Assisti, ontem à noite, no canal TV Brasil, um trecho do programa O Som do Vinil, apresentado por Charles Gavin, baterista dos Titãs. O programa tem uma proposta pra lá de interessante. Escolhido um disco, ele é dissecado em cada uma das faixas, contada a história de cada música, através de entrevistas com cantores, compositores e músicos que participaram daquela gravação. É entrevistado, até mesmo, o artista que foi responsável pela capa. No programa de ontem, o disco escolhido foi o Clube da Esquina. E no programa, desfilaram depoimentos de toda a turma: Milton Nascimento, Lô Borges, Wagner Tiso, Fernando Brant, Márcio Borges e Toninho Horta entre muitos outros. Assisti o programa com muito prazer. Com prazer e nostalgia. Saudade de um tempo, eu pré adolescente, em que essas bolachonas pretas eram meus únicos objetos de desejo e destino de todo e qualquer dinheiro que caísse em minhas mãos.
O programa e o disco de ontem me fizeram pensar nos primeiros discos que fizeram minha cabeça:
Agora – Ivan Lins
Foi o primeiro disco que comprei. Eu tinha uns 11 ou 12 anos de idade. E durante um bom tempo, foi o único disco que eu tive. Mesmo depois que minha irmã, por descuido, deixou-o cair no chão da sala, quebrando-o e provocando uma cratera parecida com uma mordida, que comia a primeira faixa e a metade da segunda, de cada lado. Embora triste, não deixei de ouvi-lo, sempre a partir do meio da segunda faixa de cada lado. Era uma época em que eu estava vidrado num programa de TV chamado Som Livre Exportação, onde um bando de jovens desconhecidos como Ivan Lins, Gonzaguinha e Aldir Blanc, produziam um som absolutamente revolucionário, pra mim. Fui gostando, com o passar do tempo, cada vez menos de Ivan Lins. Muitos anos depois, quando este disco saiu em CD, comprei-o excitado. Não achei quase nenhuma graça.
O programa e o disco de ontem me fizeram pensar nos primeiros discos que fizeram minha cabeça:
Agora – Ivan Lins
Foi o primeiro disco que comprei. Eu tinha uns 11 ou 12 anos de idade. E durante um bom tempo, foi o único disco que eu tive. Mesmo depois que minha irmã, por descuido, deixou-o cair no chão da sala, quebrando-o e provocando uma cratera parecida com uma mordida, que comia a primeira faixa e a metade da segunda, de cada lado. Embora triste, não deixei de ouvi-lo, sempre a partir do meio da segunda faixa de cada lado. Era uma época em que eu estava vidrado num programa de TV chamado Som Livre Exportação, onde um bando de jovens desconhecidos como Ivan Lins, Gonzaguinha e Aldir Blanc, produziam um som absolutamente revolucionário, pra mim. Fui gostando, com o passar do tempo, cada vez menos de Ivan Lins. Muitos anos depois, quando este disco saiu em CD, comprei-o excitado. Não achei quase nenhuma graça.
1962-1966 e 1967-1970 - The Beatles
Com estes dois álbuns duplos, duas coletâneas, tive meu primeiro contato com os Beatles, por quem ficaria fanático e de quem nunca tinha ouvido falar antes do grupo terminar. O mais engraçado é que fui me interessar pelos Beatles apenas depois de ter conhecido o som de John Lennon.
Com estes dois álbuns duplos, duas coletâneas, tive meu primeiro contato com os Beatles, por quem ficaria fanático e de quem nunca tinha ouvido falar antes do grupo terminar. O mais engraçado é que fui me interessar pelos Beatles apenas depois de ter conhecido o som de John Lennon.
Imagine - John Lennon
Não estou bem certo, mas acho que foi o segundo disco que comprei. Usei o dinheiro que ganhei no dia da criança. Foi difícil convencer meu pai a me dar dinheiro, ao invés de um brinquedo, como presente. Além do disco, cujas faixas eu ouvia como um viciado, eu era fissurado por um enorme pôster que acompanhava o encarte, com John Lennon, todo de preto, tocando um piano branco, numa sala branca. Muitos discos, nesta época, vinham com pôsters excelentes. Excelentes e grandes, coisa impensável na era do CD.
Meu interesse pelos Beatles nunca provocou minha curiosidade pelos Stones. Deles, só tive dois discos e só este tocou mais em minha vitrola, sobretudo a faixa Angie. Sempre fiquei com a sensação de que explorei pouco os discos deste grupo. Mas, a falta de curiosidade naquela época, foi, pouco a pouco, e sempre, aumentando.
To whom it may concern – Bee Gees
Com essa idade, o que rolava na rádio que eu ouvia era mesmo a Música Pop americana. E entre os muitos grupos que eu gostava de ouvir estavam os Bee Gees. Gostava dos arranjos vocais. Durou pouco esta fase. Quando eu comecei a descobrir a MPB fui me desinteressando por eles e a sua guinada na direção do som da discoteca sepultou de vez meu interesse.
