Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Fazendo as contas (ou fazendo de conta)

Terminado o Pan, todos os jornais, TVs e revistas estampam a tabela com o quadro de medalhas final. O Brasil conquistou 54 medalhas de ouro. E, pela primeira vez, ficou em terceiro lugar, sua melhor posição em jogos Panamericanos. Foi o pior resultado de Cuba, desde os jogos de 1975 em Cidade do México. E os Estados Unidos mantiveram a tendência de queda, que vem ocorrendo desde as duas edições anteriores dos jogos, num patamar bem abaixo dos números que obteve nas décadas de 1980 e 1990.

Este resultado provocou grande euforia na torcida e o típico ufanismo nos brazucas de plantão, com nosso país num lugar de destaque entre as 10 primeiras posições.
Os números, entretanto, às vezes enganam. Pelo menos, se eles forem vistos de maneira simplista.

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Proponho um jeito diferente de olhar.

Quero considerar, inicialmente, que qualquer pessoa pode obter uma medalha de ouro. Basta que ela tenha acesso aos meios para treinar e que tenha algum talento. Se a gente considerar que nenhum país é privilegiado pela natureza, em termos de quantidade de talentos, podemos dizer que, proporcionalmente, todos os países teriam chances iguais de ganhar as medalhas. Se, além disso, todos os países dessem ao seu povo as mesmas chances de acesso aos meios para treinar e praticar esportes, essa proporção seria mantida. Assim, um país como o Canadá, que tem o dobro da população do Chile, obteria o dobro de medalhas de ouro. Usando este raciocínio, poderíamos medir, não o número absoluto de medalhas que o país alcançou e sim o índice de medalhas por milhão de habitantes que cada país obteve. E teríamos um valor que mediria, de certa forma, a capacidade que cada país tem de garantir o acesso de seus atletas aos meios para treinar e praticar esporte.

Fazendo este exercício, só por brincadeira, o quadro de medalhas do Pan 2007 ficaria assim:
Eu sei que isso não vale nada. É só uma forma diferente de ver as coisas (outras há, certamente). E é só uma questão de fazer conta. Embora tenha gente que prefira fazer de conta.

3 comentários:

Claudia Lyra disse...

Rapá!! Essa foi genial!

Eli Carlos Vieira disse...

Interessante ponto de vista.
Masssss, apesar do 3º lugar no quadro geral, acredito que para nós, os jogos serviram para uma aproximação de esportes, atletas e técnicos. Infelizmente o Brasil só tem olhos para o futebol. Seria legal se em nosso país qualquer esporte fosse acessível a todos. Seria legal ter a certeza de que quando o rapaz ou a garotinha estivesse na idade perfeita para partir para um nível profissional em sua modalidade, ele não seria obrigado a deixar o esporte para trabalhar e “ajudar em casa”.
Os jogos pan-americanos, realizados no Rio trouxeram por pouco mais de duas semanas uma rotina diferente em nosso país: a de se ver parado diante da tv esperando o resultado de uma luta greco-romana, de uma final por equipes de ginástica rítmica, de uma eliminatória de basquete, etc..
É fato que o nosso melhor nadador, Thiago Pereira, recorde “monstro” das águas, não chega nem aos 4 melhores do mundo, se competisse em uma olimpíada hoje...
Mas é como vc disse, fazer de conta!
Mas sou positivo sempre.....sei que a questão é mais difícil do que simples “maus resultados” num podium: são questões sérias de mau investimento no esporte brasileiro.
Mas, pelo menos, ao nos depararmos com “potências” no esporte, sabemos que é possível chegar lá...
E sabemos também que o esporte não é só futebol...

Marcia disse...

eu também tinha feito este cálculo. :)

e me indignei com a cobertura que nossa mídia deu, exclusivamente centrada nas nossas vitórias e derrotas. não havia nada, além do umbigo verde e amarelo.