Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Teimosia

Tenho tremenda má vontade com a atriz Audrey Tatou. Na verdade, não gostei da maioria dos filmes que ela fez e naqueles que gostei, desgostei de seu desempenho. Cabe aqui uma exceção, o filme Bem me quer, mal me quer, que achei interessante. Especialmente, detestei O Fabuloso destino de Amelie Poulain, filme incompreensivelmente incensado por todos e que tornou a atriz conhecida fora da França.

Por isso, era de se esperar que eu odiasse o filme Coco antes de Chanel, sobretudo por tratar da vida de alguém que alcançou enorme notoriedade no mundo da moda, um dos assuntos pelos quais tenho mais desprezo na vida. De fato, dou um valor exageradamente pequeno a este tema.

Teimosamente, fui ver o filme mesmo assim. Surpreendentemente, gostei dele. Gostei do filme e do trabalho da atriz. Primeiramente, por não tratar quase nada de moda. E no que tratou, foi para mostrar o quanto revolucionária foi esta mulher. Nem todas as revoluções são feitas para libertar. A dela foi. Foi feita para libertar as mulheres dos espartilhos, dos penduricalhos, dos balangandãs exagerados. Sua revolução deu dignidade às mulheres.

O que mais me interessou no filme foi ver a vida sofrida na Europa do início do século XX, com sua elite desprezível e preconceituosa, sobretudo na França, a mesma coisa que já mostrou o filme Piaf – Um hino ao amor, do qual já falei por aqui. E se em Piaf a vida era sufocante, em Coco antes de Chanel, o que chama a atenção é a falta de esperança, falta de esperança no amor, sobretudo. A fase áurea de Coco Chanel, no filme, não é mostrada. Por sorte. Eu teria muito tédio em assistir a um filme que falasse de moda.

2 comentários:

Romanzeira disse...

Olha, eu concordo que a crítica realmente hiperbolisa o talento da Audrey Tatou, bem como "O fabuloso destino...". Mas dizer que é um filme horrivel, é exagero tambem.
Amelie Poulain e apenas um filme que fala sobre a solidão e o medo de se abrir para o mundo e para novas experiencias, o curioso é que quem tem esse medo é uma jovem, e não alguém de meia idade como é de se esperar. O diretor criou um universo de exageros, coinsidencias e desencontros, para narrar a historia de uma jovem solitária.
Está longe de ser um cult, mas também não é horrivel.
Já Piaf, foi fantásticos, talvez o melhor filme biográfico que assisti, e gostei exatamente do que vc classificou como ponto fraco do filme, a ausencia de sequencia cronologica.
O filme começa com Piaf doente, em seus ultimos momentos de vida. Então sua tragetória é contada através de seus ultimos flashes de memória, por isso algumas coisas ficam inexplicadas como o fato dela ter tido uma filha - algo que aparece numa das ultimas cenas, quando ela delira, e não dá pra saber se foi verdade, ou era apenas um delírio.
Me arrepio so de pensar nesse filme. Foi um dos mais bonitos que ja assisti.
Também escrevi sobre ele: http://pessoasetempo.blogspot.com/2009/09/piaf_23.html

Romanzeira disse...

Oi, ARnaldo! Ontem assisti esse filme. Realmente é muito, muito bom, e a grande sacada foi exatamente não explorar o mito Coco Chanel, sua fase áurea. Falar da glória e glamour seria chover no molhado, e contar mais uma história de superação - a "pequena órfã" que passa por poucas e boas até tornár-se "alguém". Contar a historia de Coco antes de tornar-se uma celebridade é uma forma de humanizar o mito, mostrar o ser humano por tras do personagem. Muito bom!
(Mas Piaf ainda é melhor! rs...)