Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 21 de julho de 2007

Delícias de uma quinta-feira

O advento da internet, através das salas de bate papo, do Orkut e dos blogs, inventou um novo tipo de relacionamento: o relacionamento virtual. A tenuidade deste tipo de relacionamento sempre me incomodou. O que une as pessoas é uma rede da qual não se conhece, exatamente, as características físicas (se é que elas existem). E é assustador que a dependência tecnológica para que a relação sobreviva seja tão exagerada. Afinal, se, num determinado momento, você ficar desprovido de computador, ou o seu servidor cair, ou acabar a energia, seu elo com a outra pessoa se perde. E, por outro lado, se aquela pessoa nunca mais aparecer na sua tela, se ela não responder seus e-mails, enfim, se ela sumir do mapa, você não vai, nunca mais, saber se ela morreu, se ela decidiu te deletar da vida dela, se ela, na verdade, nem existia. Seria um nome inventado? Seria só um nick engraçado? Seria uma personagem?

Por isso, fiquei muito feliz, nesta quinta-feira, em ir almoçar em São Paulo e conhecer a Lulu. Fomos, Clélia Cecília e eu, mais uma vez, saborear o delicioso polpetone do Jardim di Napoli. Mas, deliciosa mesmo é a Lulu. Falante, inteligente, engraçada, enfim, cheia de energia e vivacidade que me encantaram. Aliás, ficamos, os três, encantados com ela. Foi uma sensação deliciosa, ver ali, em carne e osso, alguém com quem já vinha sentindo tanta empatia, através dos comentários mútuos, nos respectivos blogs. E ainda por cima, como se não bastasse tanto prazer, ela nos presenteou com a indicação de um filme excelente, que fomos ver, assim que saímos do restaurante.

Um lugar na platéia é um filme francês delicioso, cuja protagonista é a deliciosa atriz Cécile de France, que eu já conhecia de O Albergue Espanhol. O filme, pra mim, trata da liberdade. Trata da libertação de quem se sente oprimido. Não a opressão de uma pessoa por outra, talvez a mais comum e mais cruel, mas de uma opressão, também muito cruel, que é aquela exercida pelas pessoas sobre elas mesmas. A opressão provocada pelo medo de contrariar as regras, as opiniões alheias, as normas estabelecidas.

O filme mostra como esta libertação pode ser conduzida ou catalisada pela juventude. Aquela juventude que a gente, muitas vezes, perde, confundindo com o avanço da idade. A juventude representada pela protagonista do filme. A juventude que eu encontrei na Lulu.

9 comentários:

Clélia Riquino disse...

Esta atriz trabalhou também no filme As Bonecas Russas, seqüência de O albergue espanhol. Ela é uma graça! Adorei também conhecer a Lulu!

Clélia Riquino disse...

Acabei não comentando sobre o filme, que é simples, sutil, sensível, envolvente! Três histórias que se entrelaçam, abordando relacionamentos, solidão, encontros, perdas, arte, realização e, como você bem definiu, liberdade... A gente sai do cinema com vontade de dar uma guinada na vida! Valeu a indicação, Lulu!

Claudia Lyra disse...

Olha só! Meu último texto também tá falando sobre os relacionamentos virtuais que migram pro real. Ou, como diz Selph, um blogueiro delicioso que pude ver de perto quando fui a Manaus, sobre quando os links viram gente. É tão bom, né?

Clélia Riquino disse...

Cláudia,

A Vivien e a Lulu também falam sobre estes encontros em seus blogs... Já li, em algum lugar (não me lembro aonde), esta expressão: "quando os links viram gente". Achei muito legal!

Diego Moreira disse...

Com um computador e um fio de telefone, muita gente pode virar um link, ou vários links ao mesmo tempo.

Mas as circunstâncias ou o sentimento de amizade no peito podem fazer os links virarem gente.

Gostei muito do texto, das sugestões de filmes e, principalmente de ver as letras da Clélia traçadas aqui novamente!

Abraços!

l disse...

fiquei emocionada com esse post.

obrigada.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Clé,

Gostei muito mais de O Albergue Espanhol do que Bonecas Russas, embora essa atriz tenha aparecido mais no segundo.

Cláudia,

Essa sensação é muito boa. Dá, na gente, a sensação de que nem tudo é falso.

Pois é Diego,

Ela está voltando, aos poucos, embora não deva. Não consigo controlar essa mulé!

Lulu,

A intenção era essa mesma.

Graziana Fraga dos Santos disse...

o mais estranho desta relação virtual é a proximidade que acabamos tendo com a pessoa quando a encontramos presencialmente.afinal já sabemos tanto daquele outro que está do outro lado da tela, que quando encontramos é como se conhecessemos desde sempre.... passei por isso, sou testemunha ;)

PS: voltando de 10 dias de férias, ainda meio perdida nos assuntos dos blogs, mas retornando!

Arnaldo Heredia Gomes disse...

É isso mesmo Graziana,

E parabéns pelo noivado!