Não vem muito ao caso os motivos dessa saída, mesmo porque, eu não me interesso por fuxicos. O que interessa é que, para substituí-lo, foi chamado o cantor Dalmo Medeiros, tenor do extinto conjunto Céu da Boca. Aliás, desse conjunto, saíram várias cantoras com alguma qualidade, como Paula Morelenbaum, Eveline Hecker, Verônica Sabino e Maucha Adnet.

Ainda não tinha ouvido o som do MPB4 com a nova formação e, na semana passada, vi na prateleira de uma loja o CD MPB4 – 40 anos. Comprei-o e já fui ouvindo no carro. Fui ansioso pra ouvir alguma coisa que me tocasse, como me provoca enorme emoção quando ouço gravações antológicas deste conjunto, como Pesadelo, Cicatrizes, Pressentimento e a que mais me emociona, Canto Triste, cantada a capela. Infelizmente, a nova sensação foi decepcionante.

A voz de Dalmo Medeiros é muito aguda e cheia de uns floreios que não combinam com o estilo do grupo. E o disco, gravado ao vivo, busca aquela solução fácil de agradar a platéia através da execução de grandes sucessos. E logo a primeira faixa, provavelmente o maior sucesso do grupo, Amigo é pra essas coisas, soa muito mal, quase um desrespeito à gravação original. Nesta canção, e naquela gravação, sobressaía-se a voz solo do Ruy, num duelo com Aquiles. A combinação era perfeita. Como coube a Dalmo Medeiros a incumbência de cantar a linha de Ruy, o resultado saiu sofrível.

A gravação do disco é cheia daquelas participações do público, cantando junto ou batendo palmas (sempre fora do ritmo), que tanto me irrita quando vou a shows. E este show contou com participações especiais de Cauby Peixoto, Roberta Sá, Zeca Pagodinho e Milton Nascimento, todos, absolutamente, deslocados. Há ainda duas faixas bônus, com participação de Chico Buarque, que, aparentemente, não participou do show. Nem isso salva o disco.

Pra não dizer que não se pode aproveitar nada do CD, há, na faixa Refém da Solidão, um arranjo muito criativo e cujo resultado lembra muito o som do velho MPB4. Só isso. Que pena!

8 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

*



putz, concordo com você.
me incomoda homem com vozinha aguda.
o único que tolero, às vezes, é o caetano.
mas só quando ele tá muito inspirado.




*

Anônimo disse...

Realmente é complicado achar algo novo em matéria de grupo vocal, com compromisso com a música bem-elaborada. Hoje em dia, com influências muito fortes do black music, grupo vocal se tornou sinônimo de "Fat Family": se não tiver aquelas vozes em contracantos e, as vezes, em tons exageradamente exagerados, não é grupo vocal. Mas, na minha opinião um show ao vivo não é bom lugar para mostrar téncica, a não ser que seja bem estudado, num acústico, talvez.
Um grupo que vale citar é Quarteto em Cy, com arranjos de contraltos definidos e delicados, mandava bem nas mensagens sem competir em altura de decibéis.
Roupa nova costuma fazer um a capella interessante em "Yesterday".
Porém, indo para o lado internacional, encontram-se grupos pop muitas vezes sem brilho, mas que têm pelo menos 3 vozes. Eu acho interessante essa tendência que tem crescido cada vez mais, embora uns sejam vindos de efeitos de estúdio, mas em outros grupos é fácil encontrar um refrão com arranjos vocais interessantes. O chavão do momento é dizer que vem de igreja (a maioria dos cantores de "gógó" se refere à formação musical erudita que tiveram nos tempos de igreja) Destiny's Child, da Beyoné entre outros muitos grupos mal vistos por uns e adorados por outros mostram isso: que entendem algo de técnica vocal.
E viva a diversidade!
...é isso...
abraços, eLi
:-]

Anônimo disse...

eu gostava dos Titulares do Ritmo.

Anônimo disse...

Pois é, Arnaldo. Também não gostei desse CD. Me arrependi amargamente de tê-lo comprado. Nunca fui muito fã de grupos vocais, masculinos ou femininos. E nem mesmo a belíssima Refém da Solidão consegue se salvar com o MPB4. É canção para uma só voz, de preferência uma voz que seja assim... Elizeth Cardoso... ;-)

Abração!

PS - vcs vão estar em casa no domingo, dia Primeiro de Abril? Responda por e-mail. Quem sabe fazemos algo.

Vivien Morgato : disse...

Chato quando é decepcionante. Nem Chico salva o cd? putz...

Anônimo disse...

Também gosto muito do MPB4, mas ainda não ouvi nada com o moço novo que entrou agora.Que pena que não ficou bom.

Anônimo disse...

Eu também sou um órfão do Ruy. Sempre fui fã do MPB4, e acho que o Ruy dava personalidade ao grupo. Talvez por ser o mais palhaço deles, pelo menos nos shows. E a voz dele era bem marcante. Também não entro no mérito dos motivos da separação, que não conheço o bastante, mas o fato é que foi uma espécie de luto saber que o Ruy tinha saído do MPB4. Pra mim, o grupo perdeu a graça. Respeito o Dalmo, mas pra mim soa como um impostor, um intruso. Uma reação bem passional da minha parte, admito.
Abraço.
Bap

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Pra quem, como eu e o Baptistão, se sentiu órfão do Ruy, acabei de comprar um CD em que ele canta em dupla com o Carlinhos Vergueiro, resgatando uma antiga tradição brasileira de dupla de cantores. Vou ver se venço a preguiça e escrevo um post sobre o disco.