Há muito tempo eu deixei de ter a ilusão de uma imprensa imparcial. Aliás, nem acho que ela deva ser assim. Reconheço que seja legítimo, a qualquer órgão de imprensa, manifestar claramente uma posição política. O que me incomoda é quando isto é feito de maneira escamoteada. Quando há uma pose de imparcialidade e, ao mesmo tempo, uma tentativa de induzir o público a uma determinada conclusão. É muito negativo quando este público acredita que está recebendo informação, quando, na verdade, está recebendo opinião. Uma opinião pasteurizada, pré-concebida. E é isso que tem acontecido com a maioria dos grandes órgãos de imprensa.
Não sou ingênuo a ponto de não perceber que qualquer empresa de comunicação, seja ela um jornal ou um canal de televisão, é antes de mais nada uma empresa. E, como tal, ela tem interesses econômicos muito claros, tendo o lucro como principal objetivo. Uma empresa cuja receita vem dos anunciantes, o que faz com que o rigor investigativo de suas reportagens esteja sempre atrelado aos interesses destes.
A revista Veja, por exemplo, há muito tempo, transformou-se num Programa Fantástico feito de papel. Suas reportagens, cada vez menos profundas, zelam pela superficialidade e pelo cuidado em não ferir susceptibilidades de quem a mantém. Sua ideologia é mascarada, é escondida atrás de uma couraça de imparcialidade que não se sustenta à mais rala análise.
É por isso que eu prefiro ler a revista Carta Capital. Embora tenha uma clara postura favorável ao governo Lula, é essa clareza que me tranqüiliza. Mesmo que eu discorde de alguns dos pontos defendidos pela revista, é alentador que eu não perceba nenhuma tentativa de esconder essa defesa.
Há publicações, entretanto, que têm compromisso com a ideologia e não com os fatos. É o caso da revista Caros Amigos. A convicção de seus articulistas é tão sólida que os cega, tornando-os absolutamente incapazes de um mínimo de auto-questionamento. Apesar de toda esta carga de auto-suficiência, me agradam as entrevistas especiais (que eles gostam de chamar de explosivas), sempre estampadas na capa da publicação.
Não sou ingênuo a ponto de não perceber que qualquer empresa de comunicação, seja ela um jornal ou um canal de televisão, é antes de mais nada uma empresa. E, como tal, ela tem interesses econômicos muito claros, tendo o lucro como principal objetivo. Uma empresa cuja receita vem dos anunciantes, o que faz com que o rigor investigativo de suas reportagens esteja sempre atrelado aos interesses destes.
A revista Veja, por exemplo, há muito tempo, transformou-se num Programa Fantástico feito de papel. Suas reportagens, cada vez menos profundas, zelam pela superficialidade e pelo cuidado em não ferir susceptibilidades de quem a mantém. Sua ideologia é mascarada, é escondida atrás de uma couraça de imparcialidade que não se sustenta à mais rala análise.
É por isso que eu prefiro ler a revista Carta Capital. Embora tenha uma clara postura favorável ao governo Lula, é essa clareza que me tranqüiliza. Mesmo que eu discorde de alguns dos pontos defendidos pela revista, é alentador que eu não perceba nenhuma tentativa de esconder essa defesa.
Há publicações, entretanto, que têm compromisso com a ideologia e não com os fatos. É o caso da revista Caros Amigos. A convicção de seus articulistas é tão sólida que os cega, tornando-os absolutamente incapazes de um mínimo de auto-questionamento. Apesar de toda esta carga de auto-suficiência, me agradam as entrevistas especiais (que eles gostam de chamar de explosivas), sempre estampadas na capa da publicação.
E desta revista, uma coluna que sempre me dá muito prazer ler, é a escrita por Ana Miranda. São sempre textos saborosos, recheados de um lirismo que não tem nada de meloso.
Pois uma grande parcela destas colunas está publicada no livro Deus-dará, editado pela Casa Amarela, a mesma editora da revista. Os textos são densos e verdadeiros, mostrando, ao mesmo tempo, preocupação social e realismo histórico. Autora de diversos romances, sua obra mais conhecida, Boca do inferno, é livro obrigatório pra qualquer amante das letras. Como este Deus-dará.
