Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 29 de abril de 2007

Questão de gosto

O filme tem uma fotografia viva. Um som vibrante, uma cadência ágil, uma sensualidade autêntica. Tem uma temática interessante e uma direção criativa e eficaz. E apesar de tudo isso eu não gostei. A Clélia e a Cecília gostaram, mas eu não gostei.

Trata-se de Ó Paí, Ó, de Monique Gardenberg. Os atores principais, muito bons, a maioria. Lázaro Ramos, ótimo como sempre. Stênio Garcia, ótimo como sempre. Dira Paes, ótima como sempre. Wagner Moura nem tanto. Emanuelle Araújo gostosíssima e isso basta. Achei os atores coadjuvantes muito fracos, falando suas falas de modo bem decorado. Parecia jogral.

O filme perde a chance de mostrar, com profundidade, três grandes problemas que ocorrem na Bahia. Passa por eles de maneira tênue, quase subliminar.

O primeiro é a questão do racismo em Salvador, uma das cidades mais negras do Brasil e onde o racismo é um dos mais truculentos. O segundo problema é a agressividade com que o candomblé tem sido tratado pelas igrejas evangélicas. Depois de séculos convivendo de maneira harmoniosa com a igreja católica, os orixás têm sido vítimas de uma campanha bastante violenta das novas igrejas cristãs.

O terceiro problema é a polícia baiana, considerada, de longe, a mais violenta do Brasil. Uma polícia que mata antes de perguntar e que, proporcionalmente, produz mais presuntos do que em São Paulo ou Rio de Janeiro. E tudo isto está presente no filme, mas de uma forma branda e macia. Há assuntos que não podem ser tratados de maneira tão singela.


Mas o que mais me incomodou no filme, e este é o motivo da minha chateação, foi a música. Toda a música, durante todo o tempo, é aquele axé de Araketu, Margareth Menezes, Daniela Mercury, Olodum e companhia. Não tenho nada contra. Só não gosto. Na verdade, odeio.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nada contra, só odeia?!??!??!? Perfeita sua frase!

Clélia Riquino disse...

O batuque do Olodum me seduz...! Gostei da trilha do filme (mesmo não sendo fã do Axé); das pessoas dançando; da sensualidade; da alegria; da manemolência do baiano... Uma cena que me tocou, em especial: a do personagem de Lázaro Ramos falando o que é ser negro. De arrepiar...

Clélia Riquino disse...

A cena dele pintando o corpo da menina tb é muito legal!

Vivien Morgato : disse...

Eu quero ver, depois comento.Tb não sou lá muto fã de axé, mas Margareth Menezes e Daniela Mercury são um caso à parte: adoro.

Graziana Fraga dos Santos disse...

puxa, tb não gosto de axé!
mas fiquei curiosa pelo filme,quero ver ;)