Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

De volta pra casa

Fazia tempo que não enfrentava um atraso de vôo. Pois aqui estou eu, no aroporto de Confins, em Belo Horizonte, amargando uma espera de mais de 2 horas. Acabaram de informar mais uma previsão. Fiquei um dia em BH e dois em Vitória e estou louco pra voltar pra casa.

Acho Vitória uma das cidades mais agradáveis do Brasil, embora agradável não seja um adjetivo que excite muito. Mas não é assim que eu sinto. Vitória é uma cidade que me agrada e me excita. É que quando eu penso em Vitória, logo me vem à mente a sua moqueca, que difere da baiana por não ter leite de côco e nem dendê, o que a torna mais leve. Quem é do Espírito Santo diz que isso também a torna mais saborosa. Aí, já discordo. Como eu gosto das duas, não entro nesta briga. Mas a disputa existe. Tanto que eles têm até um lema: “Moqueca é a capixaba. O resto é peixada”. Pura provocação. (A foto da moqueca é de Humberto Capai/Usina de Imagem)

Minas sempre me ganha pela comida. É, provavelmente, a que eu mais gosto, entre as cozinhas regionais. E o que mais me seduz, nesta terra, é que, ao contrário da Bahia, Rio Grande do Sul ou Pernambuco, onde só se come vatapá, galeto ou carne de sol em restaurantes típicos, em Minas, pode-se comer feijão tropeiro, tutu ou frango com quiabo, em qualquer restaurante de esquina. E BH é a única cidade que eu conheço em que todos os botecos, à noite, ficam cheios de gente, seja sábado, seja segunda-feira. Qualquer dia! É lá que mais se cultua a comida de boteco, a baixa gastronomia, tão apreciada por quem gosta de um copo sujo, como eu. Fui conhecer o
Pinguim, a mais famosa choperia do interior paulista, o primeiro inaugurado fora de Ribeirão Preto. Me esbaldei.

O rádio do táxi que me levou da cidade ao aeroporto estava sintonizado numa daquelas estações que reservam grande parte de sua programação para falar de crimes e tragédias ocorridas na cidade. E no programa, além das notícias, pude ouvir depoimentos de pessoas humildes relatando os fatos ocorridos. Mortes por problemas de atendimento num hospital, atropelamentos por falta de controle do tráfego numa avenida, transtornos vários por conta de mal planejamento de alguma obra. Todos, problemas relacionados com a ineficiência do poder público, o que contrasta com a forte campanha de marketing do governo estadual, de Aécio Neves, o governador namorador. Fiquei intrigado. Será que essa gente não enxerga a relação destes problemas com a administração estadual? Será que o marketing governista mineiro, exportado até mesmo pra fora do estado, está cegando e anestesiando todo mundo?

Em meio a essas elucubrações fui surpreendido com um comentário do taxista que, até então, estivera calado. Após ouvir as repostagens, desembestou a fazer um discurso indignado contra o governo estadual, ressaltando o perfil marketeiro de Aécio Neves, o governador namorador. Um discurso parecido com o que eu estava pensando. Fiquei com mais esperança no mundo.

9 comentários:

Clélia Riquino disse...

As fotos dão água na boca! Também adoro as moquecas capixaba & baiana (minha mãe, aliás, faz uma ótima!) e a comida mineira. Tudo bem leve! Light.

'Tava com saudade d'ocê...
bjo,
Clé

Anônimo disse...

Oi Arnaldo.

Nunca havia escrevido até então...Mas, como vç demorou para postar, quase uma semana, escrevo para lhe dizer que faz falta seus comentários.

Abraços,
Michele

Telejornalismo Fabico disse...

*




aécio não virando presidente, pode namorar de fachada quem ele quiser, pouco me importa.


enquanto a politicagem não afetar a comida e a tradição, tá limpo.




*

Dani Reule disse...

Arnaldo, bem que vc poderia escrever um blog só de impressões sobre a culinária brasileira :o)
Acredito que gastronomia seja um assunto maravilhosamente complexo. hehehe Cada cidade que vc vai, um sabor próprio. O legal é que a gente vai ficando com água na boca... ;o)

Claudia Lyra disse...

Sinceramente, não consigo entender de política e muito menos compreender a aura de "boa gente" de alguns políticos.
Agora: cê tem noção da tentação que é ler seu blog na hora do almoço? Ah, rapá, tu és mau como um pica-pau!!!!

MegMarques disse...

Aqui em Minas não se pode falar mal do Aecinho nos jornais, sob ameaça de retirada das verbas publicitárias do governo. Não se faz nem charge com a cara dele (aliás, altamente caricaturizável) que os editores não deixam.

Qdo voltar a BH avise. Levo vcs aos melhores butecos daqui.

Andrea Drewanz disse...

Adoro muqueca, peixada, com leite de coco, sem leite de coco, Paella e qualquer outra coisa que tenha frutos do mar. Quando fui ao ES, comi uma torta capixaba (só fazem na época da Páscoa, eu acho)e que é uma delícia. Ela é feita com palmito e é uma delícia. Vc conhece?
Andrea

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Clé,

Eu também estava. Sempre.


Michele,

Obrigado pela visita.


Sean,

O pior, é que acho que o cara tem chance. Aliás, acho difícil a gente se livrar de um presidente tucano depois do Lula.


Dani,

Tammbem gosto deste tema. O problema é que, mais do que escrever sobre comida, eu gosto de comer. E por isso, já estou quase nos 120 Kg. Pra piorar, meus exames de colesterol deram resultados surpreendentemente positivos, o que me anima mais ainda a continuar sendo um bom garfo!


Cláudia,

Essa gente é especialista em fazer pose de bom moço.


Meg,

Estarei em BH da próxima terça-feira, dia 06. Vou cobrar este convite.


Andrea,

Já ouvi falar nesta torta, mas nunca a provei. Gosto tanto da moqueca e vou tão pouco pra Vitória que nunca me atrevo a ficar fora do trivial.

Maria Ribeiro disse...

Arnaldo, como não localizei um e-mail para contato, informo por aqui que a foto da moqueca utilizada neste post é de autoria do fotógrafo Humberto Capai e que tem seus direitos autorais administrados pela Usina de Imagem.
Não há necessidade de removê-la de seu post uma vez que não há fins comerciais no mesmo, mas solicitamos que seja dado o devido crédito logo abaixo da imagem - foto: Humberto Capai/Usina de Imagem.

Atenciosamente,
Maria Ribeiro.
maria@usinadeimagem.com.br