Numa das minhas andanças
pela Livraria da Vila, em Campinas, estava sentado na poltrona, folheando livros
selecionados, alguns dos quais, invariavelmente, seriam comprados. Tinha a
companhia da Clélia e da Cecília, cada uma num canto da loja, praticando o
mesmo esporte. De repente, a Cecília chega com um livro e o passa pra mim, dizendo
que o achou interessante. Depositei o volume na pilha selecionada e, quando
chegou sua vez, li as orelhas, a contracapa, e depois, dei aquela folheada
básica, procurando, a esmo, algum trecho para ler. Devolvi o livro à pilha e
ele não foi comprado.
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No fim do ano, depois
do natal sem troca de presentes, como já é tradicional, entre nós, a Cecília
chegou do nada, e nos presenteou, a cada um, com um livro. O meu era aquele
mesmo que já havia me indicado na livraria, tempos atrás. Desta vez, ele foi
para a pilha que fica no meu criado mudo e, assim que terminei o que estava
lendo, comecei-o.
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O que encontrei,
confirmou uma sensação que tenho há algum tempo, ou seja, que as antenas da Cecília
estão bem mais sintonizadas do que as minhas. O livro é muito bom. Trata-se de
O Drible, de Sérgio Rodrigues. Nada que eu falar sobre o livro, dirá mais sobre
ele do que a dedicatória que ela escreveu:
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A trama é intrincada, a narrativa é ágil, brincando entre o passado e o presente, criando um suspense que vai desaguar num resultado absolutamente inesperado. Até chegar a ele, o autor passeia pelo futebol anterior ao seu tempo e pela cultura pop da sua época de juventude, que coincide com a minha. Talvez, por isso mesmo, o livro tenha dito tanto a mim, já que, por ter praticamente a mesma idade que eu, as referências abordadas imprimiram, nele, o mesmo efeito que em mim.
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O livro serviu pra eu
relembrar a juventude, refletir sobre a relação com meu pai, alimentar minha
curiosidade sobre o futebol do passado e, principalmente, reforçar a minha
convicção de que não devo, nunca, desprezar uma dica da minha filha.
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