Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Torcer, torcer

Sei que sou meio diferente, neste aspecto, mas não me ligo muito nessa coisa de torcer. Nem mesmo no caso do futebol, que eu adoro, apesar de ter meu time de preferência, gosto muito mais do jogo, em si, do que do fato de meu time ganhar ou perder. E não vejo muito sentido em torcer para que o principal adversário do meu time perca ou esteja numa posição ruim no campeonato. Quero justamente o contrário. Quero que ele esteja forte para que meu time, quando competir com ele, ganhe. Bater em galinha morta é covardia. Vencer quem está forte é que é prazeroso.

Foi por isso que torci pela Argentina contra o México. Queria que eles fossem pra final contra o Brasil. E queria que eles fossem pra final, jogando o futebol bonito que estavam jogando. Pois aí sim, ganhar de um time desses é que é glorioso. E foi justamente isso o que aconteceu no domingo.

Torcer, pra mim, sempre é a favor. Não consigo torcer contra. E foi por isso que me senti um pouco envergonhado quando assisti à competição de ginástica artística na categoria individual geral feminino, hoje à tarde.

Uma das atletas brasileiras, a Jade Barbosa de apenas 16 anos, estava em primeiro lugar, apesar de já ter cometido alguns erros nas três primeiras provas do circuito. Ao fazer a quarta prova, errou feio e caiu de uma das barras assimétricas. Isso fez com que a sua nota despencasse, evidentemente. E aí, a “torcida” entrou em ação. Começou a vaiar sistematicamente as concorrentes, na esperança de atrapalhar-lhes a concentração, provocando, com isso, um erro que compensasse o erro da nossa atleta e devolvesse a ela alguma chance de ganhar uma medalha.

Felizmente essa estratégia não deu certo e a Jade não subiu ao pódio. Não subiu porque errou, porque não conseguiu ser melhor que as competidoras. É assim que funciona. É assim que deve funcionar. Ela é muito jovem, tem muito o que aprender e tem tudo pra melhorar e se tornar uma excelente atleta, nos enchendo de orgulho. Quanto à torcida, nessa eu não tenho esperanças. Essa não tem mais jeito.

9 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

*




vaia, áh a vaia.
quando as pessoas perdem a mão, a vaia entra em cena.
há vaias legítimas, é claro, e essas são muito boas.

mas parece que a torcida do pan tem perdido a mão.
preocupante.



*

Diego Moreira disse...

O que dizer das vaias para o Lula em contraste com as palmas para o Cesar Maia na abertura?

Falta coerência. Ou vaia todo mundo ou não vaia ninguém.

Diego Moreira disse...

Para somar. Diego Hypólito, após conquistar a medalha de ouro no salto sobre a mesa, falou na globo e na record que Cesar Maia estava de parabéns pela estrutura montada pelo Pan. A pergunta é: Mas a que preço, xará?

No entanto, demonstrando coerência, agradeceu e parabenizou, também o presidente pelo investimento no evento.

Quanto a Jade, errou, mas carimbou mais duas medalhas hoje. Uma de ouro e uma de bronze. Vale o princípio de que devemos torcer, mas não contra.

Abraços!

Anônimo disse...

Perfeito, Arnaldo. Você sempre correto e pontual. A torcida não tem mais jeito.

ninguém disse...

Desculpa sair fora do tema. Mas estou chocada e indignada.
Mais uma tragédia.
Somos um povo de ovelhas.
Nos roubam.
Nos matam.
Não fazemos nada.
Só assistimos.
Que tipo de povo somos nós, que nos contentamos com bolsa família e choro de um presidente vaiado? Gabinete da crise: para quê? Dar as condolências.
Que Deus tenha pena de nós.

Anônimo disse...

As vaias ao presidente Lula partiram da classe média que, historicamente, sempre foi egoísta e mal-educada. Como disse bem o João Gilberto: vaia de bêbado não vale.

Maria Helena disse...

Arnaldo,
não suporto vaias, me constrange, me deixa indignada, vaias ENCOMENDADAS então nem pensar.
Quanto a Jade, não merecia mesmo aquela medalha, ontem sim valeu.
Os atletas merecem respeito, se esforçam muito para competir, precisamos valorizá-los. Alguns nem patrocínio tem. O 1° a ganhar a medalha de ouro é aqui de Campinas, a mãe dele é manicure.
É uma categoria de trabalhadores.
Bjs

Anônimo disse...

Bem lembrado Maria Helena! Conheço o Diogo Silva, o atleta de Campinas que ganhou o primeiro ouro para o Brasil, no Pan. Fiz algumas entrevistas com ele e sei qual é a realidade do rapaz: ele mora numa república e ganha uma ajuda de custo de R$ 600 por mês. Tem de ir treinar de ônibus todos os dias. O tamanho de sua dedicação ao esporto que abraçou é inversamente proporcional ao reconhecimento que ele tem na cidade. Confesso que quase derrubei lágrimas ao vê-lo dizer, logo após a conquista, que não havia mais o que provar na carreira e que iria abandonar o esporte se não conseguisse um patrocínio depois do Pan. "A vida está cada vez mais difícil para mim; não tenho mais forças para continuar insistindo em algo que não está dando resultado. Às vezes tenho a impressão de que estou lutando contra mim mesmo", disse. Eu nunca me esquecerei dessas palavras.

Anônimo disse...

Também escrevi sobre isso no meu blog... Acho chato vaiar as outras competidoras.

Não posso dizer que numa final de copa do Mundo, nos pênaltis eu não torça pro outro time mandar na trave, mas é só uma vontade secreta que acho que muitos de nór, torcedores, temos.

Mas as torcidas brasileiras não tem jeito mesmo... No futebol já vi muita torcida vaiar seu próprio time.

A torcida cometer essas gafes é até "perdoável", o que me deixou indignada foram ex-atletas atuando como comentaristas neste Pan dizendo que "ainda tem chence se a fulana cair. Eu vi ela mandanco mesmo" ou " tem um juiz brasileiro, depende dele dar uma força pro Brasil".