Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Novamente o Rio

Novamente no Rio de Janeiro, novamente em Santa Cruz. Lugar desprovido de beleza, mas o Rio não é só Ipanema ou a Barra da Tijuca. Novamente o risoto de camarão no Siri da Barra, o que não foi, exatamente, um sacrifício.

Mas no segundo dia da viagem, mais conhecido como hoje, os amigos me levaram pra almoçar no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, também conhecido como Feira de São Cristóvão e que um deles chamou mesmo de Feira dos Paraíbas. Deixei passar esse deslize discriminatório, pra não arrumar confusão e resolvi encarar. Logo na entrada um aviso, muito bem impresso e em letras garrafais, esclarecia que era proibido entrar no recinto portando armas de fogo. Logo pensei: do lado de fora está liberado? Além disso, na porta do pavilhão, uma troca de sopapos entre um travesti e um provável cliente, com uns policiais tentando botar panos quentes.

O aviso meigo e o qüiproquó na entrada me animaram. O lugar promete!

De fato, o lugar é espetacular. Eu tenho nas veias um tanto de sangue nordestino herdado do meu avô materno, que se mistura com o sangue espanhol dos antepassados mais distantes e com o álcool, evidentemente. Por isso, tenho um carinho muito especial pelos nordestinos.

Algumas lojinhas estavam abertas e deu pra ver uma profusão de produtos típicos à venda, como artesanato, comidas, sapatos e roupas. O que mais me seduziu, entretanto, é que não é uma feira para turistas como o maravilhoso Mercado Central de Fortaleza ou o Mercado Modelo em Salvador. É exatamente o contrário. É uma feira no Rio de Janeiro feita pros nordestinos que vivem naquela cidade.

Almoçamos lá, uma carne de sol esplêndida, que perde somente pra do restaurante Entre amigos-o Bode, em Recife, esta imbatível.

O que fica claro, porém, é que é à noite que a coisa pega, com dois palcos enormes onde rola muito forró. Na minha próxima viagem ao Rio, tenho que marcar a volta para o sábado!

Um comentário:

Beatriz Fontes disse...

Da última vez em que estive em Sergipe, terra de meu avô materno, fui passear no mercado municipal. Lá, encontrei dois repentistas fantásticos e o senhor João Firmino Cabral, que vende literatura de cordel numa banca em frente.

Ao saber que falava com uma carioca (embora neta de sergipano de Riachão do Dantas), seus olhos se encheram de lágrimas - tá, isso pode ser exagero, mas ele ficou um tanto emocionado - ao lembrar da Feira de São Cristóvão. Nas palavras dele: "Vocês lá tem a Feira que não tem em nenhum lugar do Nordeste".

E eu, que nunca tinha dado o devido valor à Feira de São Cristóvão, tive que engolir em seco. Hoje, todo turista que pinta por aqui dou um jeito de levar para lá.