Com essa idade, o que rolava na rádio que eu ouvia era mesmo a Música Pop americana. E entre os muitos grupos que eu gostava de ouvir estavam os Bee Gees. Gostava dos arranjos vocais. Durou pouco esta fase. Quando eu comecei a descobrir a MPB fui me desinteressando por eles e a sua guinada na direção do som da discoteca sepultou de vez meu interesse.
Caetano e Chico – Juntos e ao vivo
Foi o primeiro disco de MPB que me fez vibrar. Foi através dele que eu descobri o que acontecia no país. A ditadura, a resistência. Foi gravado num momento muito tenso do regime militar. Cheio de cortes e remendos, obra da censura.
Clube da esquina – Milton Nascimento e Lô Borges
Foi o disco que me mostrou que havia uma música muito moderna e diferente sendo produzida no Brasil. Não era samba, não era bossa nova, não era pop e era tudo isso ao mesmo tempo. Arranjos magníficos. Muita inventividade, muita coragem. O disco cheirava liberdade criativa.
Foi o disco que me mostrou que havia uma música muito moderna e diferente sendo produzida no Brasil. Não era samba, não era bossa nova, não era pop e era tudo isso ao mesmo tempo. Arranjos magníficos. Muita inventividade, muita coragem. O disco cheirava liberdade criativa.
Falso Brilhante – Elis Regina
A importância deste disco, pra mim, está ligada ao show de mesmo nome. Foi o primeiro que eu fui e o que me causou mais impacto, entre todos que eu vi. Era a primeira vez que eu entrava num teatro e a primeira vez que prestava atenção em Elis Regina. Depois disso, nunca mais tirei os olhos (e os ouvidos) dela.
A importância deste disco, pra mim, está ligada ao show de mesmo nome. Foi o primeiro que eu fui e o que me causou mais impacto, entre todos que eu vi. Era a primeira vez que eu entrava num teatro e a primeira vez que prestava atenção em Elis Regina. Depois disso, nunca mais tirei os olhos (e os ouvidos) dela.
Refavela – Gilberto Gil
Outro disco ligado a um show inesquecível. Foi em São Bernardo, uma fila imensa, com Gil chegando super atrasado. Pra compensar, ele fez um show que não terminava nunca. Fui embora antes do fim. Tinha que tomar o último ônibus. Foi este disco que me despertou para o som da áfrica e abriu meus ouvidos para o Reagee.
Outro disco ligado a um show inesquecível. Foi em São Bernardo, uma fila imensa, com Gil chegando super atrasado. Pra compensar, ele fez um show que não terminava nunca. Fui embora antes do fim. Tinha que tomar o último ônibus. Foi este disco que me despertou para o som da áfrica e abriu meus ouvidos para o Reagee.
Moleque – Gonzaguinha
Provavelmente, o último disco de Gonzaguinha que eu gostei e o primeiro que comprei. Todos os anteriores são muito bons, mas só fui comprar muito depois, já no formato de CD. O discos que vieram posteriormente, foram piorando e, mesmo assim, comprei muitos deles. Foram piorando aos poucos, até chegar naquela babação de explode coração. Aí, tive que parar.
Provavelmente, o último disco de Gonzaguinha que eu gostei e o primeiro que comprei. Todos os anteriores são muito bons, mas só fui comprar muito depois, já no formato de CD. O discos que vieram posteriormente, foram piorando e, mesmo assim, comprei muitos deles. Foram piorando aos poucos, até chegar naquela babação de explode coração. Aí, tive que parar.
Comecei a escrever este texto sem ter em mente sobre quais discos falaria. Eles foram pintando na minha memória naturalmente. Só agora percebo que é uma insanidade tentar fazer alguma lista. Se eu ficar mais um tempo pensando, surgirão outros dez, outros cem, outros mil discos que fizeram e ainda fazem a minha cabeça. Só agora, escrevendo este parágrafo, me lembrei de João Gilberto, MPB4, Paulinho da Viola, Maria Bethânia e tantos outros que produziram discos que me deixaram em outra órbita. Tenho saudades do vinil.
5 comentários:
Esse disco do Ivan Lins eu tenho! Nostalgia pura! Se bem que, na minha lista, eu colocaria outro disco da fase barbada do Ivan: "Modo Livre", simplesmente um discaço!
Impossível fazer listas de discos, principalmente pra gente como nós, que gostamos de tanta coisa! Faltou citar "Alucinação", do Belchior, e "Afro-sambas", de Baden e Vinicius.
Opa, olha lá eu metendo o bedelho em lista alheia!
Pois é, Bruno. Não dá mesmo pra fazer liste. Fui colocando o que me veio à mente. Se tivesse feito o post meia hora antes, a lista seria outra. Se fizesse agora, uma outra ainda. E faltou tanta coisa...
Na verdade, não faltou nada. Tá tudo aqui, do meu lado. Me sufocando de tanta vontade de ouvir. Ouvir tudo!
Arnaldo,
Lista de primeira,bom gosto musical
"IMAGINE" é pura magia.
Bjs
este vinil Chico e Caetano é demais!
bela lista :)
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