Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sexo tratado com beleza e elegância

Para minha surpresa, no fim de semana passado, havia mais de 5 filmes em exibição em Campinas que me interessavam assistir. Escolhemos um para o sábado e outro para o domingo. O critério da escolha obedeceu, exclusivamente, à questão do horário, mas, outra surpresa, resultou em 2 filmes com muitas coisas em comum. Ambos eram falados em francês, os dois tratavam de experimentações da adolescência, tinham atrizes belíssimas e, principalmente, a temática central era o sexo. Mais do que isso, nos dois casos, tratavam de sexo não convencional, ao menos na visão da maioria das pessoas.
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Jovem e bela é um filme de François Ozon cuja personagem se inicia na prostituição aos 17 anos. Sua motivação não é a necessidade de dinheiro, que ela acumula sem gastar um centavo. Tampouco é a libido que lhe motiva, já que o que a impele é menos a expectativa do prazer que possa experimentar com cada cliente e mais a ansiedade provocada pelo desconhecido, previamente, a cada encontro. Apesar da nudez da atriz Marine Vacth, de 23 anos, de extrema beleza, o que mais me seduziu no filme não foram as cenas de sexo e sim o comportamento da personagem, principalmente no que se refere ao seu relacionamento com as outras pessoas. A personagem era tão inexpressiva que fica a grande dúvida se esta é uma característica própria da atriz ou se ela é tão competente em seu ofício, que sua capacidade de convencimento seja extrema. Seja qual for a razão, a escolha de Marine Vacth foi muito acertada.
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O filme do domingo foi Azul é a cor mais quente, dirigido por Abdellatif Kechiche, que trata da relação entre uma adolescente e uma estudante de artes plásticas, alguns anos mais velha. Vencedor da Palma de Ouro deste ano, o filme foi lançado no Brasil na esteira de algumas polêmicas, entre as quais, a acusação de tirania, imputada ao diretor, devido ao seu nível de exigência nas filmagens. Outros dois aspectos, muito comentados na mídia, são a duração de 3 horas, bastante acima do convencional, e uma cena de sexo entre as duas, de mais de 7 minutos, feita com extremo realismo. Reconheço que a cena é, realmente, de tirar o fôlego, muito menos pela excitação que possa causar no expectador e mais devivo a um certo desconforto que a cena realmente provoca. O filme, entretanto, longe de ser uma obra erótica ou pornográfica, trata do quanto é complicado lidar com a questão das relações amorosas nesta época da vida de qualquer um. Desta forma, o fato desta relação acontecer entre pessoas do mesmo sexo acaba tendo uma importância secundária. Outro ponto a se ressaltar é a estonteante beleza da atriz Adèle Exarchopoulos, de 19 anos, que nos é insessantemente mostrada na tela, o tempo todo. É, realmente, uma overdose de beleza.
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A conclusão do fim de semana é que é possível fazer filmes sobre sexo (e não de sexo), com beleza e elegância e, ainda, nos provocar reflexões profundas.

5 comentários:

Vivien Morgato : disse...

Tenho ouvido muito sobre o Azul. Vou ver, mas agora ando com uma irritação em relação a esses diretores tirânicos.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Pois é, Vivien. Na verdade, só li algumas coisas sobre o filme um pouco antes de ir assistí-lo. De qualquer forma, gostei do filme.

Larissa disse...

Indo um pouco nessa linha: você vai ver o novo do Lars, Nymphomaniac? Estou super ansiosa!

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Certamente, Larissa, mas nem sei se já estreou no Brasil. Aí na Espanha já está passando?

Larissa disse...

Aqui estreia dia 25, no Natal, rs! Acho que aí tb!