Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 6 de maio de 2007

A verdadeira magia

Quando eu era garoto, um dos programas que fazia mais sucesso na TV era A feiticeira. Eu me divertia com as trapalhadas da tia Clara e com a maldade da Endora. O marido tentando ser politicamente correto, apesar de meio frouxo, sempre abrindo as pernas para o chefe, um cara meio sem caráter. É engraçado perceber, pensando com a cabeça de hoje, como tudo naquele seriado era mais brando do que a vida real. As mutretas do chefe eram brandas, as sacanagens com a vizinha bisbilhoteira eram brandas, até as maldades da Endora eram brandas. Aliás, todo mundo, em todas as séries de TV daquela época era meio assexuado. Não tinha espaço para o tesão. Nem na Feiticeira, nem na Jeannie é um Gênio, nem na Terra de Gigantes. E todas as séries tinham umas meninas com saias curtinhas e as pernocas de fora. Até na família Robson, do Perdidos no Espaço. Mas isso não era suficiente pra estimular a libido de nenhum dos personagens masculinos. Confesso que eu tinha um tesão reprimido pela Elizabeth Montgomery, mas só quando ela estava fazendo o papel da Serena, a prima sacana da Samantha, enquanto esta, nunca me despertou o menor interesse.

Fiquei sabendo que fizeram um filme, uns dois anos atrás, uma espécie de refilmagem da série. Não dei muita importância pra isso. Essas coisas não costumam dar muito certo. Pois, essa semana, num momento de bobeira, zapeando os canais da TV, começo a ver o filme. No papel de Samantha estava a Nicole Kidman, um pouco cheinha, com uma bunda e uns peitos que eu nunca tinha visto. Reconheço que estava bem bonita. O ator que fazia seu marido, Will Ferrell, não me diz nada. Fez algumas bobagens por aí.

O filme ia em banho-maria quando aconteceu, finalmente, um momento de magia. Foi quando, numa cena, sem nenhum encanto especial, entra uma música cantada por Frank Sinatra. Isso bastou pra eu me interessar. E até comentei com a Clélia, que colocar uma música com Frank Sinatra era um artifício muito utilizado pelos diretores e que sempre dava certo. E na verdade, essa foi a única coisa boa no filme, que tinha, aliás, uma trilha sonora interessante, com Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Bing Crosby e Natalie Cole, no meio de algumas bobagens. Mas Sinatra é único. E apesar de qualquer coisa sobre seu caráter, do eventual envolvimento com a máfia, enfim, nada disso abala minha convicção de que ele foi o maior cantor americano de todos os tempos. Sua voz límpida, sua dicção perfeita, sua excelente noção de ritmo e divisão sempre me encantaram. E quanto mais ele envelhecia, mais sua voz me agradava. Seja cantando Cole Porter, seja cantando Tom Jobim, Sinatra sempre me emocionou.

E sobre o filme eu não posso falar mais nada, pois dormi, na metade.

5 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

*



a serena era ruiva e tinha fogo no rabo.
tava sempre querendo comer o marido da samantha.
realmente, era os raros momentos de tesão permitidos.




*

Beatriz Fontes disse...

Aprendi a gostar de Frank Sinatra com minha avó, que faleceu no ano passado. Ela era uma apaixonada... Tocava piano como ninguém, de ouvido. Sabia todas as letras de cor. Herdei todos os seus discos, inclusive os de Sinatra.

Agora, eu quase me chamei Tábata, acredita?

Beatriz Fontes disse...

Witchcraft

Those fingers in my hair
That sly come hither stare
That strips my conscience bare
Its witchcraft

And Ive got no defense for it
The heat is too intense for it
What good would common sense for it do

cause its witchcraft, wicked witchcraft
And although, I know, its strictly taboo

When you arouse the need in me
My heart says yes indeed in me
Proceed with what your leading me to

Its such an ancient pitch
But one I wouldnt switch
cause theres no nicer witch than you

Diego Moreira disse...

Sempre achei a feiticeira um espetáculo...

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Pois é, Sean, a Serena era bem vagabunda, bem biscate. E acho que era isso que me seduzia nela, mesmo com tenros 11 anos de idade!

Bia, adorava esse nome. Tábata. Ficava pensando que um monte de gente deveria colocar o nome de Tábata nas filhas. Mas isso não aconteceu. Nunca conheci nenhuma Tábata. E você? Ah! E obrigado pela letra de Witchcraft. Esses seus discos herdados da avó devem ser interessantíssimos. Fiquei curioso pra saber o que é que tem mais.

Pois é, Diego. como eu falei, eu gostava mais da Serena.