8 comentários:
Oi Arnaldo... Também detesto que a opinião venha, tantas vezes, travestida de informação em todos os grandes veículos de comunicação. E o leitor, geralmente passivo e pouquíssimo crítico, compra cada idéia absurda! Acho que a Veja é mesmo o pior exemplo disso, atualmente. Se bem que eu já acho que muita gente lê para "formatar" seu pensamento mesmo, nem sempre é assim sem querer... O público de Veja espera exatamente aquilo ali mesmo.
Matou a pau, Arnaldão! Pensamos da mesma forma!
E, aliás, bacana esse contato com a Bia. Ela é uma grande amiga minha, a família carioca que sempre me hospeda quando vou para a terrinha recarregar minha bateria de sambas, biscoitos globo e utopias.
Anotada a dica do livro! Que bom que gostou do nosso novo layout...vc está conseguindo vizualizar tudo certinho? o cabeçalho, links...queria saber se tá dando erro...
beijos
Obrigada pela sugestão. Espero, em breve, poder conferir o livro.
Não li o livro, ainda, mas fiquei curiosa...
Citei, uma vez, um texto da Ana Miranda (extraído da Caros Amigos) no meu blog, lembra?
bjo
prefiro a Carta Capital também.
Concordo com o que disseste. Prefiro que as mídias se posicionem também, é mais ético do que tentar parecer imparcial.
bela dica de livro, vou procurar, gosto muito da Caros Amigos ;)
*
acho que há conceitos tratados aqui que gente precisa relativizar.
imparcialidade é algo que não existe, e o bom jornalismo procura a objetividade, que é o mais próximo que tem da veracidade, mesmo que sempre carregue um ponto de vista - do jornalista que escreveu, das fontes que falaram, da empresa que publica, do jornalismo como campo.
Veja, por exemplo, não se afirma pela imparcialidade, mas pela credibilidade construída em décadas de publicação, além da tiragem de mais de um milhão de exemplares. o viés é outro.
quando vc diz que "o rigor investigativo esteja SEMPRE atrelado aos interesses destes [anunciantes]", esquece que há muitas particularidades que até podem confirmar sua visão, mas há dezenas de nuances que também barram-na, já que a pragmáica do campo é muito mais complexa do que a idéia do "eu pago eu mando".
defendo uma grande imprensa objetiva, para o grande público, e uma especializada pra quem busca um viés particular. do contrário, teremos que ter jornais de cada partido político, de cada ideologia encômica, de cada nicho cultural e assim por diante. utopia impossível, porque só os mais fortes vão ter voz novamente. a diferença é que os mais fortes do atual modelo, ainda abrem espaço para o todo, ainda tem a preoucpação com uma ponta social. ao institucionalizar que a imprensa deve ser sectária, criamos o jornalismo desastroso feito durante o comunismo na URSS: único, soberano e absoluto.
acho a carta capital menos ruim do que a caros amigos, mas as duas vêem o mundo de um ponto muito pequeno.
mesmo empregnadas com interesses do capital, ainda fico com a grande imprensa: plural dento dos seus limites e mais preocupada com o público que, na ponta final, é quem compra e realmente dá a sentença de vida ou morte a qualquer publicação.
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Pois é, Bia. É isso mesmo. E é esta a intenção. Atingir aquele leitor que quer receber tudo já interpretado e concluído.
Pensamos da mesma forma, Bruno. Nesta questão sim e em outras não. E é isso que torna qualquer amizade prazerosa.
Não sei se visualizei tudo certinho, Jô, mas o que eu visualizei me agradou muito.
De nada, Cláudia.
Eu me lembro da sua citação no blog, Clé.
Como eu disse, Graziana, o que eu aproveito da Caros Amigos é a entrevista e o texto da Ana Miranda.
Acho que falamos quase a mesma coisa, Sean. Eu também não acredito na possibilidade da imparcialidade. Aliás, nem a desejo. E quanto à credibilidade da Veja ela é incontestável, como a do Jornal Nacional. Mas nem sempre, ter credibilidade significa estar ao lado da verdade. É possível enganar muita gente durante muito tempo. Felizmente não se pode enganar a todos e sempre.
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