Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 30 de novembro de 2013

Sessão dupla de cinema e Martha Medeiros

No fim de semana prolongado pelo feriado da Proclamação da República, fizemos, em São Paulo, uma sessão dupla de cinema, hábito que há tempos não repetíamos. Assistimos ao filme francês Os Belos dias e também ao último de Woody Allen, Blue Jasmine.

A motivação para escolher o francês foi a presença de Fanny Ardant. Sempre vou considerar sua presença em qualquer filme, motivo suficiente para vê-lo, mesmo que depois ele me desagrade. Já assisti vários filmes com ela, como Sabrina, O jantar, Elizabeth, Sem notícias de deus, 8 mulheres, entre outros, alguns aproveitáveis, alguns descartáveis. Não importa. A figura de Fanny Ardant sempre justificou cada ida ao cinema.
Fui seduzido por esta atriz quando vi A mulher do lado, seu primeiro filme de François Trufault, com quem foi casada durante algum tempo. Na exuberância de seus 30 anos, contracenava com Gerard Depardieu e sua beleza me deixou perplexo. Consigo lembrar-me, até hoje, da expressão de seu rosto em algumas cenas. Talvez tenha sido o primeiro que vi com ela, mas ficou claro, pra mim, naquele momento, que qualquer outro trabalho que fizesse, seria suficiente motivo para eu me interessar em vê-la. Em Os Belos dias, filme do ano passado, aos 63 anos, exibe uma beleza que ainda me cativa.
J
Já a motivação para assistir ao novo filme de Woody Allen é o próprio Woody Allen. Sempre me sinto impelido a assistir seus filmes e isto ocorre mesmo que o anterior não tenha me agradado. Na verdade, acho que vou ao cinema em busca de reviver a sensação que tive quando assisti a alguns de seus filmes em minha juventude como Um assaltante bem trapalhão, Bananas, Zelig, A Rosa Púrpura do Cairo e, principalmente, Manhattan, meu preferido, sem dúvida. O fato de eu não ter me empolgado com seus trabalhos mais recentes, tem me levado a imaginar que ele esteja perdendo a mão, mas, talvez, não tenha mudado ele, tenha mudado eu. Afinal, andei revendo alguns filmes que me cativaram no passado e não tive nem a sombra da sensação de outrora.  Mesmo Annie Hall, um filme que deixei de assistir, não sei bem por que motivo, mas que, tenho certeza, me cativaria naquela época, não me provocou nenhuma emoção especial quando o vi, finalmente, neste ano. Entre os recentes, só mesmo Meia Noite em Paris me causou algum impacto. Senti enfado ao assistir Para Roma com amor e, felizmente, Blue Jasmine, me provocou alguma satisfação, sobretudo a performance de Cate Blanchet, uma atriz que nunca tinha chamado minha atenção. 

Por mais que estes dois filmes pareçam não ter nada em comum, consegui perceber um elo entre eles, já que ao fim da tarde, me veio à mente um texto antigo de Martha Medeiros, do qual eu gosto muito e que fala sobre traição. Neste texto, chamado Traição e Semântica, a escritora fala daquilo que ela considera, realmente, uma traição e a forma com que, em geral, as pessoas aplicam esta expressão. Pois, nos dois filmes, ou melhor, em cada um deles, as formas de traição são mostradas das duas maneiras que ela trata no texto. E, vê-los no mesmo dia, me fez concordar, novamente, com ela.




Um comentário:

Unknown disse...

Arnaldo,

Seus textos são tão gostosos ler. Adorei esse! E adorei o texto da Martha! Um abraço