Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 28 de julho de 2007

Oxalá, a perenidade

Imagine uma ótima cantora brasileira, bastante conhecida, acompanhada de um excelente violonista, cantando músicas de um de nossos mais importantes compositores. Gravam um disco e este disco só é lançado no Japão. Só a indústria fonográfica pode explicar uma coisa dessas. E mesmo que explique, não vamos conseguir entender. O importante é que agora foi lançado, pela gravadora Biscoito Fino, 12 anos depois de sair no Japão, o CD Sem você, em que a cantora Joyce, acompanhada de Toninho Horta, canta músicas de Tom Jobim.


A única coisa que me incomoda, um pouco, na Joyce, é a mania que ela tem de alterar algumas notas da melodia. Faz isso com a intenção de pôr um tempero na canção. Elis Regina fazia isso com a divisão, João Gilberto faz isso com a tonalidade, ambos de maneira magistral. Alterar a melodia, entretanto, é uma coisa que não me agrada. Como não me agrada o fato de Gal Costa, às vezes, alterar algumas palavras nas letras das canções. Tirando isso, acho Joyce uma ótima cantora e uma compositora de primeira.

Toninho Horta é proveniente da turma do Clube da Esquina. Virtuoso, tanto à guitarra quanto ao violão, é daqueles artistas incensados no exterior e pouco reconhecidos no Brasil, onde sobra espaço pros grupos de pseudo pagode e pras duplas sertanejas (música de corno!). É autor, junto com Fernando Brant, de Céu de Brasília, uma das canções mais bonitas que eu conheço.

A nossa indústria fonográfica, há tempos, tem fechado, sistematicamente, as portas aos artistas que não lhe garantam vendagens de discos esmagadoras. Àqueles que não se deixam dobrar pelo esquema do jabá. Àqueles que não se curvam aos “selecionadores” de repertório. A Biscoito Fino é uma exceção neste mercado, abrindo portas e janelas a quem não tem espaço na mídia.

Torcemos para que esta gravadora seja perene.

4 comentários:

Graziana Fraga dos Santos disse...

otima dica, vou procurar ouvir!
A biscoito abre espaço pra este pessoal bacana mesmo! bom além de ser a atual gravadora de Chico, Miucha, Bethânia... uma gravadora de grande qualidade com o melhr da nossa MPB.
vida longa a biscoito fino!

Senhora disse...

Pelo menos repararam o erro!!
Já tinha lido isso em algum lugar. Realmente não tem como entender.

Anônimo disse...

O que me incomoda é essa mania de ficar gravando Tom Jobim, Chico Buarque, Vinicius... Nada contra, aliás, tudo a favor em relação à eles... Mas acho que já deram o que tinham de dar. Não precisam de mais coletâneas. Eu disse isso na crítica que fiz ao disco da Joyce, da Monica Salmaso, da Miúcha, da Bethania etc. Tá mais do que na hora de essas intérpretes começarem a gravar novos autores, dar espaço para novos letristas. Ou corremos o risco de estagnar a MPB e ver legitimado o discurso "no meu tempo é que era bom".

Anônimo disse...

hmmm, acho legal, sim, bons títulos. Mas muita gente que a Biscoito lança produziu o disco em casa e faz contratos leoninos vergonhosos pra ter o selo no disco... tem que ter cuidado com as aparências, como sempre. bjs