Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Preconceito e ignorância

O amigo Bruno Ribeiro escreveu em seu blog, um bom texto a respeito de preconceito, com pinceladas específicas em relação ao presidente Lula. Minha opinião a respeito do preconceito, em geral, é muito parecida com o que ele colocou.

Embora concorde quando ele fala que as respostas céticas de seus interlocutores a respeito do tema sejam conformistas, sou obrigado a reconhecer que elas são verdadeiras. O preconceito existe sim e não há sinal de que esteja diminuindo.

O preconceito, pra mim, é pura ignorância. Simples assim. É expressão de quem emite juízo de valor sem conhecimento de causa. É opinião baseada em impressões desprovidas de saber. Assim, as pessoas podem achar que todo preto é burro, todo nordestino é preguiçoso, toda mulher é histérica, todo evangélico é babaca, todo careca é trouxa, todo feio é triste, enfim, sem o conhecimento, sem o saber, é possível achar qualquer coisa, caso não se tenha alguma preocupação em ser justo.

Mais grave do que isso, entretanto, é quando o saber existe e, mesmo assim, expressam-se os mesmos juízos. Aí não é mais preconceito. Aí já é falha de caráter, pois mesmo sabendo que a opinião não está suportada por informação consistente, percebe-se a contínua insistência na tese, aproveitando-se, até, do preconceito alheio. Um determinado preto pode até ser burro, mas não o é por ser preto. Seria, mesmo que fosse ariano. Um nordestino preguiçoso seria assim mesmo se tivesse nascido gaúcho. Um evangélico babaca não seria diferente se fosse espírita.

Meu pessimismo me leva a acreditar que o preconceito não terá fim. Se otimista eu fosse, conseguiria, no máximo, enxergar o fim do preconceito como uma utopia. O caminho seria, então, a educação, seria o saber, seria o conhecimento. Desta forma, com a sabedoria adquirida, só sobrariam os sem caráter a emitir opiniões baseadas no nada. Infelizmente, me parece que a aquisição do conhecimento é alguma coisa mais utópica do que o fim do preconceito.

Especificamente, em relação ao presidente Lula, reconheço que a carga de críticas que cai sobre ele é pesadamente suportada pelo preconceito. Sempre combati isso, nas conversas em geral, com extrema rispidez, mesmo porque sinto um enorme incômodo em ser confundido com um preconceituoso quando faço alguma crítica a ele ou ao seu governo. Os poucos leitores que este blog coleciona são testemunhas do quanto tenho criticado o governo petista. Por causa disto já fui chamado de conservador, de direitista, de babaca, ora aqui, ora ao vivo. Até aí, tudo bem. Já me chamaram de tanta coisa na vida, sem que eu fosse (embora algumas eu tenha sido mesmo), que não é isso o que mais importa. O que me importa é que a carga de preconceito que cai sobre os ombros do nosso presidente faz com que todos que achem acertado criticá-lo, acabem sendo juntados num mesmo balaio, com gatos de bandos distintos.

Sigo, entretanto, firme em minha convicção de que a crítica é a ferramenta mais eficaz na depuração de problemas e não posso abrir mão da liberdade de fazê-la. Vou continuar buscando esta depuração, mesmo porque, acredito que isso seja mais importante do que os eventuais rótulos que me coloquem no peito.

7 comentários:

Lord Broken Pottery disse...

Arnaldo,
Acho importantíssimo que se afaste o preconceito das críticas ao Lula. Até por que acabam por torná-lo vítima. Sou tão contra o preconceito que se tem contra ele, como o que existiu contra a Erundina. Que fez um excelente trabalho em São Paulo, com ênfase na educação, e que é execrada pelo PT. Não gosto do Lula, como não gosto do Chaves, só para citar mais um exemplo, por considerá-los populistas. Essa coisa de viver se emocionando em público, e apelando para os bons sentimentos da população, é muito perigosa. Além de calculada e maquiavélica.
Grande abraço

Unknown disse...

Arnaldo, com todo respeito, mas o comentário desse leitor que se identifica como Lord Broken é típico daquela parcela da sociedade que não conhece mesmo o povo brasileiro. Por não se emocionar em público (afinal, é de bom tom manter a sobriedade e a razão acima de tudo), acredita piamente que ninguém mais se emociona sem que haja naquele gesto uma intenção maquiavélica e populista. Acreditar que o choro do presidente Lula é teatro, francamente, não dá... Abraço!

Lord Broken Pottery disse...

Bruno,
não sei se você conhece um pouquinho de inglês (será que é de direita saber inglês?), mas Lord Broken Pottery, em uma tradução livre, quer dizer Lord Caco. É uma brincadeira com o título de nobreza e a palavra caco, busca contrastes e tira um sarrinho dos ditos nobres. Desculpe-me se você não alcançou a brincadeira. Quanto às emoções estudadas do Lula, fico com minha opinião. Posso?
Grande abraço

Unknown disse...

Por que a ironia? Posso entender inglês e não ver sentido nesse trocadilho com o próprio nome. Mas é o seu direito, não é? Assim como é direito meu achar que essa coisa de Lord Broken é uma rotunda babaquice e que sua opinião sobre o presidente Lula não vale meia pataca furada. Direito por direito, estamos quites.

Lord Broken Pottery disse...

Bruno,
Todas as opiniões valem alguma coisa. Procuro tratar as pessoas com respeito e vou continuar sendo assim.
Grande abraço

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Meus amigos,

Estou achando esta discussão inútil e inconseqüente.

Inútil pois não serve pra absolutamente nada, não traz nenhum benefício a ninguém.

Inconseqüente pois não indica um caminho de refexão que proporcione algum enriquecimento das idéias.

Isso não quer dizer que eu não goste, de forma geral, das discussões. Muito pelo contrário. Sou um forte adepto das discordâncias e as acho muito mais benéficas que as concordâncias, que são, de maneira geral, inócuas. Discordâncias são como brasa de churrasco. Concordâncias são como banho maria.

Para provar a veracidade das minhas palavras é só olhar na coluna à direita deste blog, a quantidade de links para páginas de gente que pensa de maneira diferente da minha. Tolero e estimulo as opiniões distintas, enquanto elas não tiverem o ingrediente do desrespeito, coisa que a presente discussão está no limite de trazer.

Gosto das discussões, principalmente quando quem está envolvido nas pelejas tem o espírito aberto para mudar de opinião. Há quem considere que mudar de opinião é sinal de fraqueza. Eu, pelo contrário, acho que é sinal de coragem.

De toda maneira, debito ao momento em que vivemos, o das eleições, qualquer traço de intolerância que, porventura, algum leitor possa identificar nas palavras destes meus dois bons amigos.

Lord Broken Pottery disse...

Arnaldo,
Concordo com você, tenho também blog há muito tempo, sempre convivi com debates, tanto por escrito, como ao vivo. Em momento algum, salvo alguma ironia que acompanha os momentos mais "calientes", faltei com o respeito ou perdi a paciência com algum de seus visitantes. Seria falta de educação de minha parte vir à sua casa e tratar mal um amigo seu. Além disso, quem me conhece sabe que procuro conviver bem as pessoas, até por gostar muito de gente.
Grande abraço